NUNCA ME SONHARAM RESENHA
Por: Gabriel Oliveira • 22/12/2022 • Resenha • 2.041 Palavras (9 Páginas) • 237 Visualizações
‘NUNCA ME SONHARAM’
Gabriel Oliveira¹
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo fazer uma breve análise comparativa do documentário
“Nunca me Sonharam” dirigido por Cacau Rhoden e tendo como o base o artigo ‘Novas
perceptivas sobre o sucesso e o fracasso escolar’, da autora Sandra Maria Saway. Esta não é
apenas uma análise pura e limitada do documentário, mas uma tentativa de traduzir a realidade
mais ampla da educação pública no Brasil a partir dos conceitos e imagens cinematográficas de
texto que foi trabalhado em sala.
SINOPSE
Nunca me sonharam é um documentário dirigido por Cacau Rhidden, produzido em 2015
pelo grupo Maria Farinha Filmes. A obra traz, a partir de relatos e pontos de vistas de estudantes
e docentes do ensino médio, os desafios e problemas da educação pública brasileira. Traz,
também, depoimentos de adolescentes sobre os seus sonhos e angústias em torno de suas lutas
diárias e a força da educação em suas vidas, com o principal argumento sobre a questão das
desigualdades no País. De modo que cada narrativa serve como uma ponte para a análise do
tema. Os depoimentos foram coletados com estudantes no percurso de 9 estados.
PROFESSORES, FRACASSO E SUCESSO ESCOLAR
É inegável que a escola desempenha um papel importante na vida de quem tem a
oportunidade de frequentá-la. Como os participantes do documentário relataram, "a
adolescência é o momento mais difícil da vida, e também é o mais memorável". Nesta fase,
emerge a descoberta, a identificação com os pares e o conflito com o próprio desenvolvimento.
O ambiente escolar é um dos mais destacados na vida desses sujeitos e complementa o currículo
da vida adulta. Devem ser refletidas e propostas formas de melhorar, solucionar problemas, ser
dignificados e elevar o nível de qualidade neste ambiente, que proporcione e facilite o caminho
a seguir e apresente as experiências que moldarão toda a vida do jovem estudante.
A defesa da meritocracia que ainda hoje existe nada mais é do que um discurso
ideológico que legitima e perpetua as diferenças de oportunidade. É ingênuo e ignorante pensar
que nossa sociedade distribui oportunidades justas e que todos partem do mesmo nível
socioeconômico-cultural para alcançar seus próprios méritos. O sistema de educação e
distribuição de renda não prioriza que todos tenham pelo menos oportunidades semelhantes,
então, na realidade, todos têm pelo menos um ponto de partida próximo. A realidade social do
nosso país contraria isso. Cada vez mais, e as proporções parecem ter se reforçado, a
desigualdade cresceu e o caminho para o sucesso, que é um direito humano, tornou-se mais
difícil e cheio de obstáculos.
O documentário de 2017 "Nunca Me Sonharam" oferece uma visão credível e
diversificada da realidade da educação básica no Brasil em termos de educação pública.
Reunindo depoimentos de alunos, professores e gestores escolares de pelo menos quatro regiões
do país, o filme apresenta uma narrativa múltipla que expõe uma questão histórica complexa e
multifacetada. Enquanto as informações a serem retratadas são editadas e curadas, a direção
revela honestamente o panorama geral da escola pública. Relatos mostram desafios
semelhantes, muitas vezes em uníssono, apesar de depoimentos de jovens e profissionais em
localidades geograficamente opostas, com extremos culturais.
A realidade social do nosso país vai à contramão disso. Cada vez mais, e em
proporções que parecem se potencializar, as desigualdades ficam maiores e o caminho ao
sucesso, que é direito humano, se torna mais árduo e cheio de obstáculos. Criam-se
políticas públicas – de cotas, por exemplo – na intenção de que se solucionem estes
problemas, mas a efetividade é mínima (no que concerne a profundidade do tema da
desigualdade social). As cotas servem mais como pagamento de uma dívida histórica e
como uma provocação para que se discutam os espaços de pretas e pretos, pobres, travestis
e transexuais, indígenas, e tantas outras parcelas marginalizadas. Uma discussão necessária
e legítima.
Ao estado não cabe cercear que as juventudes tenham sonhos e almejem alcançar
seus objetivos, mesmo que utópicos. Aliás, a utopia serve como mola propulsora, como um
impulso a buscar cada vez mais aonde se quer chegar. E é papel também das políticas
públicas que se criem possibilidades de visões de futuro a estes adolescentes estudantes,
de projetos de vida e aportes para que se vivenciem o presente, de forma a agregar na sua
construção escolar e educacional. É dever do Estado que se crie espaços e condições para
tais sonhos. A escola, como ambiente físico, geradora de conexões sociais e instituição,
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