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O CICLISMO UTILITÁRIO E MOBILIDADE URBANA EM UBERLÂNDIA

Por:   •  16/2/2022  •  Trabalho acadêmico  •  937 Palavras (4 Páginas)  •  144 Visualizações

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SEMINÁRIO

 “CICLISMO UTILITÁRIO E MOBILIDADE URBANA EM UBERLÂNDIA”.

           

Buscando compreender formas alternativas de mobilidade urbana, debruçamos sobre a opção do ciclismo utilitário enquanto possibilidade de locomoção pelo espaço urbano. Alinhada a esta questão trouxemos a problemática que envolve a própria constituição de um sistema cicloviário para a cidade de Uberlândia.

Tendo como base conceitual a bibliografia utilizada no decorrer da disciplina, tem-se a priori a ideia de como é construído o sistema viário urbano, bem como a quem privilegia. Para tanto se faz necessário citar aqui o conceito de transporte enquanto “ritmo diário da vida” (HOYLE, 2001). Por conseguinte entender que a utilização do modal rodoviário não deu de forma aleatória, muito menos casual. Ele deve sim a toda uma complexa relação entre interesses privados, configurados enquanto lobbys atuando ativamente dentro da estrutura pública.

Tendo como uma visão acerca da dimensão macro do trânsito urbano, visto que os padrões de deslocamento nas cidades brasileiras variam conforme o tamanho das cidades, condições econômicas e sociais específicas, a cidade de Uberlândia privilegia o transporte de veículos particulares, em detrimento de um transporte público de qualidade. Pois grande parte da estrutura da secretaria busca atuar, na minimização dos conflitos produzidos no trânsito urbano.

Segundo VASCONCELOS (2005):

“a circulação ocorre em um espaço físico de conflito que precisa ser distribuído dentre os que desejam utiliza-lo. Existe uma natureza política dos conflitos de trânsito. Assim podemos colocar a existência de dois tipos de conflitos de circulação: o físico de dois corpos tentando ocupar um espaço em comum ao mesmo tempo; e o político representando os interesses e necessidades de diferentes papéis dentro da sociedade.”

Conflitos estes provenientes da massificação do transporte individual e particular, apresentando de forma estrutural, uma vez que este tipo de transporte necessita de grandes espaços nas vias públicas, para seu tráfego.

É preciso compreender que o trânsito é uma atividade coletiva, mesmo quando deslocamos individualmente. Assim nossas ações refletem no corpo estrutural e a fluidez do trânsito.

Esta percepção e sensibilização das pessoas sobre o trânsito, enquanto atividade coletiva vai de encontro ao que VASCONCELOS (2005) coloca sobre os deslocamentos diários, atestando que estes seguem certos padrões, demonstrando que o trânsito em sua composição humana não é homogêneo.

“devem levar em conta alguns fatores pessoais: idade, renda, escolaridade, gênero; fatores familiares: o estágio do ciclo da vida, posse de automóvel; fatores externos: a oferta do transporte público e seu custo, o custo de usar o automóvel, a localização dos destinos desejados, a hora de funcionamento dos destinos desejados.”

Visto como um meio alternativo de transporte urbano, a bicicleta vem despertando a atenção das gestões públicas, primeiramente devido aos sinais apresentados do esgotamento do modelo de transporte individual motorizado, principalmente nas grandes cidades. Modelo este que gera impactos negativos significativos como consumo de espaço viário e energia. Outro fator atrelado a esta questão é no âmbito do negativo nas vidas das pessoas, pois há uma geração de consequências negativas na vida e saúde das pessoas, causadas principalmente pela qualidade de seus deslocamentos.

Por conseguinte as bicicletas são colocadas como formas alternativas de transporte, perante o modelo de matriz energética fóssil. Este debate na atualidade esta ligado aos impactos ao meio ambiente, efeito estufa, consumo de recursos naturais renováveis / não renováveis / escassos.

No caso de Uberlândia o ciclismo utilitário não é pensado de forma séria. Pois gestão pública produz políticas públicas voltadas ao ciclismo enquanto prática esportiva, de recreação ou lazer.

Esta afirmação e calcada na análise que se faz da existência de áreas na cidade impenetráveis por usuários de bicicletas. Esta situação pode ser explicada pelo efeito barreira, que o trânsito de veículos automotores produz. Um possível exemplo é o centro de Uberlândia, que não possui estrutura para acolher os ciclistas utilitários. Há uma completa ausência de ciclovias ou ciclo faixas, nas ruas que compõem a malha viária do centro da cidade. Bem como da ausência de bicicletários em espaços públicos neste setor. Neste contexto as ciclovias existentes não são integradas como atesta a figura 01. Sendo que a principal ciclovia esta situada na Avenida Rondon Pacheco, ligando o setor leste ao oeste da cidade.

Devido a fatores culturais, histórico-sociais, e da própria dinâmica da constituição da cidade de Uberlândia, cria um contexto em que favorece a produção de locais inacessíveis ao transporte alternativo, formando verdadeiros redutos do transporte automotivo. Com isso na avaliação que se faz o próprio direito a cidade é questionada, pois não basta os indivíduos acessarem os lugares, deve-se garantir o direito da acessibilidade urbana.

Uma possível alternativa para romper estas áreas urbanas, "fechadas" para os ciclistas seria promover a criação de ciclo rotas (1) em um primeiro momento, como forma de garantir a segurança dos ciclistas (2). Como ciclo rotas entende-se como caminhos com sinalizações verticais e horizontais dando, a preferencia para os ciclistas. Diferentemente das ciclovias ou ciclo-faixas, as ciclo-rotas não tem separação física ou pintura continua. As ciclo-rotas em tese estaria amparado no artigo 29 da CTB (3). 

Em 1976 instala-se a primeira "ciclovia" no Brasil, na capital paulista (4). De lá para cá houve transformações significativas a respeito da locomoção por bicicletas, bem com formas de incentivo deste transporte, tendo como mote questionador o impacto negativo exercido pelos transportes que utilizam combustíveis fosseis junto ao meio ambiente. Contudo o debate é mais amplo é não pode findar somente a questão meramente ambiental, pois o investimento no modal cicloviário tem impactos significativos na própria urbanização das cidades brasileiras, que desenvolveram ao longo da história reféns do transporte rodoviário particular.

[pic 1]

Figura 1

Fonte: https://www.cidadefutura.net.br/mobilidadeurbana/mapa-das-ciclovias-e-ciclofaixas-de-uberlandia/

NOTAS:

  1. - http://movimentoconviva.com.br/entenda-as-diferencas-entre-ciclofaixa-de-lazer-e-ciclovias/
  2. - https://www.ctbdigital.com.br/artigo/art29 
  3. - http://www.onsv.org.br/o-transporte-cicloviario-cenario-desafios-e-seguranca/
  4. - https://sao-paulo.estadao.com.br/blogs/edison-veiga/nos-anos-1970-a-primeira-ciclovia/

 

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