O Espaço do Geógrafo Boletim Geográfico
Por: Daniel Silva • 27/4/2022 • Resenha • 789 Palavras (4 Páginas) • 203 Visualizações
ISNARD, H. O espaço do geógrafo. Boletim Geográfico, Rio de Janeiro v. 258-259, p. 5-16, jul-dez, 1978.
O artigo tem o objetivo de contribuir para as discussões acerca do espaço para a Geografia. Para isso, o autor divide seu texto em quatro partes: gênese, definição, estrutura e as relações no espaço geográfico, ao mesmo tempo que faz várias ilustrações sobre como alguns povos se organizaram e transformaram o espaço onde viviam para demonstrar os conceitos desenvolvidos pelo autor.
Na primeira parte, Isnardi começa por segregar o tratamento do espaço para a Geografia em relação às outras áreas da ciência, evidenciando que essa separação acontece pelo objeto de estudo geográfico: a transformação do espaço pelo ser humano.
Ao tratar da gênese, conseguimos observar em Isnardi como surgiu a necessidade de transformação do espaço e por quais motivos essa organização foi observada, seja através da tentativa e erro ou se seguiu determinado objetivo projetado, mesmo que ao longo de séculos. O autor também observa que a organização do espaço passou a ser designada para atender ao desenvolvimento humano, independentemente se as práticas empíricas revelam que tais ações não sejam adequadas.
De acordo com o autor, isso ocorreu principalmente conforme as sociedades ficaram mais complexas e tanto os meios como o objetivo de uso do espaço deixaram de ser devido à necessidade em função da intenção. No artigo é possível entender que cada povo inclui suas características e relações naquele espaço onde está instalado: nas sociedades mais modernas o espaço ganhou o perfil de mercadoria, podendo ser negociado, trocado e até mesmo ser remodelado para atender a determinado tipo de especulação.
Portanto, na definição do espaço geográfico, a primeira conclusão que pode ser tirada é que conforme a ação humana recai sobre um ambiente, ele vai se modificando até perder suas características naturais e as gerações futuras passam a herdar todas essas transformações. Neste sentido, Isnardi é bem claro ao expor que qualquer sociedade tem na organização do território como um dos seus principais objetivos, empregando todos os meios disponíveis naquele momento e a racionalidade do espaço passa a ser a mesma do povo que o ocupa. Sendo assim, o espaço geográfico se diferencia dos demais por ser o resultado de uma organização social, criado e recriado continuamente.
Neste sentido, o autor estabelece uma relação simbiótica entre o espaço geográfico e a sociedade que nele habita, na qual o primeiro determina vários aspectos no modo de vida do último, seja no tipo de moradia, ou nos meios de produção, os tipos de atividade econômica que se desenvolvem ou formas das pessoas se comunicarem, ao mesmo tempo, esse tipo de povoamento vai alterando as características daquele lugar.
Por mais que exista essa relação harmoniosa entre o espaço geográfico e o ser humano, Isnardi também alerta as possibilidades de crises, que é quando uma das partes fica degradada em relação à outra, como no caso do aumento da densidade populacional, que termina por deteriorar a capacidade produtiva daquele espaço, principalmente pela superexploração dos seus recursos.
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