O Mito da Natureza Intocada
Por: Nataline Coutinho Lopes • 10/2/2024 • Resenha • 770 Palavras (4 Páginas) • 110 Visualizações
No livro O mito da natureza intocada, em seus capítulos 8, intitulado Parques nacionais e a conservação do Brasil, e 9 O surgimento da Preocupação com as populações tradicionais no Brasil, o autor Antonio Carlos Diegues aborda as relações entre o indivíduo e a natureza e o contexto histórico em que são criados parques e ilhas que preservam a paisagem natural para que a natureza possa ser contemplada em toda sua exuberância e o papel das culturas e povos tradicionais no Brasil.
A princípio, tem-se a contextualização histórica, desde seu descobrimento o Brasil sempre foi retratado como o paraíso perdido, um lugar de clima agradável e grande biodiversidade. No entanto, a tendência dos portugueses sempre foi de explorar as riquezas desse local e transporta-las para seu país de origem. Com ciclos de cultivo do açúcar e depois do café, houve grande devastação das florestas e as primeiras medidas de contenção desse desmatamento se deu por Cartas Régias da Coroa Portuguesa, que já possuía informações sobre os efeitos adversos para o solo e fertilidade que a falta de floresta trazia.
Com isso, algumas iniciativas de preservação da natureza e criação de parques surgiram. No mesmo ano em que a constituição de 1937 endossa como dever da União proteger as belezas naturais, o primeiro parque nacional foi criado em Itatiaia, e tinha por objetivo fornecer espaço para pesquisas e lazer para as pessoas. No entanto, não havia uma atenção especial as pessoas que já habitam esses locais, por mais que a intenção seja conter o processo de estabelecimento e modificação da natureza pelo homem, os povos tradicionais como indígenas por exemplo que vivem em equilíbrio são completamente desconsiderados.
Do mesmo modo, constata-se que desde 1937 até hoje apenas as reservas extrativistas levam em conta de forma integral, contemplando as necessidades e favorecendo a permanência de populações tradicionais, sendo definida como uma área natural ou pouco alterada, ocupada por grupos sociais que usam como fonte de sobrevivência a coleta de produtos da flora nativa ou a pesca artesanal e que realizem segundo as formas de economia sustentável e sob legislação específica.
A preocupação com as populações tradicionais é recente, os ditos puramente preservacionistas acreditam que o correto é remover as pessoas do local de origem para criação de parques e reservas ambientais completamente inalteradas pelo homem, devendo ser a natureza selvagens ser intocável.
Pouco depois, nos anos 70, com o dito “milagre econômico” que ocorreu durante a ditadura militar, diversas iniciativas que objetivavam o lucro agrediram gravemente a natureza, tendo como objetivo atrair grandes indústrias para o Brasil mesmo que isso representasse a degradação ambiental.
Em contrapartida, em 1976 surge o Manifesto Ecológico Brasileiro: O fim do futuro. O ecologista Jose Luztemberger inicia o texto contrapondo o que significa progresso, nos termos da natureza, em que há evolução e equilíbrio dos ecossistemas ao passo que para o homem progresso é apenas a exploração desenfreada de recursos naturais colocando todo o sistema em risco, em seguida critica o desperdício e o consumismo, evidencia também que os indígenas muito antes da chegada do homem branco já havia estabelecido um equilíbrio com a natureza. Apesar de incompleto o manifesto avalia o modelo de desenvolvimento de países industrializados e como eles são dependentes da exploração de países subdesenvolvidos e teve importante papel nas lutas ecológicas de 70 e 80, denunciando inclusive a degradação ambiental, instalação de usinas nucleares e o militarismo.
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