O POVO E O SEU TERRITÓRIO
Por: Luciano Gabarrão • 29/8/2018 • Ensaio • 2.055 Palavras (9 Páginas) • 251 Visualizações
UNIVERIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
PROF:. DR. JEAN CARLOS RODRIGUES
DISCIPLINA: GEOGRAFIA POLÍTICA
ACADÊMICO: LUCIANO ALVES GABARRÃO SILVA
FICHAMENTO
MORAES, Antonio Carlos Robert. Ratzel: Geografia. ed. São Paulo: Editora Ática, 1990.
3. O POVO E O SEU TERRITÓRIO
§23. O território e a sociedade:
“Que o território seja necessário a existência do Estado é coisa óbvia. Exatamente porque não é possível conceber um Estado sem território e sem fronteiras é que vem se desenvolvendo rapidamente a geografia política...Tivemos ao contrário algumas teorias sociais em que não foi absolutamente considerado o ambiente físico; e em toda a sociologia moderna o território merece tão pouca consideração que as obras que tratam dele a fundo nos aparecem com as exceções. A maior parte dos sistemas e das teorias sociológicas considera o homem como separado da Terra... A sociedade está enraizada com muito mais profundidade no seu território e o modifica com menos facilidade. (p.73) ... No que se refere ao Estado, a geografia política já há muito tempo criou o hábito de mencionar ao lado da cifra da população também a superfície. Mas também os organismos que fazem parte da tribo, da comuna, da família, só podem ser concebidos junto com seu território. Sem isto é impossível compreender o incremento da potência e da solidez do Estado... O solo uma ligação mais ou menos durável... solo exerce a sua influência sobre os organismos e aqueles sobre este. Um povo decai quando sofre perdas territoriais. Ele pode decrescer em número mais ainda assim manter o território no qual se concentram seus recursos; da sua decadência futura”. (p.74)
§24. Moradia e alimentação:
“As relações entre sociedade e território continuam sendo sempre determinadas pelas suas necessidades de habitação e de alimentação... (p.74) Alimentação representa a necessidade mais imperiosa tanto para o indivíduo como para a sociedade, pois as obrigações que impõe tanto a essa quanto àquele precedem a todas as outras”. (p.75)
§25. O Estado e a proteção do território:
“Quanto mais sólido se torna o vínculo através do qual a alimentação e a moradia prendem ao território, tanto mais se impõe à sociedade a necessidade de manter a propriedade do seu território... o Estado protege o território contra as violências vinda de fora... A sociedade que consideramos, seja grande ou pequena, desejará sempre manter sobretudo a posse do território sobre o qual e graças ao qual ela vive. Quando essa sociedade se organiza com esse objetivo, ela se transforma em Estado”. (p.76)
§26. O território e a família:
“A família monogâmica é a associação que estabelece entre ela própria e o território a relação de dois simples, econômica e política ao mesmo tempo. Ela se compõe de dois cônjuges e da sua prole, que vivem numa habitação comum e desfrutam através da caça ou da agricultura em determinado território para extrair dele o alimento. Á medida que a família cresce, aumenta também a porção de território que ela necessita para o seu desfrute... (p.76) Só pode se realizar nos territórios onde o solo é muito produtivo, como ao longo dos rios abundantes em peixes... Esta família ou gen constitui por si própria o Estado”. (p.77)
§27. O território e o Estado:
“Quando mais gen se ligam entre si com objetivo de ataque ou de defesa, a nova unidade que se forma não é senão um Estado. Este suplementou assim primeiro a unidade econômica, depois a unidade das afinidades... é alcançada deste modo o estágio no qual o Estado apenas é capaz de um incremento territorial compacto... esta unidade vai crescendo gradativamente até alcançar a amplitude dos impérios mundiais... (p.77) O fenômeno pelo qual os povos se exaurem e desparecem quando entram em contato com outros povos que têm uma civilização mais avançada já foi muitas vezes objeto de exposições monográficas... Se a sociedade se apega mais firmemente ao solo através da agricultura, então ela imprime ao Estado características particulares, dependendo do modo como o terreno é repartido... Portanto como mesmo nos estágios mais avançados do desenvolvimento político se observa sempre a mesma subdivisão do trabalho entre sociedade, que usa o território para ter moradia e alimento, e o Estado, que garante através da força coletiva a proteção deste”. (p.79)
§28. O território e o progresso
“O território, sendo um fator constante em meio à variação dos acontecimentos humanos, representa em si e por si um elemento universal. É por isso que a sua importância na história foi primeiramente reconhecida através da filosofia... Não se propuseram... resolver problemas sociológicos ou geográficos... Mas pretenderam apenas compreender a missão e o futuro do homem estudando no seu ambiente físico... Observar como o ambiente físico foi tomado em pouca consideração no estudo dos acontecimentos históricos.... Sobre este território vemos claramente repetir-se o desenvolvimento das formas sócias e políticas, que tendem a ocupar espaços cada vez maiores... A nós bastará por isso, considerar a continua ampliação do campo dos acontecimentos históricos como forma essencial e ao mesmo tempo como força ativa na história do progresso humano... Valorização do elemento humano na história não pode ser obtida senão mediante o estudo das condições em meio as quais o homem realiza sua obra política... (p. 80) Na verdade o solo nos aparece como a causa mais profunda da sujeição humana, na medida em que permanece rígido, imóvel e imutável, abaixo das mutáveis disposições humanas, e se ergue dominador acima do homem toda vez que este ignora sua presença para adverti-lo severamente do que a raiz da vida está unicamente no solo. É ele que, duramente e sem nenhum critério de escolha, determina a cada povo o seu destino. Cada povo é obrigado a permanecer no solo que lhe foi destinado, a viver e acomodar-se nele. Do solo se alimenta o egoísmo da conduta política dos povos, obriga agir conforme impõem as condições do seu território”. (p.81)
4. ELEMENTO HUMANO NA GEOGRAFIA. HISTÓRIA E A GEOGRAFIA DO HOMEM
§29. Tarefas da geografia do homem e sua tríplice divisão:
“Geografia do homem representa também a difusão destes elementos diversos através de mapas das raças humanas, mapas etnográficos, mapas das línguas e mapas políticos...A descrição e a representação do estado de coisas antropogeográfico são uteis para muitos objetivos da vida, do aprendizado do trabalho cientifico; e, quando ambos se realizam, pode-se dizer que foram cumpridas muitas das tarefas práticas da geografia do homem... A segunda parte da sua tarefa, esta ciência ao examinar área de difusão de cada raça e cada povo, se colocará a questão: Como se formou esta área?” ... Na verdade ela se dará conta de que nenhum povo teve origem no mesmo solo em que habita então, e daí tirará a conclusão de que ele não poderia mesmo permanecer aí eternamente. Alguns povos se expandem e outros são expulsos... Quando a geografia se aproxima do exame destes fenômenos ela entra em contato com a história... As tarefas do terceiro grupo referem-se ao estudo das influências que a natureza exerce sobre o corpo e sobre o espírito dos indivíduos, e daí sobre os povos. Trata-se, portanto, essencialmente, de efeitos que se devem ao clima, à configuração do solo, aos produtos vegetais ou animais do território. Todos os fenômenos da natureza... Na verdade o exame destas influências compete mais à fisiologia e à psicologia do que à geografia”. (p.84)
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