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O que faz o brasil, Brasil?

Por:   •  17/8/2017  •  Resenha  •  1.509 Palavras (7 Páginas)  •  445 Visualizações

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Universidade Regional do Cariri – URCA
Centro de Humanidades – CH
Departamento de Geociências – DEGEO
Disciplina: Geografia da População – Noite
Professor: Rafael Brito
Aluna: Andressa Santos

RESENHA: O que faz o brasil, Brasil?

CRATO-CE
2016

RESENHA: O que faz o brasil, Brasil?

DAMATTA, Roberto. O que faz o brasil, Brasil?. Rio de Janeiro: Editora Rocco.

Como podemos saber o que nos faz brasileiros ou o que faz nosso país ser como é? A questão de identidade, ou mesmo de uma construção de identidade que tem a ver com a história desde o descobrimento do Brasil até os dias de hoje. E o autor Roberto DaMatta revela o Brasil, os brasileiros e sua cultura através de suas festas populares, manifestações religiosas, o carnaval, paradas militares, leis, regras, costumes e o modo de vida das pessoas.

O "Brasil" com o “B” maiúsculo do título significa que apenas o nome do país, procura expressar a cultura, o local geográfico, a fronteira e o território reconhecidos internacionalmente. Isso reflete na memória e a consciência de um lugar com o qual se tem uma ligação de efetividade, de um espaço vivido.

É a construção da miscigenação cultural, sendo a mistura de culturas e religiões, além da cor da pele misturada. É aquele jeito do brasileiro de nunca ter dinheiro para nada, mas estar sempre tomando uma cervejinha no domingo do futebol.

DaMatta fala também de um Brasil morto, que utiliza "brasil" com "b" minúsculo no título. Ele fala que isso mostra uma distinção entre o "brasil" representa uma alusão a um tipo de madeira de zxlei, a algo sem vida que não pode se reproduzir como sistema (feitorias, colônias) e o "Brasil" que designa um povo, uma nação, um conjunto de valores.

Na verdade o que se quer é saber como é que os dois "Brasis" se ligam entre si e como os dois formam uma realidade única que existe concretamente naquilo que chamamos de "pátria".

A construção de uma identidade social, como a construção de uma sociedade, é feita de afirmativas e de negativas diante de certas questões, pois o Brasil é o país da alegria e do povo que finge que não vê. É o país do rico que viaja para o exterior e do pobre que nunca saiu da favela. Ele não é o país que gostaríamos que fosse. Essa classificação permite construir uma identidade social moderna, de acordo com os critérios estabelecidos pelo Ocidente europeu, desde os tempos antigos.

Temos o nosso Brasil que vale a pena, aqui o que importa não é mais a vergonha do regime ou a inflação galopante e "sem vergonha", mas a comida deliciosa, a música envolvente, a saudade e os amigos. Tudo isso faz parte do Brasil como ele é. Somos um país emergente, que ao mesmo tempo que está cheio de problemas sociais, econômicos e políticos, consegue exercer sua alegria carnavalesca no dia-a-dia, vencendo todas as possibilidades e dificuldades que aparecem com o “jeitinho brasileiro”, o jeitinho "malandro" carioca, ou "metido" do sulista, "preguiçoso" do baiano, enfim, do jeitinho que nós brasileiros temos.

Da mesma forma, pensemos na cultura como característica predominante de um povo, e como o próprio DaMatta fala que a palavra cultura exprime ou mostra um estilo, um modo e um jeito, repito, de fazer coisas. Assim, essa coisa tem a ver com costumes, condutas, hábitos, família, política, festas.

Podemos comparar essa nação com uma moeda de duas faces, onde temos uma jogada pequena (brasil), e uma jogada do autoritarismo político e econômico (Brasil).

Ainda na mesma direção que DaMatta, podemos discutir os conceitos de casa, lar, rua e trabalho. Na casa estão presentes as mais íntimas relações familiares, pois é lá que cada um mostra o verdadeiro "eu", independente de como a família seja. A nossa casa é o nosso lar. O trabalho significa quando nos distanciamos da "segurança" do nosso lar, e no fim da jornada fica a vontade de voltar para aquele lugar que pode chamar de “meu”, pois é a “minha casa". A casa, a rua, o trabalho, são espaços em que podemos construir a nossa história.

Aqui falamos de um Brasil com "b" minúsculo, que ainda não se viu como sistema altamente hierarquizado, onde a posição de negros, índios e brancos está ainda, tragicamente, de acordo com a hierarquia das raças. Há atitudes que provém da colonização europeia. Assim, o preconceito velado é uma forma muito eficiente de discriminar pessoas "de cor", desde que elas fiquem no seu lugar e "saibam" qual é ele.

Infelizmente somos uma sociedade hierarquizada, entre o branco superior e o negro pobre e inferior, existe também uma série de critérios de classificação. Mas no nosso país temos a ideia de que há apenas três raças que formam a nação.

DaMatta, persegue a ideia de Sérgio Buarque de Holanda, para quem a mistura de raças era um modo de esconder as injustiças sociais contra o negro, índio e mulato, e a ideia de democracia racial não passava de um mito.

Outro aspecto apresentado pelo Brasil é sobre Comida e Mulheres, onde o autor distingue o que é "cru e cozido". O cozido permite a relação e a mistura de coisas do mundo que estavam separadas, já o cru é o oposto do mundo da casa, é como uma área cruel e dura do mundo social. Existe também a diferença entre comida e alimento, onde o primeiro (comida), é tudo aquilo que pode ser ingerido para manter uma pessoa viva, algo universal e geral. A comida é tudo aquilo que foi valorizado e escolhido dentre os alimentos. Já o cozido é algo social por definição. Não é somente o nome de um processo físico, o cozimento das coisas pelo fogo, mas, sobretudo, o nome de um prato sagrado dentro da nossa culinária.

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