O que faz o brasil, Brasil – Roberto DaMatta
Por: Sapandrade • 10/6/2015 • Resenha • 1.609 Palavras (7 Páginas) • 1.135 Visualizações
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
Campus VERGUEIRO
Sidnei Aparecido Andrade
RA: 415103697 – Sala 503 – mat.
ANTROPOLOGIA – Prof. MARGARIDA
DaMatta, Roberto – O que faz do brasil, Brasil, ed. ROCCO – 1984
RESUMO
O que faz o brasil, Brasil – Roberto DaMatta
No livro,O que faz o brasil, Brasil, alguns aspectos culturais de nosso povo são apresentados de maneira bem humorada e realista por Roberto DaMatta que estabelece seus parâmetros em situações, manias, atos presentes em nosso cotidiano e traduzem de maneira coerente quem realmente somos.
No primeiro capítulo há uma distinção entre o Brasil com inicial minúscula do Brasil com inicial maiúscula, segundo DaMatta há um pouco dele em cada um de nós, enquanto o brasil é tratado como um título, uma palavra, um pedaço de coisa sem nexo ou propósito, o Brasil tem uma cultura, território, ou seja, é uma nação. Nossa identidade se apresenta duplamente? Já que aceitamos ambas as considerações ? Com a ajuda da Antropologia Social, DaMatta irá buscar como compreender essa dupla personalidade e vai apresentá-la com todas as suas nuances.
Logo no segundo capítulo o autor abre a narrativa e envereda pela polêmica na discussão sobre a casa, a rua e o trabalho. Na casa estão presentes as mais intimas relações familiares, não importa como elas sejam, tendo teto e parede é o que vale. O homem ou mulher quando vão para o trabalho se deparam com o amigo da casa, a rua, no final da jornada fica a ansiedade de chegar nela, adentrar tomar aquele banho e ficar a vontade, pois essa é minha casa. A casa e rua são mais do que meros espaços geográficos, são modos de ler, explicar e falar do mundo, porque ai encontra historia e construção de vida. O trabalho faz parte da rotina, algumas pessoas se deslocam à pé, de trem, de carro para realizar suas tarefas cotidianas, e mergulham em seus mundos individuais que contém cada um a sua gama de personagens, situações, confrontos e dissidências. Para DaMatta o conceito da casa, residência é essencial, na casa há tranquilidade, calma, harmonia, na rua há luta, batalha, perigo, no trabalho tem concorrência, reclamação, chefe,etc... Esta dupla visão, esta luta diária e seu equilíbrio de forças é o que regula a existência do brasileiro.
No capítulo três, “a ilusão das relações raciais”, DaMatta analisa a mistura de das “raças”, que alguns autores abordam como um problema para construção da identidade nacional brasileira. Busca entender a posição de liderança do branco ocidental que se perpetua. A teoria racista via no mulato a degeneração das raças. Termo que Agassiz defende, conforme citação no livro:
“... Que qualquer um que duvida dos males dessa mistura de raças, e se inclina, por uma mal-entendida filantropia, a botar abaixo todas as barreiras que as separam, venha ao Brasil”.(p.40)
Em seguida, compara a relação racial entre Brasil e Estados Unidos, enquanto no Brasil não existe uma classificação formalizada como nos EUA, lá há várias divisões, por exemplo, há escola de negro e escola de branco, ônibus de negro e ônibus do branco, bairro do negro e bairro do branco, diferente do que acontece no Brasil. Este, admite a intermediação do mulato, lá não, aqui prevalece o triangulo racial, lá apenas as duas raças. Aqui, esta abrangência própria, por vezes cínica, gera um modo de ocultar as diferenças e injustiças sociais contra o negro, índio e mulato, e a ideia de democracia racial não passa de uma utopia, tanto aqui, quanto lá.
Sobre Comida e Mulheres DaMatta distingue o que é “cru e cozido”, enquanto o cozido permite a relação e a mistura de coisas do mundo que estavam separados, o cru é o oposto do mundo da casa, como uma área cruel e dura do mundo social. O primeiro trata de tudo aquilo que pode ser ingerido para manter uma pessoa viva, algo universal e geral, essencial para a existência de todos. Para DaMatta a comida define as pessoas, pois para o brasileiro a feijoada, o churrasco são antes de mais nada agentes facilitadores que ajudam na convivência social, ocasiões em que as pessoas se encontram, na rua, em casa, na firma, no clube na roda de pagode ou no bar. Associada à sexualidade também, esta forma de interpretar a mulher gerou uma característica machista de classificar o corpo feminino como algo que possa ser comido, como petisco saboroso, tendo em suas curvas a avaliação de uma carne suculenta, que pode ser admirada, desejada, apreciada, provada e digerida.
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