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Organização do espaço Geográfico mundial II

Por:   •  30/9/2015  •  Resenha  •  1.053 Palavras (5 Páginas)  •  274 Visualizações

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Resenha Crítica

Ao trabalharmos o processo de colonização das Américas, iremos abordar como a colonialidade foi um dos pilares que fundaram as ditas “terras virgens”, o que por sua vez, será esclarecido pelos autores Carlos Walter Porto Gonçalves no texto “ Entre América e Abya Yala – tensões de territorialidades” e no do autor Aníbal Quijano no texto chamado “ Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina”.

No início do texto o autor Porto-Gonçalves demonstra uma das tensões que são existentes no continente denominado de América pelos europeus e Abya Yala pelos povos originários que aqui viviam. Segundo ele, dar nome próprio é apropriar-se, ou seja, não são meras significações, mas sim, disputas pelo território.

Para ele, um dos pontos centrais é a descolonização do pensamento europeu. Por isso, Abya Yala torna-se de suma importância, uma vez que expressa uma oposição ao modelo moderno colonial de espoliação. Isso nos mostra que os povos originários que aqui viviam e que de certa forma foram dizimados/violentados, mas que, ainda resistem e lutam pela gestão do seu território, permanecem na luta por mudanças que sejam significativas e que atendam aos seus anseios e suas demandas.

Para o autor, o modelo gestado no período colonial permanece até os dias atuais, dessa forma, os fundamentos etnocêntricos estão engendrados e inculcados no pensamento das sociedades que aqui residem. Por isso descolonizar torna-se emergencial. Outro ponto a ser debatido e que o autor nos coloca é a racialização que a herança colonial nos deixou.

A criação da escravização racial e a divisão internacional do trabalho racial são criações deste projeto moderno colonial que perduram até os dias atuais. Como nos salienta Porto-Gonçalves a expressão indígena violenta veemente as populações que aqui residiam como os Kuna, Aymara, Terena dentre muitas outras populações. Esse processo de racialização nos coloca diante de uma homogeneização de pessoas com menos valor, ou seja, legitima o genocídio de milhares de populações autóctones ou originários como nos salienta o autor.

Grupos contrários e de oposição a esse modelo irão surgir por varias partes do continente Aby Yala, onde muitos reivindicaram não somente terras, mas, políticas que valorizem e enalteçam as formas de lidar e viver com a natureza.  Por isso a luta em torno do território é uma das questões centrais para as populações que foram invisibilizadas pós-invasão européia.

 Para Aníbal Quíjano a ideia construída acerca da classificação racial da população mundial tem seus fundamentos no projeto moderno colonial. Logo, trabalhar essas questões são essenciais para entender como foi constituída a violência ao Continente Latino Americano.

Para o autor a questão de produzir diferenças foi fundamental para o projeto colonial europeu, uma vez que a ideia de conquistadores e conquistados foi uma das maneiras de inferiorizar o outro. Em outras palavras, essa gestação de classificações foi uma maneira de hierarquizar e legitimar a usurpação tanto de terras quanto de pessoas.

Alguns conceitos criados pelos invasores europeus deram conta de mascarar todo processo de espoliação sofrido pelos grupos que aqui viviam e os que foram trazidos escravizados da África. Por isso, para dominação de todo o continente tornava-se essencial pelos invasores classificar entre europeus e não-europeus entre brancos e negros.

O autor nos atenta que para o capitalismo se desenvolver enquanto sistema mundo, algumas estruturas foram criadas e gestadas a partir das Américas. Isso vai desencadear no trabalho não pago, ou seja, nas várias relações que incluíam a escravidão e a servidão. Interessante notar como os invasores reconheciam que essas formas de estruturação do trabalho acabavam matando os povos que aqui viviam, pois a coroa de Castela decidiu pelo fim da escravidão dos “índios” para impedir o seu total extermínio. Para suprir essa demanda de mão-de-obra não paga, pessoas escravizadas do Continente africano irão substituir os povos originários.

As mentalidades gestadas na época das invasões por todo o planeta incorporaram que o trabalho não-pago eram destinadas às classes dominadas, ou seja, populações das Américas e África. E o trabalho remunerado aos brancos europeus, por isso o autor vai enfatizar que o capitalismo mundial desde o seu início foi um projeto colonial/moderno eurocentrado. Esse eurocentrismo vai levar à outras questões que irão para além da estruturação das relações de trabalho, como nas relações de padrões de sentido, questões de identidade e memória.

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