Os Fundamentos Metodológicos Da Geomorfologia e a Sua Influência no Desenvolvimento das Ciências da Terra
Por: Polyana Farjala • 30/8/2019 • Resenha • 525 Palavras (3 Páginas) • 389 Visualizações
Resumo: VITTE, Antonio Carlos; GUERRA, Antonio Teixeira. Reflexões sobre a geografia física no Brasil. Capítulo: Os Fundamentos Metodológicos Da Geomorfologia e a sua Influência no Desenvolvimento das Ciências da Terra. Editora: Bertrand, 2004.
O objetivo do capitulo é demonstrar a importância da reflexão filosófica no desenvolvimento da Geomorfologia, cujo enfoque principal recairá no pragmatismo e no papel que desempenhou na organização e estruturação dos modelos de interpretação da morfologia, assim como na criação das leis de desenvolvimento das formas de relevo. Secundariamente, pretende-se demonstrar o papel dessa reflexão filosófica e metodológica no desenvolvimento das ciências da Terra. O intenso desenvolvimento das ciências da Terra, ocorreu devido à incorporação do Oeste norte-americano, que revitalizou a atividade cientifica. O conceito de hipótese de Peirce surgiu em 1878, utilizando o mecanismo clássico e logico de silogismo. A postura epistemológica e metodológica tem suas raízes filosóficas na tradição pragmática expressa por Peirce. Para Gilbert, o método da hipótese encontra suas explicações da Natureza inteiramente em fatos observados. A abordagem cientifica de Henri Poincaré fornece uma distinção entre positivismo e pragmatismo. Hipóteses, teorias cientificas e as “leis” que as orientam são convenções adotadas com o fim de facilitar o processo cientifico. Primeiramente, devem ser estabelecidos sistemas axiomáticos que fazem diversos prognósticos sobre o mundo real, independente do observador. Depois, julga-se o valor desses sistemas (teorias ou hipóteses) por meio de sua concordância sobre aquela realidade (experimentação). A experimentação, então, leva a outras experimentações. Para John Stuart Mill (2001) na ciência as hipóteses não são tratadas em termos lógicos absolutos de adoção/rejeição, porém são deduzidas de forma criativa, de acordo com os graus relativos de evidencias, na medida em que estão baseadas na experiência do investigador. Thomas C. Chamberlin, considerado por muitos um verdadeiro filósofo das Ciências da Terra e cuja reflexão pragmática influenciou metodologicamente os trabalhos de Peirce e Davis. O método de Davis não é aquele a ele imputado, na apresentação de seus relatórios científicos, procurava sempre escrever sobre metodologia, Devis recomendava o “método analítico” comparado à descrição empírica de “traços físicos da Terra”. A influência de Davis sobre teses metodológicas posteriores na geologia, são importantes, como as de Johnson em 1933. O conceito de hipótese geológica condenável, com ênfase em anomalias, está estreitamente vinculado ao conceito de abdução de Peirce. Conforme explanado por Davis, Peirce argumentou que o novo conhecimento emerge do tipo de “pensamento sintético”, envolvendo as ações contínuas de comparar, vincular e organizar pensamentos e percepção. Cada ação é dominada por uma sucessão de processos de raciocínio, respectivamente abdução, dedução e indução. A opinião de Peirce sobre dedução e indução segue a lógica clássica. O fato de os principais geólogos, estarem vinculados à tradição pragmática não lhes retira o mérito; ao contrário, nos demonstra como é complexa a construção do pensamento científico, exigindo sempre uma atitude de cautela e ao mesmo tempo reflexão epistemológica e metodológica sobre a Ciência. O pragmatismo não é uma concepção exclusivamente norte-americana, e o próprio Peirce remontou suas origens à Grécia antiga (Peirce, 1929). A influência do pragmatismo sobre a geomorfologia deve ser mais bem discutida no contexto histórico e epistemológico da Geografia.
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