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Os impactos ambientais decorrentes do turismo na Península de Keller, na Baía do Almirantado

Por:   •  6/7/2017  •  Artigo  •  2.368 Palavras (10 Páginas)  •  322 Visualizações

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Os impactos ambientais em decorrência do turismo no continente gelado: o caso da Península de Keller, na Baía do Almirantado.

Thiago Henrique Albuquerque de Santana¹

Resumo: O presente trabalho busca suscitar uma discussão acerca da atividade turística e suas complicações ao meio natural na região da Península de Keller, que está localizada naquele que é o mais gelado, mais seco e mais inabitado continente do globo terrestre, a Antártida, ou continente gelado. Por estar situado no hemisfério sul e cercado de mar, as intervenções ocorrentes lá são, desde o princípio, originadas por outras nações. A partir disto que, no ano de 1959 vem a nascer o Tratado Antártico, com missão de regulamentar os acessos e pesquisas no continente gelado. Para efeito de problemática foi analisada os efeitos do turismo, em especial na Península de Keller, na Baía do Almirantado, onde se situa uma base brasileira denominada Estação Antártica Comandante Ferraz. Com informações analisadas de documentos do governo, além de acadêmicos nacionais e internacionais, pôde-se observar a influência do turismo sem controle, sim, acarreta em impactos ambientais na região da Península.

Palavras-chave: impactos; turismo; antártica; almirantado

Abstract:
The present work seeks to provoke a discussion about the tourist activity and its complications to the natural environment in the region of the Keller Peninsula, which is located in the one that is the coldest, driest and most uninhabited continent of the terrestrial globe, the Antarctic or frozen continent . Because it is situated in the southern hemisphere and surrounded by the sea, the interventions that occur there are, from the beginning, originated by other nations. From that, in 1959, the Antarctic Treaty was born, with a mission to regulate access and research in the icy continent. The effects of tourism have been analyzed, especially in the Keller Peninsula, in the Admiralty Bay, where a Brazilian base is located called Antártica Comandante Ferraz Station. With information analyzed from government documents, in addition to national and international scholars, it was possible to observe the influence of uncontrolled tourism, rather, it leads to environmental impacts in the region of the Peninsula.

¹ Aluno de Licenciatura em Geografia do IFPE – Campus Recife

  1. Introdução

Nos eixos norte e sul do globo terrestre situam-se os dois pontos mais gelados. Um deles, o Ártico, é caracterizado por ser um mar congelado cercado de continentes (Ásia, América e Europa), e é nele que se encontra animal icônico, a exemplo do urso-polar. No hemisfério sul há o que se conhece por continente gelado, a Antártida. Ao contrário do primeiro rodeado por outros e que tem sua ocupação por várias nações, o segundo é marcado pela ocupação científica de várias nações, porém sem que aja algum tipo de supremacia, e sendo regido pelo Tratado de Antártica que visa assegurar a preservação e exploração daquele continente.

Aqui se buscou observar a relação do aumento do turismo no período 1989-2000 e impactos decorridos da desenfreada ação desta que emergiu como atividade econômica predominante no local.

Para isso foram utilizadas bases conceituais e qualitativas em relação a esses impactos, definidos pelo Tratado de Antártida e pelo Programa Antártico Brasileiro a fim de dar maior resolução a essa pesquisa de cunho bibliográfico.

Foram utilizados dados fornecidos em pesquisas da área na região para aplicação dos métodos estabelecidos. Com isso, pôde-se constatar que houve impactos em decorrência da desenfreada atividade turísticos a ninhos de uma espécie de ave.

  1. Caracterização dos dois polos

Entre os dois polos contidos no planeta Terra, apesar de parecidos visualmente e até mesmo confundirem-se na imaginação popular, podem ser observados pontos que os diferenciam e ajuda-nos ajudam a constatar, logo de início, a heterogeneidade desses locais.

A porção no eixo norte do globo, conhecida como Ártico, caracteriza-se por ser um mar gelado, rodeado de continentes (europeu e americano). A espessura do gelo nesse local chega próximo dos 10 metros. Apesar desse não se constituir um dos continentes, notícias recentes apontam derretimento parcial de uma área superior ao estado da Califórnia, nos EUA, que compreende aproximadamente pouco mais de 400,000 km² (GLOBO, 2017).

Na porção de terra localizada no polo sul, cercado pelo Oceano Circumpolar Antártico, está localizado o continente Antártico. Por ser o continente mais seco, alto, isolado e desconhecido, este tem a fama de ser o continente dos superlativos. Além disso, constitui-se como uma das áreas onde persiste certa fronteira ao avanço da civilização humana (ROQUE, 2006 apud Ugolini e Bockheim, 2008; RICARDO, 2007).

O ideário em relação à existência do continente gelado é antigo, expressado por meio de mapas antigos, porém não se havia validade empírica dessa região. Foi nos séculos XVIII e XIX que se iniciaram as expedições de países a fim de obterem conhecimento e controle daquele espaço, até então, desconhecido. James Cook, em 1768, consegue chegar ao máximo ponto sul da época, porém, por ter penetrado à região por meio do mar de Ross, local mais profundo, entretanto exaurido de terras, não pôde ser considerado o descobridor do local. E em 1821, graças às recém-descobertas Ilhas Shetland do Sul, o capitão de expedições russas, Belligshausen, consegue descobrir a península Antártica, onde está delimitado o local de estudo desde trabalho: a península de Keller, na Baía do Almirantado.

  1. A política no continente gelado: O Sistema do Tratado Antártico (STA)

        Foi no período histórico da Guerra Fria (1947-1991) que emergiu o interesse de nações mundiais no continente gelado, no caso em particular das superpotências da época, Rússia e EUA, interesses geoestratégicos. Foi assim que, em 1955, na Conferência de Paris, que contou com a presença das duas superpotências além de outras nações, dentre elas o Reino Unido, Chile e a Argentina, foi acordado que a Antártica serviria somente a interesses científicos.

Em um de dezembro de 1959 nasce o Tratado Antártico com o objetivo de supervisionar “atividades humanas, decorrentes de programas de pesquisa científica, de turismo, atividades governamentais ou não governamentais, e atividades ligadas ao apoio logístico” (SANTOS, 2005). Esse documento compreende medidas de conservação de fauna e flora, dentre esses os programas de Conservação das Focas Antárticas (CCAS) e de Recursos Vivos Marinhos Antárticos (CCAMLR).

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