PLANO DE AULA COMENTADO

PLANO DE AULA COMENTADO

Praia da Macumba: ao mar o que é do mar?

Rio de Janeiro,

17/06/2019

Tema:

Ocupações litorâneas: causa e consequência da geomorfologia costeira

Pré-requisito:

Desenvolvimento urbano da orla do Rio de Janeiro

Tempo previsto:

100 minutos (dois tempos de aula)

Série:

1ª série do Ensino Médio

JUSTIFICATIVA

A paisagem geográfica tem grande influência sobre diversas atividades da sociedade em formas tão complexas que torna difícil a delimitação de seus impactos. A cidade do Rio de Janeiro, apesar de sua vastidão de realidades geográficas, possui uma paisagem tipicamente representada, no resto do país e no mundo, pela praia. As montanhas e lagunas fornecem maiores particularidades que identificam o ambiente carioca para muitas pessoas.

Residir próximo à praia é um hábito que foi construído em uma história mais recente do Rio de Janeiro. Ao final do século XIX, Copacabana ainda era um areal pouquíssimo ocupado, ainda assim com clubes de lazer e residências secundárias, apresentando seu caráter não-residencial (ABREU, 1988). Com a progressiva exaltação da amenidade litorânea no Brasil, o mercado imobiliário e de transportes iniciou sua penetração em linhas paralelas à costa, geralmente antecipando maiores obras de infraestrutura. As avenidas Atlântica, Niemeyer, Sernambetiba foram exemplos de vias construídas para essa penetração, permitindo o loteamento de áreas, muitas vezes sem autorização ou regulação do poder público. Tal caso não é único, visto que o município possui um sem-número de outras ocupações irregulares. Contudo, as ocupações litorâneas, pelo seu valor mais alto do solo, apresentam um perfil de residentes de maior renda, crescendo à medida que novos equipamentos urbanos foram alcançando essas frentes de expansão.

Entretanto, os ambientes costeiros também têm fragilidades e especificidades oriundas da constante interação entre o oceano e o continente, presente na ação das brisas marítimas e terrestres e ação mecânica das ondas, marés e suas variações. Como a duração temporal da natureza possui uma largura maior que a da ação antrópica, ocorrem descompassos que podem ser identificados como prejudiciais para ambas dimensões, física e humana.

A Praia da Macumba, localizada na zona oeste da cidade, é desconhecida por muitos de seus moradores, e muito provavelmente desconhecida por muitos dos alunos. Assim como a proximidade estimula o engajamento dos alunos, a distância instiga o imaginário, exigindo maior capacidade de abstração do pensamento espacial. Com a apresentação de imagens selecionadas após a exposição da notícia sobre o avanço do mar sobre a orla da praia, espera-se que o aluno comece a relacionar às suas imagens pessoais de paisagens litorâneas. Da contradição de ideias ou visões sobre tais impactos sobre a paisagem, viriam as indagações.

QUESTÕES PARA MOTIVAÇÃO

O início da aula se daria a partir de uma primeira visão sobre as experiências pessoais com o ambiente praiano. Por se tratar de um hábito de lazer que, apesar de público e gratuito, tem seu acesso mais difícil e caro quanto mais interiorana for a origem na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Perguntas como “quando foi a última vez que você foi à praia?”, “em qual praia você mais costuma ir?”, “tem hábito de frequentar casa de veraneio?” poderiam ser feitas, caso a estrutura local da escola torne possível, com o recurso de Tecnologia Digital da Informação (TDI) do mentimetercom o auxílio dos celulares.

No momento seguinte, a reportagem e as imagens da destruição da orla da praia motivariam o questionamento sobre a temporalidade do problema. A reportagem explicita que o problema se iniciou nos anos 1990. Por que antes não se observava o mesmo problema? Sendo assim, o encaminhamento estará ligado ás questões naturais que ensejam sobre o problema.

A perspectiva natural vai favorecer questionamentos futuros sobre a variação das marés e do vento, e como essas ações são frequentes e, ao mesmo tempo, de intensidade e movimentações diversas. O uso do Google Maps por imagem de satélite permitiria perguntas sobre a existência de padrões litorâneas em outras costas. O aplicativo Windy como recurso insere outras possibilidades de perguntas construídas a partir da dinâmica simulada em contato com outros conteúdos da Geografia.

As últimas motivações seriam direcionadas à perspectiva de solução do problema, sob diversas possibilidades de ações de diferentes camadas de gestão e cidadania. Na possibilidade de um ambiente digital e conectado à internet, o uso de recursos didáticos digitais como truciderementimeter forneceriam melhor visão e dinâmicas nas proposições, análises, julgamentos e tomadas de decisão em conjunto. É esperado que algumas respostas apontem para soluções já previamente ocorridas e divulgadas pela mídia para a área, como os aterramentos, como de Copacabana, e a desapropriação, em caso mais grave, de construções mais avançadas, assim como limitação futura de ocupação.

OBJETIVO GERAL

A aula busca, partindo de um problema específico, de escala local e no município do Rio de Janeiro, mas ao mesmo tempo de localização que expõe a dificuldade de acesso a determinados locais da cidade. A essa certa confusão em definir o que é “perto” e o que é “distante”, se objetiva o despertar para um olhar mais apurado, com vistas a responder inquietações surgidas, necessárias para inserir o pensamento espacial, e a capacidade de relacionar as dinâmicas internas da cidade às múltiplas escalas e realidades.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Compreender a dimensão espacial da metrópole carioca

• Expor e discutir as diferentes paisagens litorâneas

• Relacionar os processos físicos de clima e erosão do litoral a morfologia da mesma

• Instigar a perspectiva espacial a partir do uso de imagens de satélite, googlemaps, e