Resumo da apresentação do Pablo Lira sobre a geografia do crime na grande Vitória

Resumo da apresentação do Pablo Lira sobre a geografia do crime na grande Vitória, realizada na Universidade Federal do Espirito Santo, no dia 11/09/2017.

Tema abordado na mesa redonda 04, na segunda parte da palestra, onde foram abordados dois temas, a "Mobilidade Espacial da População e Planejamento" e "Geografia do Crime na Grande Vitória".

A temática da violência nos traz a importância de conceitualizar sobre qual violência foi abordada na apresentação, onde foram abordados assuntos relacionados à criminalidade violenta interpessoal tomando como indicador principal a taxa de homicídios.

Ao longo das três últimas décadas o Brasil tem se destacado mundialmente na questão da violência urbana com altas taxas de homicídios. Um estudo de 2012 da ONU (Organização das Nações Unidas) revelou números preocupantes sobre o Brasil, onde foram contabilizadas 500.00 (quinhentas mil) mortes por homicídios em mais de 120 países, e desse total, 50.000 (cinquenta mil) mortes foram no Brasil, deixando-o como país com maior registro de homicídios no mundo. Atualizando esse indicador com base nos dados do "Fórum Brasileiro de Segurança Pública", hoje já estamos com mais de 60.000 (sessenta mil) mortes violentas interpessoais (homicídios) por ano, que representa uma média de 164 por dia e 7 à cada hora.

A criminalidade violenta está potencialmente concentrada nas cidades e também nas metrópoles. A violência pode ser considerada um fenômeno social complexo multifacetado e a etiologia criminal que é o estudo das causas da violência indica a combinação de uma série de fatores que explicam a distribuição espaço temporal da criminalidade violenta nas cidades e metrópoles.

É importante notar como o processo típico de urbanização brasileira contribuiu e explica pelo menos em parte o aumento gradativo do aumento das taxas de homicídio no brasil e no Espirito Santo. A partir da década de sessenta, a população urbana começou a superar a população rural no Brasil, sendo inclusive um indicativo da transição econômica do país, resultado do processo de industrialização que vem inerente à urbanização consequente, a expansão do crescimento econômico do setor secundário e também a erradicação dos cafezais

Este processo de urbanização que ocorreu nesse período não constituiu uma urbanização planejada, adequada com as demandas sociais e econômicas, isso contribuiu para predomínio, intensificação e agravamento da segregação sócio espacial e aumento das desigualdades socioeconômicas.

O crescente índice populacional urbano, o fluxo de migrações do interior para as zonas urbanas em busca de melhores condições de trabalho e de vida, o êxodo rural, a industrialização das cidades, etc., todos estes contribuíram grandemente para o que vemos hoje nas grandes cidades do Brasil, que não estavam preparadas para receber estas pessoas, que acabaram por povoar bairros mais periféricos e carentes, sem estruturas, sem urbanização, sem planejamento, e constituir em grande parte as comunidades e favelas que conhecemos hoje.

Pode-se observar que as altas taxas de homicídios se relacionam com as altas taxas de urbanização, urbanização esta referenciada que é produto da industrialização tardia