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SOLOS E AGRICULTURA

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Por:   •  18/11/2014  •  Artigo  •  1.329 Palavras (6 Páginas)  •  405 Visualizações

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O SOLO E A AGRICULTURA

Segundo Patrícia Lupion Tavares (2003) a agricultura é a mais antiga e maior atividade humana. Para ela, ainda hoje, mais da metade da população mundial sobrevive do trabalho nas fazendas, que sustentam a produção de alimentos e outros materiais para quase 6,2 bilhões de habitantes do planeta. Pois, apesar de seus 18 mil anos, a agricultura permanece sendo a atividade humana que mais intimamente relaciona sociedade e natureza.

Patrícia ressalta também que, além disso, em contraste a outros processos produtivos, a ação do homem na agricultura não é realizada com o propósito de transformar matéria prima em produto, e sim regular as condições ambientais para obter maior produção de alimento a partir da dinâmica de transformações orgânicas naturais.

Pondera a autora Patrícia Lupion (2003, p.35):

Simultaneamente, crescem a consciência dos problemas resultantes do modelo agrícola atual e a necessidade de conciliar sistemas produtivos que conservem os recursos naturais e forneçam produtos mais saudáveis, sem comprometer os níveis de segurança alimentar já alcançados. Para isso é preciso analisar a produção de alimentos do ponto de vista ecológico.

Assim, quando o agricultor cultiva seu solo, ele modifica as condições naturais de sua propriedade, criando um novo ecossistema, chamado agroecossistema. Para Lupion este novo ecossistema difere do meio natural em cinco perspectivas.

a) As práticas agrícolas objetivam parar o processo natural de sucessão ecológica, mantendo o agroecossistema sob condições constantes. A maioria das plantas cultivadas hoje pelo homem tem seu melhor desenvolvimento em condições de luz, água e nutrientes abundantes, exigindo trabalho, insumos e energia para manter o ecossistema nestas condições e frear o processo de sucessão natural.

b) Grandes extensões são cultivadas com uma única espécie. Esta prática conhecida como monocultura reduz a fertilidade do solo. Cada cultura tem necessidades específicas de nutrientes, assim o cultivo contínuo de uma única espécie reduz a disponibilidade natural de certos nutrientes, reduzindo a fertilidade do solo e comprometendo a produção em médio prazo. Este problema vem sendo minimizado pelos agricultores por meio da aplicação de fertilizantes químicos ou orgânicos e da rotação de cultivos com culturas que explorem o solo de forma diferenciada, reproduzindo em parte os ecossistemas naturais.

c) As espécies são cultivadas individualmente em linhas regulares. Nos ecossistemas naturais não existem arranjos regulares de distribuição de plantas e as espécies se desenvolvem juntas, misturadas, tornando mais difícil para as pragas e doenças encontrar suas "vítimas".

d) Nos agroecossistema a cadeia alimentar é severamente simplificada. O controle de pragas, doenças e plantas nativas reduzem a população e diversidade dos predadores e parasitas das plantas, assim como a competição por nutrientes e luz, e favorecem o desenvolvimento das culturas comerciais. Por outro lado, a redução das espécies torna o ecossistema instável e mais vulnerável à variações indesejáveis, como pragas e doenças novas ou em maior intensidade de ataque.

e) As práticas de preparo dos solos desenvolvidas pelo homem não existem na natureza. Nos ecossistemas naturais, os solos representam uma seqüência de camadas com característica peculiares que varia em composição, estrutura e vida da superfície até a rocha. Cada camada representa um nicho peculiar para desenvolvimento de diferentes espécies de microrganismos, animais invertebrados e vegetais inferiores, todas num equilíbrio dinâmico, que reproduz o ambiente ideal para o desenvolvimento das raízes da vegetação superior. O removimento expõe o solo a erosão, pode destruir sua estrutura física, estimula a oxidação (ou degradação) da matéria orgânica natural do solo e resulta em perda de nutrientes por meio da erosão.

Dessa forma:

Os impactos da agricultura sobre o meio ambiente podem ser divididos em três grupos: local, regional e global. Os efeitos locais resultam dos efeitos diretos das práticas agrícolas sobre o ecossistema local, estes efeitos incluem, erosão, perda de solo, aumento de sedimentos em corpos hídricos e agroquímicos. Efeitos regionais são resultantes da intensificação dos efeitos locais pela combinação das práticas agrícolas da região, incluindo desertificação, poluição em larga escala de rios e lagos com pesticidas, sedimentos e dejetos animais. Os efeitos globais incluem mudanças climáticas e nos ciclos biogeoquímicos.(TORRES, 2003, p.37)

Quando uma floresta ou campo é desbravada para uso agrícola, o ecossistema sofre profundas alterações. As propriedades do solo original, formado após um longo período de desenvolvimento, encontram-se em equilíbrio. Os nutrientes e a matéria orgânica encontram-se em equilíbrio dinâmico entre o solo e o ecossistema que se forma sobre ele, o que garantem altos níveis de produtividade para os agricultores em curto prazo.

Nessas condições os solos concentram todos os elementos químicos e as condições físicas ideais, que facilitam o fluxo de ar e água através do solo, necessários para o desenvolvimento perfeito das plantas. Sob estas condições as produtividades são elevadas.

Na íntegra, eis a síntese apresentada por Patrícia Lupion Torres(2003, p.38):

Com a retirada da vegetação, o ciclo natural é rompido e o retorno de matéria orgânica para

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