Trabalho De Geografia E História
Artigo: Trabalho De Geografia E História. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Valmeira40 • 10/10/2013 • 7.783 Palavras (32 Páginas) • 606 Visualizações
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A partir dos anos 60, sob influência das teorias marxistas, surge uma tendência crítica à
Geografia Tradicional, cujo centro de preocupações passa a ser
as relações entre a sociedade, o
trabalho e a natureza na produção do espaço geográfico
.
Ou seja, os geógrafos procuraram estudar
a sociedade por meio das relações de trabalho e da apropriação humana da natureza para produzir
e distribuir os bens necessários às condições materiais que a garantem. Critica-se a Geografia
Tradicional, do Estado e das classes sociais dominantes, propondo-se uma Geografia das lutas
sociais. Num processo quase militante de importantes geógrafos brasileiros, difunde-se a Geografia
Marxista.
Essa nova perspectiva considera que não basta explicar o mundo, é preciso transformá-lo.
Assim a Geografia ganha conteúdos políticos que são significativos na formação do cidadão. As
transformações teóricas e metodológicas dessa Geografia tiveram grande influência na produção
científica das últimas décadas. Para o ensino, essa perspectiva trouxe uma nova forma de se
interpretar as categorias de espaço geográfico, território e paisagem, e influenciou, a partir dos
anos 80, uma série de propostas curriculares voltadas para o segmento de quinta a oitava séries.
Essas propostas, no entanto, foram centradas em questões referentes a explicações econômicas e
a relações de trabalho que se mostraram, no geral, inadequadas para os alunos dessa etapa da
escolaridade, devido a sua complexidade.
Além disso, a prática da maioria dos professores e de
muitos livros didáticos conservaram a linha tradicional, descritiva e descontextualizada herdada
da Geografia Tradicional, mesmo quando o enfoque dos assuntos estudados era marcado pela
Geografia Marxista.
Tanto a Geografia Tradicional quanto a Geografia Marxista ortodoxa negligenciaram a
relação do homem e da sociedade com a natureza em sua dimensão sensível de percepção do
mundo: o cientificismo positivista da Geografia Tradicional, por negar ao homem a possibilidade
de um conhecimento que passasse pela subjetividade do imaginário; o marxismo ortodoxo, por
tachar de idealismo alienante qualquer explicação subjetiva e afetiva
da relação da sociedade com
a natureza.
Uma das características fundamentais da produção acadêmica da Geografia desta última
década é justamente a definição de abordagens que considerem as dimensões subjetivas e, portanto,
singulares que os homens em sociedade estabelecem com a natureza. Essas dimensões são
socialmente elaboradas — fruto das experiências individuais marcadas pela cultura na qual se
encontram inseridas — e resultam em diferentes percepções do espaço geográfico e sua construção.
É, essencialmente, a busca de explicações mais plurais, que promovam a interseção da Geografia
com outros campos do saber, como a Antropologia, a Sociologia, a Biologia, as Ciências Políticas,
por exemplo. Uma Geografia que não seja apenas centrada na descrição empírica das paisagens,
tampouco pautada exclusivamente na interpretação política e econômica do mundo; que trabalhe
tanto as relações socioculturais da paisagem como os elementos físicos e biológicos que dela
fazem parte, investigando as múltiplas interações entre eles estabelecidas na constituição de um
espaço: o espaço geográfico.
As sucessivas mudanças e debates em torno do objeto e método da Geografia como ciência,
presentes no meio acadêmico, tiveram repercussões diversas no ensino fundamental. Positivas de
certa forma, já que foram um estímulo para a inovação e a produção de novos modelos didáticos.
Mas também negativas, pois a rápida incorporação das mudanças produzidas pelo meio acadêmico
provocou a produção de inúmeras propostas didáticas, descartadas a cada inovação conceitual e,
principalmente, sem que existissem ações concretas para que realmente atingissem o professor
em sala de aula, sobretudo o professor das séries iniciais que, sem apoio técnico e teórico, continuou
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e continua, de modo geral, a ensinar Geografia apoiando-se apenas na descrição dos fatos e ancorando-
se quase que exclusivamente no livro didático.
Mas não apenas a prática do professor se encontra permeada por essa indefinição e confusão,
muitas propostas de ensino também o estão. Segundo a análise feita pela Fundação Carlos Chagas,
observa-se, sobretudo nas propostas curriculares produzidas nas últimas décadas, que o ensino de
Geografia apresenta problemas tanto de ordem epistemológica e de pressupostos teóricos como
outros referentes à escolha dos conteúdos. No geral, são eles:
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abandono de conteúdos fundamentais da Geografia, tais como as
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