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A Democratização Do Conhecimento E Divulgação Científica

Por:   •  20/4/2024  •  Artigo  •  3.914 Palavras (16 Páginas)  •  70 Visualizações

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HISTÓRIA NA WEB 2.0 – DEMOCRATIZAÇÃO DO CONHECIMENTO E DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

O surgimento da web 2.0, sistema da Internet que permitiu aos interagentes a participação e colaboração na construção de conteúdo, foi um fenômeno decisivo para uma ruptura com a comunicação unidirecional e acelerou uma série de mudanças das relações sociais, econômicas e políticas nas últimas décadas. O conhecimento histórico, assim como outros saberes, passa a ser produzido, interpretado e divulgado por diferentes autores em múltiplos formatos, com variados meios de circulação e públicos. É neste contexto que este trabalho buscará analisar algumas experiências de historiadores que buscaram construir projetos de divulgação do conhecimento histórico no Youtube, utilizando a rede como um espaço de democratização do conhecimento produzido pela academia.  

Introdução A World Wide Web, popularmente conhecida como Web, não era um sistema tão interativo em seu início, da mesma forma que não contava com a diversidade de mídias que contém hoje. Antes de possibilitar a interatividade entre os conectados, ela foi, como a TV e o Rádio, um recurso de comunicação de orientação unidirecional. A interatividade, como afirma Edméa Santos, “entendida como dinâmica de intervenção autoral e comunicacional da emissão e da recepção na cocriação da mensagem nas interfaces online” foi possibilitada pelo desenvolvimento da WEB 2.0 (SANTOS, 2015, 136). Antes disso, o emissor da informação, em geral, não tinha retorno sobre o conteúdo que estava sendo disponibilizado.

Os usuários, nomenclatura atualmente questionada, operavam esta tecnologia de forma receptiva, pois as possibilidades de interação eram limitadas. A mensagem que era recebida não podia ser contestada, reafirmada ou modificada com a instantaneidade que fazemos hoje. O arranjo tecnológico da internet, nomeado de Web 1.0, limitava a comunicação e partilha de conhecimento (BONILLA, 2011, p.61).

A partir da implantação de alguns recursos que permitem maior interação dos usuários surge a Web 2.0, com ela uma nova forma de lidar com as informações, na qual recepção “passiva” de conteúdos é substituída pela possibilidade de troca de informação, rompendo com “a famigerada mão-única da comunicação de massa”, expressão de (GOMES, 2005) que define precisamente o modelo que foi superado.

As novas funções da segunda geração da Web podem ser compreendidas do ponto de vista das possibilidades de interatividade. Em um curto espaço de tempo essas possibilidades de criação e interação com conteúdos se ampliaram de forma exponencial. É possível perceber esse fenômeno, que foi relativamente rápido e se acelera, se compararmos, por exemplo, a interação de um leitor de blogs que no arranjo 2.0 tecia comentários nas publicações com os jovens “produtores de conteúdo” que exploram recursos transmidiáticos de forma concomitante em várias redes e mídias sociais.

O Youtube é um ótimo exemplo das possibilidades abertas pela WEB 2.0. O site de compartilhamento de vídeos incorpora as características de interação aqui apontadas. Oferece para os interagentes a possibilidade de criação de conteúdo próprio ou mixagem de conteúdos com licenças abertas. Atualmente é amplamente utilizado para o upload de vídeos produzidos por milhões de pessoas.

No site é possível encontrar uma variedade de conteúdos em história. Podemos citar os canais das universidades, centros de pesquisa, instituições escolares, arquivos, bibliotecas, imprensa, etc. Além desses, também se nota a emergência de canais de sistemas de ensino, empresas privadas de entretenimento e outras organizações que produzem audiovisuais de história/memória. Cabe citar também a presença de milhares de usuários que “ensinam”, comentam, produzem conteúdos nos quais a História é tematizada. Neste último grupo temos a presença de alguns historiadores/professores que utilizam o espaço com uma finalidade educativa/intelectual.

Essa multiplicidade de autores desperta debates necessários. Um deles seria a confiabilidade de alguns canais que pretendem revelar uma História não contada pela academia. Também poderíamos considerar importante discutir as fronteiras entre o entretenimento e conhecimento histórico científico, frequentemente desafiadas em algumas produções.

Da mesma forma, faz-se necessário observar a atuação de historiadores/professores de história que atuam no Youtube com o objetivo de divulgar os temas, debates, pesquisas, fontes, bibliografias que fazem parte do cotidiano dos historiadores profissionais. A partir disso, este trabalho buscará analisar algumas experiências de historiadores que buscaram construir projetos de divulgação científica na web, utilizando a rede como um espaço de democratização do conhecimento produzido pela academia. A luz da Didática e Teoria da História, das formulações teóricas que relacionam internet, tecnologias digitais e educação serão analisadas as iniciativas dos canais “LeituraObrigahistória” e “Cantinho da História”.

A partilha do conhecimento na Web e a História Pública

Em um mundo marcado pela transformação nas formas de elaboração e disseminação do conhecimento, precisamos compreender de que forma, em cada campo do saber, estão sendo orientadas experiências como a constituição desses conhecimentos e sua divulgação. Esse movimento tem sido potencializado nas últimas décadas pelas mudanças nas formas de nos comunicar através das inovações tecnológicas. Compreender essa mudança é um elemento imprescindível da relação entre a comunidade científica e sociedade.

No campo da história tem sido debatido, especialmente pelos teóricos da Didática da História, acerca dos diferentes espaços de produção do conhecimento histórico. As universidades, escolas, museus, cumpririam, cada um ao seu modo, parcelas do esforço social de pensar historicamente (CERRI, 2001). Estas instituições também não são portadoras exclusivas do conhecimento histórico, nem sempre são pioneiras em elaborá- lo e difundi-lo. Existem outros produtores de conhecimentos históricos que, por vezes, o articulam em narrativas muito mais aprazíveis, como o cinema, o teatro, a religião, a oralidade, etc.

As nações ocidentais modernas fizeram um investimento social muito grande na ciência histórica. A História foi fundamental para a constituição das nacionalidades e das narrativas, por vezes heroicas, de dominação ou libertação dos povos (CERRI, 2001). Do século XIX ao século até dias atuais as formulações teóricas sobre a ciência histórica foram objetivo de intenso e construtivo debate teórico que resultou no surgimento de vertentes/escolas historiográficas diferentes que ao seu modo buscaram tratar da humanidade no tempo (BURKE, 1997).

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