A EDUCAÇÃO AMBIENTAL INTERFACES E DIÁLOGOS POSSÍVEIS ATRAVÉS DA TRANSVERSALIDADE
Por: Gestao Ambiental • 17/5/2015 • Tese • 7.663 Palavras (31 Páginas) • 198 Visualizações
Resumo
Pensar o ensino de História atrelado a Educação Ambiental é reflectir acerca dos problemas sócio-ambientais que estão postos frente à sociedade actual. Dessa forma, buscamos com essa possível ligação galgar o entendimento da História enquanto área do conhecimento fazendo com que esta se debruce sobre o seu ambiente. Conferências internacionais, iniciadas na segunda metade do século XX, discutem a relação entre modelo de desenvolvimento e preservação ambiental na perspectiva da sustentabilidade, atribuindo papel central à educação ambiental neste processo. Diante dos desafios do século XXI, a educação se apresenta como uma oportunidade de construir uma sociedade mais justa e cidadã. A ética, o respeito às culturas, a condição humana e a preservação da vida do planeta são preocupações que devem ser fortalecidas. Este trabalho visa debater a prática da transversalidade no ensino de História; consideramos que a adopção de tal postura pelo professor dessa disciplina contribuirá para que os educandos, geralmente vistos com uma carga de preconceitos, superem os limites impostos pela educação tradicional e ajudem na construção dos ideais de paz, de liberdade e de justiça social necessárias aos novos tempos.
Palavras – Chaves: Educação Ambiental; Ensino de História; Interdisciplinaridade; Consciência histórica; consciência sócio-histórico-ambiental.
Introdução
Os problemas sócio-ambientais em nossa sociedade, assumiram, em anos recentes, uma centralidade e presença marcante na vida quotidiana: habitam o concreto de nossas vidas, a cultura do tempo, assim como as subjectividades individuais e colectivas. Dificilmente vivemos, um dia sequer, sem registar uma referência a esta realidade e seus efeitos abrangentes. A mudança da consciência e da acção ecológica encontra obstáculos objectivos e subjectivos poderosos, cuja superação exige profundas transformações no modelo de desenvolvimento socioeconómico, na direcção dos meios científicos e técnicos, nos padrões de comportamento social e nos referenciais éticos que dirigem os rumos hegemónicos da sociedade capitalista globalizada. A realização de tais mudanças vai, cada vez mais, exigir a descoberta dos limites quantitativos e qualitativos do crescimento económico, a subordinação do avanço técnico-científico a controlos éticos, a reforma da ética do egoísmo no sentido da solidariedade e o despertar para a dependência ecossistémica a que está sujeita a sociedade e vidas humanas. São tarefas e desafios de magnitude, que vão exigir iniciativas proporcionais pautadas no diálogo, na participação social e na luta por uma vida mais digna.
A educação ambiental, é um processo de aprendizagem permanente que deve desenvolver conhecimentos, habilidades e motivações para adquirir valores e atitudes necessárias para lidar com questões e problemas ambientais, e encontrar soluções sustentáveis. Portanto, a consciência sobre problemas ambientais e a aplicação da educação ambiental deve ser contínua, multidisciplinar e integrada, ressaltando assim a importância do desenvolvimento crítico da realidade frente à complexidade dos problemas ambientais. É importante ressaltar que as acções não formais geralmente possuem carácter pioneiro, actuando directamente sobre a sociedade e abrindo espaço para uma educação formal.
Pensar uma pesquisa que envolva educação ambiental e ensino de História, não é tarefa fácil. Nesse sentido, nos dispomos a romper o ténue véu que permeia a discussão, ou seja, alguns embates entre ciência e interdisciplinaridade. Mais do que isso, pretendemos estabelecer interconexões enfocando a educação ambiental como tema transversal à actividade do ensino.
A diversidade de enfoques proporcionada pela educação ambiental possibilita o desenvolvimento de um trabalho de pesquisa com ênfase interdisciplinar. Isto é, as diferentes abordagens da educação ambiental sugerem um relacionamento complexo entre dimensões que podem abranger aspectos variados do conhecimento, em uma tentativa de agregar saberes e valores acerca da problemática ambiental.
Actualmente, a Educação Ambiental vem ganhando cada vez mais espaço na sociedade. Expressões como sustentabilidade, responsabilidade sócio-ambiental e ecologia fazem parte de conversas informais a propagandas de governos e de empresas públicas e privadas. Desta forma, não é difícil imaginarmos que tais expressões e conceitos tão caros para a nossa sociedade devam ser trabalhados de forma clara e constante dentro do ambiente escolar de forma crítica e emancipatória.
A partir desta perspectiva pode se questiona sobre o que a história como disciplina, trouxe de contribuição aos processos educativos ambientais? O que ela representa para educadores-educandos na actividade escolar? Como tem sido trabalhada nas escolas? A estas questões soma-se: Como se insere a Educação Ambiental nos livros da História?
Este trabalho tem como objectivo discutir a relação, existente ou não, entre Educação Ambiental e o ensino de História através da transversalidade, analisando neste percurso os quatro pilares da educação propostos por Delors, a Educação Ambiental e seus Pressupostos, a Educação Ambiental e as Conferências Internacionais e Políticas Públicas Nacionais, Pensando em Temas Transversais nas aulas de História, Pensando uma História para o Futuro: O Desafio da Educação Ambiental para o Ensino De História, a Ampliação do Conceito “Consciência Histórica” de Russen, para uma “Consciência Histórica – Ambiental” ou “Consciência Sócio – histórica – Ambiental”; isso tudo, antes da respectiva conclusão e a bibliografia final.
I. ADEQUANDO-SE AO SÉCULO XXI: POR UMA OUTRA EDUCAÇÃO
O século XXI herdou do anterior, problemas das mais variadas ordens: crises, riscos, impasses, desafios, fluidez. Dentro desse cenário, urge que o projecto de reforma na educação – no que diz respeito à formação, prática docente e ao currículo –, debatido ao longo das últimas décadas, seja devidamente efectivado. Entretanto, essa realização não se dá sem contradições, pois, se por um lado, a educação tem o papel de transmitir cada vez mais saberes necessários para a vida no contexto do mundo actual, por outro, assume o desafio de impedir que as pessoas fiquem submergidas num grande volume de informações, muitas das quais passageiras. Seria, portanto, levar em consideração as célebres palavras de Montaigne utilizadas por Edgar Morin para dar o título de uma de suas obras de 2008: “Uma cabeça bem-feita vale mais que uma cabeça cheia.”
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