A História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo, Contexto, 2008, p. 235-256.
Por: Syzygy Pokemon • 4/10/2020 • Resenha • 1.326 Palavras (6 Páginas) • 317 Visualizações
RESENHA: PURDY, Sean. Rupturas do Consenso: 1960 - 1980. In: KARNAL, Leandro (et al.). História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo, Contexto, 2008, p. 235-256.
O capítulo “Rupturas do consenso: 1960 - 1980” escrito por Sean Purdy e parte do livro História dos Estado Unidos servirá de base para essa resenha. Sua temática se trata de duas conturbadas décadas da história norte americana e mundial. Durante as décadas de 1960 e 1970, a nação americana viu inúmeras mudanças serem impulsionadas por manifestações concebidas a partir de movimentos sociais e os mais significantes foram analisadas neste capítulo. Um fomento importante para a explosão de movimentos sociais foram as mudanças demográficas e econômicas, junto de incapacidade de resolver problemas antigos como racismo.
No início da década de 1960 John F. e Robert Kennedy se tornaram duas figuras extremamente populares como nunca se havia visto com líderes políticos no país, eles eram considerados a esperança liberal,entretanto eram profundamente anti-comunistas, não representando assim nenhuma ameaça à ordem capitalista. Porém, foi o presidente Johnson quem mais se empenhou em reformas sociais e econômicas, promovendo o que foi chamado de “programas da Grande Sociedade”, mas ainda sim essas políticas beneficiaram em sua maioria apenas a população branca. Além de não alcançar os negros, essas políticas do governo federal foram responsáveis por gerar uma espécie de “apartheid racial” nas metrópoles nos anos 1970, pois segregou a população negra, banindo essa parte da população para guetos.
Mais adiante Purdy se volta para algumas das ações empreendidas pelas políticas externas dos EUA, como os conflitos com Cuba e a Guerra do Vietnã. É sabido que “nos primeiros anos da década de 1960, os Estados Unidos tinham “consultores militares” em muitos países do mundo, organizando ações políticas e militares com governos e militares aliados contra as forças opositoras, geralmente comunistas ou movimentos reformistas” (Purdy, 2008, pg. 225).
O excepcional caso de Cuba se da inicio com a Revolução Nacionalista de 1959 encabeçada por Fidel Castro e, rapidamente, foi se aproximando da União Soviética, isso fez com que o presidente Kennedy rompesse com Cuba em 1961. A partir daí, as tensões se acirraram entre os dois países e, Kennedy resolve invadir Cuba, porém, subestimando o poder de influência de Castro na sua população, fracassou completamente nessa missão. O ápice desse enfrentamento foi a Crise dos Mísseis, momento que pôs em pânico o mundo inteiro sob a ameaça de uma guerra nuclear entre EUA e URSS, essa última havia instalados mísseis em Cuba. Contudo, um acordo foi firmado entre ambos e os mísseis saíram de Cuba com a promessa de que os EUA não voltariam a invadir a ilha.
Já a Guerra do Vietnã, foi uma intensiva invasão dos EUA ao país, em apoio às forças do Vietnã do Sul que lutavam contra o avanço comunista do norte do país. Ficou caracterizada como uma guerra muito violenta e que gerou extremo desagrado da parte da população americana, que constantemente pediu o fim desse conflito. Outra vez os EUA subestimou suas forças em relação ao contra ataque comunista e se viu encurralado pelos guerrilheiros do Vietnã do norte, que acabaram por vencer essa Guerra.
Já a situação em outros países, principalmente na América Latina foi distinta, em países como Brasil e Chile por exemplo, os EUA conseguiram com sucesso apoiar ditaduras que pretendiam defender os interesses americanos em seus territórios. Um último caso de intervenção americana no exterior exposto pelo autor é o do Oriente Médio, que por possuírem grandes reservas de petróleo e desse modo possuíam relevância para os EUA. Nesse caso, o governo americano até conseguiu estabelecer uma hegemonia através de alguns Estados clientelistas, mas isso gerou nessa região uma extrema instabilidade social e um antagonismo entre os muçulmanos e os norte americanos.
Seguindo o capítulo, Purdy retoma ao tema das questões raciais nos EUA, fazendo uma breve análise sobre o que foi e como se deu o “Movimento por Direitos Civis”. O cenário culminante para o surgimento desse movimento foi a intensa segregação racial imposta pelos brancos aos negros, extrema pobreza acoplada a violência que a camada negra da população sofria constantemente. Todavia, eles não se contentam em serem apenas vítimas passivas e se organizaram de diversas maneiras para tentar mudar essa situação. Com líderes como Dr. Martin Luther King e Malcolm X por exemplo, o movimento ganhou força, ideologia e adesão de jovens brancos da Nova Esquerda. Essas mobilizações atingiram o apogeu em 1963 com a Marcha de Washington, entretanto toda essa manifestação gerou um contra ataque da parte racista da população que atacou com brutalidade os afro descendentes e o movimento viu seus líderes serem presos e assassinado. Mesmo sem um apoio governamental significativo, essa camada populacional continuou a protestar:
A frustração com os limites e a lentidão das mudanças e as animosidades enraizadas em séculos de opressão foram o caldo de cultura dos 341 motins urbanos de negros em 265 cidades, que explodiram entre 1963 e 1968. Reação à brutalidade da polícia foi, freqüentemente, a causa imediata dos distúrbios que mataram 221 pessoas e deixaram dezenas de milhares presos, a maioria negros. (Purdy, 2008, pg. 247)
Por fim, através de políticas públicas geradas pela pressão popular, uma classe média negra ascendeu nos EUA, porém com apenas 60% do poder monetário da classe média branca, ou seja, mesmo que os negros finalmente pudessem ocupar cargos que lhe dessem poder político, ainda sim eram os brancos aqueles que detinham o poder econômico. Dessa forma, a população negra, majoritariamente, continuou vivendo em meio a pobreza e o descaso governamental, o que gerou uma explosão de gangues na década de 1970 nos bairros negros.
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