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A Identidade Cultural na Pós-Modernidade

Por:   •  26/8/2018  •  Artigo  •  1.775 Palavras (8 Páginas)  •  222 Visualizações

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HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 10 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.

        Uma das questões mais discutidas na teoria social é a questão da identidade.  A discussão gira justamente em torno do argumento de que as velhas identidades, que durante muito tempo estabilizaram o mundo social estão em declínio, fazendo aparecer novas identidades, o indivíduo moderno passa a ser então desfragmentado, estes por sua vez eram vistos até então enquanto um sujeito unificado, centralizado na figura de um EU.

        A denominada crise das identidades (crise identitária) vem deslocando as estruturas e os processos das sociedades modernas e abalando as referências que davam aos indivíduos uma ancoragem estável no mundo social. Existe de fato uma crise de identidade? Em que ela consiste? Em que direção ela aponta?

        As identidades modernas estão sendo “descentradas”, deslocadas ou fragmentadas, a questão mais discutida na obra é a “descentração”, e segundo o próprio Hall, a opinião dentro da comunidade sociológica está ainda muito dividida acerca do assunto. “O próprio conceito de “identidade”, é algo demasiadamente complexo, muito pouco desenvolvido e muito pouco compreendido na ciência social contemporânea.”

        Um tipo de mudança diferenciada está transformando a sociedade moderna no final do século XX. Tudo isso contribui para fragmentar as paisagens culturais de gênero, etnia, raça, nacionalidade, etc, e essas por sua vez forneciam sólidas localização as pessoas como indivíduos sociais. Estas também estão mudando nossas identidades pessoais, abalando a ideia que temos de nós mesmos como sujeitos integrados.

        Já não se sabe se somos brasileiros ou norte-americanos, cristãos ou budistas, o conceito dependerá de como nos identificaremos com determinada cultura, com um seleto jeito, ou maneira de comportar-se e ser dentro de um grupo.

        “Esta perda de um “sentido de si” estável é chamada algumas vezes de deslocação ou descentração do sujeito”.

        “Esse duplo deslocamento-descentração dos indivíduos tanto de seu lugar no mundo social e cultural quanto de si mesmos, constitui uma “crise da identidade” para o indivíduo”.

        Três concepções de identidade são possíveis serem percebidas ao longo da história da humanidade, sendo elas:

O sujeito do Iluminismo: Esta concepção estava baseada na ideia de centralidade do indivíduo, esse é tido enquanto unificado, dotado de capacidade de razão, consciência, razão, possuindo um “centro”, núcleo interior que vinha à tona quando este nascia, se desenvolventdo ao longo de sua vida, mas permanecendo o mesmo ao longo da existência, demonstrando que haveria aí uma essência, centralidade, um certo inatismo desse sujeito que possuía em si um “eu”, nascido consigo, levado ao longo de sua existência.

Este “centro” era sua identidade e o sujeito iluminista era descrito enquanto masculino.

        Por sua vez, o sujeito sociológico seria aquele que refletia a complexidade do mundo moderno e a consciência de que o núcleo interior desse indivíduo não era em si auto-suficiente, mas sim formado em uma relação com “outras pessoas importantes para ele”, a cultura dos mundos que ele/ela habitava, G.H Mead, CH. Cooley e os denominados interacionistas simbólicos são os principais elaboradores dessa concepção interativa da “identidade do eu”.

Nessa visão, leva-se em consideração a teoria de que a identidade é formada na interação entre indivíduo (eu) e sociedade. Para tanto, o sujeito aqui ainda apresenta um núcleo ou essência interior (eu real), mas este é formado no constante diálogo (interação) com os mundos culturais (exteriores) e as identidades que nesses mundos oferecem a esse ser.

“A identidade, então, costura, usando uma metáfora médica (sutura) o sujeito à estrutura”.

   São justamente esses pontos, essas ditas (coisas) que agora estão se modificando. O sujeito antes era possuidor de uma identidade unificada e estável, mas esta por sua vez está tomando a forma de fragmentação, composta não apenas de uma única, porém várias identidades, algumas vezes contraditórias e não-resolvidas.

  O que acontece é que as ditas, que compunham as paisagens sociais “lá fora”, que asseguravam nossa conformidade subjetiva, estão entrando em colapso, tudo isso é resultado de mudanças estruturais e institucionais.

  O proceso de identificação, através do qual nos projetamos em sociedade, em nossas identidades culturais, tornou-se variável e problemático e daí produz-se o sujeito pós-moderno, esse não tem uma identidade fixa, é um jogado no mundo. Não é essencial ou permanente, é nesse sentido, uma celebração móvel, segundo o próprio Stuart Hall:

“Formada e transformada continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam (HALL, 1987).

Outro questionamento importante acerca da discussão é o de como esse sujeito, dito “descentralizado”, é posto em termos de suas identidades culturais, em particular a identidade nacional. O que está acontecendo de fato com a identidade cultural na modernidade tardia?  Como as identidades culturais e nacionais são afetadas ou deslocadas pelo processo de globalização?

Quando dizemos que somos Jamaicanos, Brasileiros, Mexicanos, estamos nos identificando com determinadas culturas,  isso tudo é simbólico, uma metáfora, uma vez que essas identidades não estão literalmente impressas em nossos genes.

No entando temos uma tendência a senti-las enquanto uma essência de nós mesmos, porém essas identidades nacionais não são coisas com as quais nascemos, mas sim formadas e transformadas no interior da representação.

Sabemos o que é ser inglês por conta da maneira como a “inglesidade” (Englishness) veio a ser representada, assim como também sabemos o que é ser paraibano por conta da Paraibanidade e a forma com que ela também veio a ser representada com um conjunto de significados, de atributos que se tornariam aderentes e essenciais do paraibano.

Nesse sentido, a nação é tomada enquanto não apenas uma entidade política, mas sim algo que produz também sentidos, nas palavras de Hall, um sistema de representação cultural. As pessoas não são apenas cidadãos legais de uma determinada nação, elas também são partícipes de uma conotação, uma ideia de nação tal como representada em sua cultura nacional. A nação é dessa maneira, uma comunidade simbólica.

Essas culturas nacionais são uma forma distintivamente modernas, e implicaram na criação de padrões que são seguidos, padrões estes de alfabetização universais, generalizando uma única língua como meio dominante de comunicação em determinado local (nação). Dessa forma, a cultura nacional se tornou uma característica central da industrialização e um dispositivo da dita modernidade.

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