A Resenha Sociologia
Por: RicieryRossi • 9/6/2019 • Artigo • 1.284 Palavras (6 Páginas) • 279 Visualizações
Resenha do artigo:
SILVA, José Augusto Medeiros. AMORIM, Wellington Lima. Estudo de Caso: O pensamento sociológico de Max Weber e a Educação. Revista Interdisciplinar Científica Aplicada, Blumenau, v.6, n.1, p.100-110, Tri I. 2012.
Resenha por:
Riciery Simões Faria Rossi[1]
EDUCAÇÃO NA PERSPECTIVA SOCIOLÓGICA DE MAX WEBER, CONTRAPONTO A SOCIEDADE DE MASSAS
Publicado no ano de 2012 por José Augusto Medeiros Silva e Wellington Lima Amorim na Revista Interdisciplinar Científica Aplicada, o estudo de caso “O pensamento sociológico de Max Weber e a Educação” faz remissões ao pensamento do sociólogo alemão e impacto da sua visão de mundo na elaboração de um método educacional racionalista.
Em sentido amplo, pode-se dizer que o estudo divide-se em duas frentes: a) uma explicação geral da obra sociológica de Weber; b) a correção entre a Sociologia do autor e a Educação em sentido formal; em outros termos, como método formador de pessoas aptas para contribuir socialmente para edificação de uma sociedade racionalizada (WEBER, 2002).
Neste sentido, importante situar Weber como herdeiro de uma tradição racionalista que, senão inaugurada por Immanuel Kant (1724-1804), nele encontrou sedimentos para o florescimento de uma concepção ordenada de sociedade, a qual encontrou verbo em Augusto Comte e sua Filosofia Positiva (FROMM, 1968).
Se Comte pretendia solidificar as conquistas da Revolução Francesa dando a estas uma espiritualidade outrora perdida, Weber rejeita tal reaproximação com a religião, relegando a espiritualidade a um segundo plano no espectro social. Esta rejeição, destaque, não se aplica unicamente ao mote religioso, se estende a todas as relações interpessoais, as quais advêm de uma espécie de tensão, onde o indivíduo acaba aderindo ou repelindo os valores vigentes na sociedade conforme sua compreensão dos movimentos que a constituem (ela sociedade).
O clímax desta interação indivíduo/sociedade se dá por meio da ação social, subdividida em quatro vértices: ação afetiva; ação racional; ação de valores; ação tradicional. A síntese deste pensamento encontraria então um “tipo ideal”, puro, uma construção mental inatingível, mas que deveria orientar as ações do indivíduo em prol da sociedade.
Uma ciência isenta de valores significava para Weber a exploração das causas e efeitos, a construção de tipos ideias que permitissem distinguir as regularidades das instituições, assim como seus desvios, e, sobretudo, a construção de relações causais típicas. (VOEGELIN, 1982, p. 24).
Ainda quanto à sociologia em Weber, o Estado deveria guiar a sociedade para a racionalização, devendo cada indivíduo ser formado para atuar dentro desta estrutura de comando. As leis revestiriam de legalidade as ações impessoais do Estado, o qual poderia modular o comportamento humano em prol da sociedade.
Quando se transporta esta ideia de racionalização da vida humana para esfera educacional, Weber acaba por compreender a Educação tão e exclusivamente como um meio de aquisição das faculdades necessárias ao exercício da cidadania. As finalidades dos processos educacionais se resumem a construção de um indivíduo social, que domine as técnicas necessárias à manutenção da estrutura vigente (WEBER, 2002), e dos privilégios da classe dominante (SILVA; AMORIM, 2012).
A manutenção da ordem social, assim, se sobrepõe e, dialeticamente, dependeria das relações familiares, religiosas, filosóficas e mesmo da vocação pessoal (em Weber, laboral) do indivíduo, tudo concorrendo para a racionalização da sociedade.
Educação sistemática, na análise de Weber, tornou-se um “conjunto” de conteúdos e regras direcionadas para a qualificação de pessoas que demonstrassem reais possibilidades de gerenciar o Estado, as empresas e a política, de maneira “Racional”. Um dos pressupostos básicos na formação do Estado moderno é a constituição de uma administração burocrática racional. Esse “processo” só ocorreu na sua totalidade no Ocidente, com a substituição gradual de trabalhadores sem qualificação, por trabalhadores qualificados, e com orientação política fundamentada em normas racionais.
O Oriente, segundo Weber, surge como modelo da Administração irracional, pois esteve baseada na concepção de que a conduta moral do Imperador, dos funcionários, bem como, das competências e habilidades adquiridas por seus conhecimentos superiores em literatura, bastariam para governar. De acordo Weber (1982), a racionalização e a burocratização mudaram o jeito de educar, ou melhor, mudou a posição social de vários indivíduos, o reconhecimento e o acesso aos bens materiais. Educar na forma da racionalização tornou-se essencial para o Estado que necessita se respaldar no Direito nacional e na burocracia... (SILVA; AMORIM, 2012, p. 4-5).
Karl Mannheim (1967, p. 96), em um primeiro momento, parece concordar com o pensamento de Weber quanto ao papel da Educação: “a unidade educacional final não é jamais o indivíduo, porém o grupo, que pode variar em tamanho, objetivo e função”; porém, ao complementar seu pensamento atesta que uma Educação que forma engrenagens de um sistema acaba criando um ambiente de tirania e caos:
... O resultado é um caos moral em que standards[2] religiosos, tradições de família e ética de vizinhança perdem terreno sem serem substituídos por outros princípios.
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