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A Trajetória Do Engenho Do Miriri

Por:   •  23/10/2023  •  Artigo  •  5.354 Palavras (22 Páginas)  •  49 Visualizações

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A TRAJETÓRIA DO ENGENHO DO MIRIRI

Pedro Jorge Coutinho Guerra

INTRODUÇÃO

A presente pesquisa analisou a implantação do engenho do Miriri, no período da História do Brasil Colonial e sua contribuição para formação da Capitania da Paraíba, visto que, as fundações das Capitanias Hereditárias fizeram parte da lógica empreendedora da Coroa Portuguesa na conquista dos territórios Além-mar. Procuramos discutir a importância estratégica desse engenho para a criação das Capitanias do Norte da Colônia. Ademais, enxergamos que os planos de utilização dos engenhos de cana-de-açúcar às margens dos principais rios paraibanos estiveram dentro da dinâmica comercial dos primeiros séculos de construção das Capitanias para ocupação do território, sendo que, nesse contexto as ordens religiosas tiveram papel fundamental na sua implementação, o que, no caso do engenho do Miriri, os religiosos de São Bento realizaram papel preponderante.

OBJETIVO

Analisar a implantação do engenho do Miriri, no período da História do Brasil Colonial e sua contribuição para formação da Capitania da Paraíba, visto que, as fundações das Capitanias Hereditárias fizeram parte da lógica empreendedora da Coroa Portuguesa na conquista dos territórios Além-mar.

METODOLOGIA

A pesquisa é de cunho bibliográfico e documental, aportada na teoria dos estudos decoloniais, bem como se ampara na análise fontes por meio do Método Histórico, utilizando as etapas e procedimentos, a saber: a heurística, a crítica e a interpretação, tanto na historiografia, como nos relatórios sobre as Capitanias do Norte da América Portuguesa e toda a estrutura de exploração e sulbaternização de Povos indígenas e africanos, para efetivação do projeto colonizador europeu.

DESENVOLVIMENTO

A pesquisa pretendida iniciou-se pelas inquietações em histórias contadas pelos meus avós, memórias que falavam da luta pela terra, porém, também estava do lado dos trabalhadores dos canaviais do engenho do Miriri. Não somente pela perspectiva do grande latifundiário, homem rico paraibano, o senhor do engenho dos dias atuais, aquele cujas terras ultrapassavam os dois lados do rio Miriri. Como também, pela ótica dos subalternos.

No entanto, a sensibilidade de aprender com o homem simples nos leva a perceber, assistir a dor, a dor daquele que está integrado ao trabalho no canavial, sem estudo, sem qualificação profissional, dependendo de um salário que, muitas vezes, não permite suprir as necessidades básicas da vida urbana e rural.

Foi assim que procurei conhecer o curso de Especialização em História do Nordeste do Brasil da Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP, em Recife. As discussões sobre os homens e as mulheres escravizados – capturados do outro lado do Atlântico e trazidos para cá, sem direito algum, sem vida nem feição, jogados em lugares desconhecidos, vivendo ao relento, sofrendo e sendo violentados, tudo por causa da terra, do canavial – trouxeram a sensibilidade ao tema.

Assim, pretendemos discutir como foi sendo construída a importância estratégica da criação de Capitanias no Norte da Colônia, no caso da Paraíba. Ao mais, discutiremos as estratégias de utilização dos engenhos de cana-de-açúcar às margens dos principais rios paraibanos, que estiveram dentro da lógica do comércio dos primeiros séculos de formação das Capitanias, sendo que, nesse contexto as ordens religiosas tiveram papel fundamental na sua implementação, o que, no caso do engenho do Miriri, a ordem de São Bento teve papel preponderante.

Para isso, traçamos os seguintes objetivos: analisar a construção do engenho do Miriri, no período colonial, e sua contribuição para formação da Capitania da Paraíba. Além disso, discutir as formações das Capitanias Hereditárias, como parte da lógica empreendedora da Coroa Portuguesa, na conquista dos territórios além-mar. Bem como, perceber as estratégias de utilização dos engenhos de cana-de-açúcar, às margens dos principais rios paraibanos, que estiveram dentro da dinâmica do comércio dos primeiros séculos de implantação das Capitanias no Norte da Colônia, e por fim, apresentarmos a Ordem religiosa de São Bento, no papel fundamental de empreender o engenho do Miriri.

Sendo assim, iniciaremos a pesquisa traçando alguns conceitos e perspectivas sobre a temática, que principiaram a história e a implantação da economia açucareira na Capitania da Paraíba. Regina Gonçalves (2007) possibilita-nos demonstrar que, a expansão da economia açucareira para a capitania da Paraíba (1585-1630), via processo de conquista, foi consequência do contexto pelo qual passava Pernambuco. Esta capitania encontrava-se extenuada em termos fundiários, faltavam terras para aumento da produção – e sociais – era necessária uma área na qual os filhos da “nobreza da terra” pudessem se instalar.

Desta forma, destacam-se que os serviços prestados por essa “nobreza”, dentro da economia de mercês, eram retribuídos pela Coroa com terras, ofícios militares e burocráticos. Nesse sentido, existiu a instalação de conflitos entre integrantes dessa elite, que, no entanto, foram abafados pela necessidade de consolidação da conquista, posto que se receassem os índios Potiguares que ocupavam a região anteriormente e, por isso, estabeleceram uma aliança. Tal aliança será desfeita somente em 1634, momento em que a região será invadida pelos batavos e/ou flamengos (GONÇALVES, 2007).

Outro conceito adotado para pesquisa, a qual ancorou à abordagem, dar-se-á ao termo cunhado para Capitanias do Norte, extraído do título das obras de João Fernando Almeida Prado, publicado em quatro volumes entre 1939 e 1942, o qual discute, entre outros temas, os primeiros povoadores da região no período até 1630.

A este período em trama, propõe que a colonização basicamente foi feita no litoral de Pernambuco e Itamaracá, com pequenos núcleos na região costeira da Paraíba e Rio Grande. Certamente, nesse momento, Olinda foi o grande centro difusor das expedições de conquista para o litoral Norte. Porém, como discutiremos adiante, como houve mudança na conformação das próprias Capitanias, com criação de uma nova e redução territorial de outras duas, não havia uma percepção de certo conjunto do que pretendemos chamar de Capitanias do Norte (ALMEIDA PRADO, 1932-1942).

Dado a isso, temos no trabalho clássico de Vera Lúcia Costa Acioli (1997), que analisa os conflitos de domínio, que mencionam as disputas do Governo de Pernambuco em subordinar as Capitanias do Norte. Temos ainda, a pesquisa de Evaldo Cabral de Mello (2003) que discute os conflitos intraelites da própria Capitania de Pernambuco, e apesar de fazer pouca relação com as capitanias vizinhas, utiliza o termo Capitanias do Norte.

Este trabalho versa sobre a história às margens do rio Miriri e a construção do seu engenho de mesmo nome entre os séculos XVI e XVII, dentro do processo formador da Capitania Hereditária da Paraíba. Nesse rio, encontramos menções em vários trabalhos de importância para a historiografia brasileira do caminho do açúcar, como os de Adrian van der Dussen (1947) e Gilberto Freyre (1969), todos aqui serão utilizados para demonstrar sua relevância na construção da história da Paraíba.

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