Analise de Fonte
Por: Hanna Mery • 21/9/2021 • Ensaio • 1.235 Palavras (5 Páginas) • 111 Visualizações
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Universidade de Brasília
Departamento de História
Disciplina: Moderna 1
Docente: Marina Bezzi
Discente: Hanna Mery Lima Alves
Matrícula: 16123895
Turma: A
Análise de Fonte 1
A Querelle de Femmes:
Análise de fonte articulada entre “A cidade das Damas”, “O cortesão”.
29/08/21
O preconceito contra as mulheres que era costume no meio social tomou força e solidez ao passo em que essas ideias misóginas foram escritas repetidas vezes em livros de política, filosofia e literaturas medievais e, anos depois, impressas e traduzidas na modernidade. Porém, nesse contexto, escritoras e escritores se objetivaram a escrever defesas às mulheres e críticas às depreciações impostas pelos homens nos livros. A Querelle de Femmes é composta por esses debates intelectuais originados na idade média quanto à questão da mulher e seu papel na sociedade.
A Cidade das Damas é uma obra escrita por Christine de Pizan em 1405, uma grande referência feminista medieval de Paris. O livro de Pizan foi traduzido e apresentado detalhadamente por Luciana Eleonora de Freitas. Na parte I do “Livro Primeiro”, Pizan começa contando o que lhe inspirou a escrever e qual o objetivo de sua obra, que pode ser lida como uma resposta contra a maioria dos manuscritos que desprezavam as mulheres e ficavam impondo seus papéis sociais. Pizan se dedicou a responder o porquê de muitos filósofos, políticos, cientistas e clérigos condenarem as mulheres em seus escritos, utilizando-se de bases religiosas e naturais não sólidas para justificar seus argumentos e crenças.
Para escrever seu livro, Pizan explica que dialogou com três damas que aparecem após suas súplicas, Dama Razão, Dama Retidão e Dama Justiça. Assim como faziam os homens, utilizando do irracional para justificar sua misoginia, Pizan utiliza de figuras que possuem aparições como entidades espirituais para lhe orientar na construção da Cidade das Damas. Esta cidade é utopicamente uma sociedade justa na qual as mulheres são protegidas de qualquer mal proferido pelos homens. Mas conhecendo os homens e suas implicâncias, Pizan frisou que a Cidade das Damas seria fundada na terra das letras, demonstrando sua capacidade e racionalidade enquanto mulher.
Na parte VIII do livro de Pizan é que os trabalhos começam com a orientação da Dama Razão. Essa ideia de Pizan é bastante significativa, pois ela usa do argumento racional para ir contra julgamentos irracionais feitos pelos homens. A partir da razão, Pizan explica os porquês de homens condenarem as mulheres como inferiores, imperfeitas, um erro da natureza, etc. Demonstrando assim uma característica importante nessa transição da idade média para a moderna, que é a moralidade e o uso da razão humanista para explicar as coisas:
“[...] uns por causa de seus seus próprios vícios, outros devido à enfermidade de seu próprio corpo, outros por pura inveja, outros ainda porque adoram maldizer. Outros, ainda, para mostrar que leram bastante, baseiam-se mais naquilo que encontraram nos livros e fazem apenas citar os autores, repetindo o que já foi dito.”
(PIZAN, 2012, p. 75)
Não se sabe nomear quais homens foram lidos e conjuntamente criticados por Christine de Pizan em sua magnífica obra, mas é possível dizer que das coisas que foram lidas por ela, não se difere das coisas ditas por Gasparo na obra de Baldassare Castiglione. No círculo de escritores políticos que elaboraram manuais de formas de governo, como Nicolau Maquiavel que escreveu O Príncipe e Giovanni Botero que escreveu Razão de Estado, Castiglione foi um conde e diplomata italiano que se insere neste círculo escrevendo O Cortesão em diálogo com D. Miguel da Silva .
O Cortesão é um livro de etiqueta e ética cortesã elaborado em forma de diálogo. Os trechos analisados de O Cortesão são do IX ao XVII que se refere ao Terceiro livro onde há o diálogo entre Gasparo e Magnífico. Nesta parte do livro é discutido sobre os comportamentos de uma mulher palaciana e suas obrigações de etiqueta. Há uma discussão sobre exercícios que a mulher deve e não deve fazer para ser bem vista entre sua sociedade. Magnífico se apresenta contra mulheres praticarem atividades, que na visão dele são atividades grotescas e másculas, que fazem mais sentido aos homens praticarem do que as mulheres. Nesse sentido, Magnífico aconselha que mulheres tenham mais conhecimento das letras, músicas e de comportamentos em festejos para que assim mereçam serem finalmente honradas para um cortejo.
No trecho X, Gaspar ri das ideias de Magnífico, e faz gozação apontando que alfabetizar uma mulher seria um piada, pois sugere que uma vez letradas, essas mulheres logo fariam leis, governariam, e por fim alternariam suas funções com os homens, estes iriam para a cozinha (CASTIGLIONE, 1997, p. 197). Na sequência abre-se uma discussão sobre argumento e contra argumento entre estes dois personagens, onde Gaspar se demonstra mais conservador quanto às atividades das mulheres e suas sujeições, enquanto Magnífico discorda utilizando argumentos mais favoráveis às mulheres.
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