CARACTERÍSTICAS E EVOLUÇÃO DAS CONSTRUÇÕES HUMANAS NA ANTIGUIDADE
Por: Uarley Peixoto • 10/5/2018 • Artigo • 2.788 Palavras (12 Páginas) • 351 Visualizações
CARACTERÍSTICAS E EVOLUÇÃO DAS CONSTRUÇÕES HUMANAS NA ANTIGUIDADE
Uarley Iran Peixoto da Silva
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RESUMO
Este artigo visa analisar o processo de habitação e construção da espécie humana, suas principais motivações e caraterísticas em diversas sociedades durante o período que compreende o mesolítico pré-histórico até as grandes sociedades da antiguidade, como os egípcios e sumérios. Objetiva-se mostrar os múltiplos usos que as habitações e construções humanas tiveram em diferentes sociedades, desde o uso de cavernas até grandes complexos palaciais.
Palavras chaves: Construções – Antiguidade – Sociedades – homem
INTRODUÇÃO
Durante o período paleolítico, o homem conquistou o status de ser pensante, diferente de outros animais (e seus antepassados) com o advento de alguns fatores; como a postura ereta, a caça a outros animais, a produção de ferramentas e o domínio do fogo (ELIADE, 2010, p.17). O autor Mircea Eliade, no primeiro capítulo de sua obra “História das crenças e das ideias religiosas” claramente com foco em falar sobre o surgimento das primeiras atividades e concepções de sacralidade nos paleantropídeos, nos mostra entre outras coisas, como essa motivação sagrado-religiosa está diretamente ligada aos primeiros registros de agrupamentos humanos no que hoje conhecemos por “casas” e que essa ligação permaneceu por muito tempo.
É no segundo capitulo se sua obra que Mircea Eliade fala sobre como se deu os primeiros processos de sedentarização do homem, e assim, sua dependência e ligação em um único espaço de terra. Segundo ele, com o fim da época glacial, a paisagem na terra mudou de forma drástica: a caça se tornou mais escassa e os paleantropídeos tiveram que instalar-se nas bases de lagos e litorais para praticar a pesca. As culturas que se desenvolveram a partir desse período foram conhecidas como mesolíticas, e apesar de não terem deixado grandes contribuições na Europa, na Ásia e em regiões do oriente esta época se torna extremamente importante para o desenvolvimento do homem, é onde os primórdios da agricultura surgirão e a domesticação dos primeiros animais. (ELIADE,2010, p. 41)
Conforme fala (ELIADE, 2010, p.44), foi no oriente próximo, especificadamente na Palestina, que o mesolítico marca uma era transformadora para o homem, apesar de seu caráter transitório. Foi na Palestina que os caçadores do final do paleolítico parecem ter começado a habitar cavernas por intervalos de tempo maiores. Porém tudo indica que os pioneiros na vida sedentária teriam sido os humanos pertencentes a cultura natufiana. Eles habitaram tanto cavernas quanto lugares ao ar livre, haviam descoberto o caráter alimentar de cereais silvestres e como beneficiá-los com instrumentos de pedra (ELIADE, 2010, p.44)
No período neolítico, o domínio da agricultura foi se intensificando gradualmente, e também o papel da mulher na vida do homem. As mulheres agora exerciam o trabalho nos campos cultivados e detinham conhecimentos acerca das espécies vegetais. Esse fator fez com que seu papel social fosse realçado, e que acontecesse o que é chamado pelo autor de “matrilocação”. O homem agora viveria na mesma habitação que sua mulher, teriam o reconhecimento acerca de suas proles e dariam início aos primeiros núcleos familiares. (ELIADE, 2010, p.50).
Também é nesse período que se intensifica de vez o caráter sedentário das comunidades humanas, compostas agora por agricultores. (ELIADE, 2010, p.53) afirma que o “centro do mundo” para essas populações passa a ser o espaço onde elas vivem: suas casas, aldeias e campos cultiváveis. E nesses espaços, cotidiano e religiosidade vão se entrelaçar de diversas formas, como explica (ELIADE, 2010, p.53) ao analisar construções neolíticas da cultura chinesa de Yang-chao, que tinham uma abertura no teto, como as habitações contemporâneas de comunidades da Ásia e do Tibete. Eliade afirma, que tal qual essas comunidades contemporâneas atribuem a essas aberturas um sentido cosmológico, as pertencentes a cultura Yang-chao deviam ter sentido semelhante. O autor afirma que “ o simbolismo cosmológico da habitação é atestado em numerosas sociedades primitivas” , assim se a habitação é utilizada em quase todas as culturas como algo além de simples abrigo, dotada de significados cosmológicos e sagrados, não se compreenderia por que razão o homem do neolítico no oriente próximo seria uma exceção a isso (ELIADE, 2010, p.53).
MESOPOTÂMIA
Para melhor compreensão dos processos habitacionais que surgiram na mesopotâmia, faz se necessário entender essa região como um todo. A mesopotâmia era composta por três regiões: a Assíria, ao norte, Acad, ao centro, e sumer, ao sul. Os neoaasírios, habitavam o norte da região, e por muito tempo tentaram incorporar outros reinos a seus domínios. Essas tentativas fizeram com que surgissem a formação de coalizões de vários pequenos reinos determinados a resistir a essa expansão neoassíria. Uma das coalizações formou uma espécie de estado secundário, chamado de Urartu, que tinha “impressionantes fortalezas nas montanhas, palácios, templos, depósitos e centro para a realização de cultos. ” (GRAHAN, 2012, p.83). No Sul, uma das sociedades que mais se destacaram foi a dos sumérios.
SUMERIOS
Conforme (ROSSI, 2009, p. 29), a civilização suméria teve um grande panteão de Deuses, em torno de 3.600. Não tinham uma unidade política centralizada e possuíam uma organização baseada em cidades-estados. Cada uma dessas cidades tinha um governante próprio e um Deus, que tinha uma influência maior na cidade por exercer função protetora, e o qual era destinado o culto no templo principal da cidade. O autor também afirma que esses grandes templos principais ficavam a cargo de, primeiramente governantes da cidade, e depois, de sacerdotes treinados para tal oficio, que deveriam prover de boa família e não terem deformidades físicas, e seriam os responsáveis pelos ritos de celebrações e adoração nos templos (ROSSI, 2009, p.33).
(ROSSI, 2009, p.35) diz que pouco se tem acerca de informações sobre as habitações e religiões do povo comum da suméria, sendo a maior informação resgatada referente aos templos e palácios. Porém com essas informações, consegue-se ver que os templos construídos eram não somente locais de adoração, possuíam também quartos anexos destinados aos sacerdotes, que ali moravam. O autor afirma também que “ Mais importante que a festa do ano novo, era a construção dos templos. Era também uma repetição da cosmogonia, pois o templo, ou seja, o palácio do deus, representava a imago mundi por excelência” (ROSSI, 2009, p.35).
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