“Colonização, miscigenação e questão racial: notas sobre equívocos e tabus da historiografia brasileira”
Por: Yasminbraganca • 13/7/2016 • Resenha • 1.096 Palavras (5 Páginas) • 1.241 Visualizações
ICHF - Instituto de Ciências Humanas e Filosofia
História das Ideias Políticas no Brasil República
Professora: Karla Carloni
Aluna: Yasmin Vianna Bragança
Resenha 1
VAINFAS, Ronaldo. “Colonização, miscigenação e questão racial: notas sobre equívocos e tabus da historiografia brasileira”. “Revista Tempo”. n.08. dez. 1999.
O artigo é escrito pelo historiador e professor de História Moderna na Universidade Federal Fluminense Ronaldo Vainfas, considerado um dos principais historiadores do país, sendo Ideologia e escravidão uma das suas obras de destaque. O foco principal desse artigo é perpassar por oito autores que pensaram o Brasil e, principalmente, demonstrar a historiografia brasileira sobre a miscigenação.
Vainfas inicia o artigo defendendo que é necessário dar destaque para o encontro de povos trágico e com conflitos, oriundo do desco[pic 1]brimento e da colonização da América portuguesa. A partir desse momento foi possível o contato entre culturas diversas, criando novos comportamentos, crenças e a “miscigenação étnica” ou “miscigenação racial”.
O primeiro autor que Vainfas destaca é Karl von Martius, alemão que defendia uma proposta inovadora, a qual afirma que o cruzamento das três raças (branca, indígena e negra) seria fundamental para compreender a história brasileira. Porém, não há muito aprofundamento sobre esse assunto. Além de ter supervalorizado a contribuição portuguesa, desaparecido com o papel dos negros e colocando os índios em segundo plano. Quase nenhum autor seguiu essa sua ideia no século XIX e após o advento da república.
Logo após, aparece Varnhagen com sua obra factual, ressaltava a Restauração dos Braganças, focava numa “História branca, elitista e imperial”, ou seja, a miscigenação de qualquer âmbito não foi mostrada, não seguindo em nada Martius.
Capistrano de Abreu foi o grande historiador da virada do século e deu foco para a sociedade colonial, seus desequilíbrios e contrastes e as diversidades regionais. Contudo, quase não discorreu sobre a questão da miscigenação, apenas se atentando a estereótipos, como a mestiçagem sendo um perigo para a sobrevivência das civilizações, muito influenciado pela “raciologia cientificista”, acompanhado por Nina Rodrigues, Euclides da Cunha, Silvio Romero, Oliveira Vianna, entre outros. Vainfas ameniza suas críticas à Capistrano, ressaltando que o mesmo critica a intolerância contra os cristãos novos.
Para Paulo Prado, o problema principal do Brasil estava na miscigenação, também influenciado pela raciologia do fim do século XIX. Destaca também a “embriaguez sexual e multirracial” no Brasil, além da inferioridade racial do negro. Ele concorda com Martius a respeito dos índios, mas estuda esse povo sob uma perspectiva preconceituosa.
Em geral, até a década de 1930, a historiografia considerava a miscigenação como um problema moral ou patológico, o qual deveria ser solucionado para a nação evoluir. Uma única exceção a essa historiografia seria Manuel Bomfim, que considera a miscigenação racial como algo positivo na formação da sociedade brasileira. Vainfas considera a obra de Bomfim como um antídoto à Paulo Prado.
Durante as décadas de 1930 e 1940, a historiografia brasileira tem três principais autores: Gilberto Freyre, Sergio Buarque de Hollanda e Caio Prado Jr. O primeiro trata bastante da questão da miscigenação, deixando de usar o conceito de “raça” e adotando o conceito de “cultura”, influenciado por Franz Boas. Mesmo sendo muito criticado por defender a democracia racial no Brasil, Freyre valorizou bastante a fusão das três raças e sua importância na formação do Brasil, sendo um pioneiro em sua teoria. Sergio Buarque de Hollanda pouco avançou nesse âmbito da miscigenação. O autor segue Freyre em relação à não haver “orgulho de raça” no Brasil.
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