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Cultura, História, Valores Patrimoniais e Museus

Por:   •  7/11/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.276 Palavras (6 Páginas)  •  287 Visualizações

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Cultura, História, Valores patrimoniais e museus


Culture, Histoire, Valeurs
patrimoniales et musées


Culture, History, patrimony and museums

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Nome: Madalena De Jesus
Nº de aluno: 43045




 Ao longo da história, foi designado de património tudo aquilo que se identificasse com a tradição da literatura artística, que associou artistas e artesãos voltados para a criação de um território e de um repertório dos seus monumentos, coleções e das suas obras-primas. Esta é a definição clássica de património. Nos séculos XVII e XVIII, o património local alimentou a curiosidade variada dos antiquários direcionada mais aos utensílios, as pedras gravadas e aos figurinos do que aos seus costumes.
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A inteligência material do passado

   Se aceitarmos que o nascimento da História é ligado ao “domínio do antiquado sobre o historiador”, tem-se aqui desenhada a relação progressiva entre os objetos do quotidiano e a história tal qual foi construída enquanto literatura académica. Durante o século XVIII, o desenvolvimento da ciência dos antiquários e colecionadores fortaleceu as ligações entre o patriotismo e as pesquisas artísticas e arqueológicas: na Itália, quando tomaram consciência, os diferentes estados comprometeram-se a proteger os tesouros nacionais das vicissitudes do mercado.
 Sob o primeiro império, Michelet fez do incipit a sua vocação, identificando-o a uma ressurreição do passado. A partir deste momento a museografia da história foi danificada pela capacidade de trazer de volta, de maneira fiel, o passado para o presente e, simultaneamente, de garantir a verdade de uma narrativa inteligível. Após a Revolução Francesa o património ganhou relevância, tornando-se crucial. Com a revolução há um grande número de confiscos, de realojamentos de propriedades e há a liquidação de um grande número de heranças anteriormente mantidas pela igreja, o que acaba por provocar uma série de apreensões de obras de arte antigas e modernas, em favor do Louvre e dos museus da província francesa, graças ao Tratado de Tolentino. Com a restauração do Antigo Regime, após a queda de Napoleão, não se conseguiu retornar à situação anterior, graças as transformações ocorridas no tecido social. Com estas transformações, destruir o património passou a ser uma questão ideológica na luta entre a tradição e o progresso.
O uso tradicional do património pelos seus habitantes, baseia-se na familiaridade da vida quotidiana que se construiu por meio de erros de apreciação. Por outro lado, a patrimonalização moderna, ao qual o museu proporciona um lugar exemplar, legitima-se largamente por meio de uma leitura esclarecedora e critica das obras e dos objetos, impondo um quadro propicio ao seu reconhecimento autêntico no seio do sistema de interpretação histórico e formal específico.
 Segundo o historiador Quatremére de Quincy, o património é cultura já que “o verdadeiro património de Roma é o céu de Roma, sua paisagem de colinas, a mentalidade de seus habitantes, a música, a língua e que seus monumentos”. Em 1815 surge uma nova Era do património, marcada pela consciência triste da história, por uma sensibilidade inédita em relação ao património material e pela consciência de um compromisso necessário com o lugar. A reflexão sobre o património agora passa a estar vinculada a uma exigência da inteligência do seu contexto.
A partir de 1830, o monumento passa a ter um lugar privilegiado no quesito património, pois os mesmos encarnam a fisionomia da pátria, oferecendo uma lição de história da civilização.
 O culto moderno dos monumentos, segundo Alois Riegl, tenta aumentar a consciência europeia em relação ao património. O autor destaca os valores de intencionalidade, de historicidade e de antiguidade nas atitudes para com os monumentos e julga que o conjunto de atividades eruditas e dos investimentos patrióticos que determinaram as práticas vigentes no século XIX acabou, por ceder ao gosto sentimentalista pelo antigo, ligado as marcas de erosão do tempo inscritas sobre o monumento, ou pelo menos aos vestígios de sua ruína. A partir de 1960 passa a existir uma nova definição de cultura, que passa a incluir os diversos aspetos das práticas sociais, no momento em que a paisagem material e imaterial está a passar por rápidas transformações. O património é o resultado de reconstruções com base na classificação e na escolha, bem como de esquecimentos seletivos e de comemorações voluntarias.

Os museus entre o património e a história

  A relação entre museu e património é, tanto óbvia quanto paradoxal. Obvia, pois, geralmente fala-se de “museu perdido” para evocar não somente o desaparecimento de objetos e de coleções, mas também de monumentos, de castelos e de outras vítimas de inúmeros vandalismos. No entanto, a ligação entre museus e património é, também paradoxal, já que o património in situ é negado, ou pelo menos repetido por um outro. O museu apega-se à afirmação de uma inovação intelectual que tende a se consolidar com o aumento da confiança na sua versão ocidental, corrente ao pregresso continuo da exigência de inteligência contextual no seio das ciências humanas e sociais.
 O património pretende encarnar as visões gerais da ciência, quando a nação começa a tomar “consciência de si mesma como uma nação”, o mesmo é tanto uma abertura para o futuro como um laboratório e um arquivo da história. Tanto ao património, como aos museus, é atribuída uma responsabilidade educacional, a circulação de jornais e a formação de “comunidades imaginárias contribuem para o ensino obrigatório.
 Segundo Leopold Von Ranke, deve-se reproduzir a vida da mesma maneira que ela foi vivida, deve-se “mostrar o que realmente se passou”. Nos EUA Henry Ford colecionou vários itens, de forma que Greenfield Village foi considerado o maior museu a céu aberto do país. Ford queria promover “a história do nosso povo tal qual ela está escrita nas coisas que suas mãos têm fabricado e usado”, numa perspetiva de retornar ao real e d repetir o passado.

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