Cultura: Um conceito antropologico
Por: Luan Veloso • 3/4/2016 • Resenha • 1.791 Palavras (8 Páginas) • 653 Visualizações
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: Um conceito antropológico. Rio de Janeiro. Zahar, 2015.
Luan Veloso da Silva
Primeira Parte: Da natureza da cultura ou da natureza à cultura.
O autor, no principio demonstra a preocupação de alguns estudiosos em relação aos povos e compara as várias visões desses pesquisadores de diferentes épocas. Embora introduza a idéia de que são insuficientes as explicações do determinismo biológico e geográfico para explicar o comportamento desses povos.
1. O determinismo biológico
Neste capitulo o autor deixa claro que partilha da mesma idéia de que as diferenças genéticas não determinam diferenças culturais, ou seja, que o determinismo biológico não influencia na formação de uma identidade cultural. Afirma Laraia que o comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado, um processo que chamamos de endoculturação.
2. O determinismo Geográfico
Teorias desenvolvidas por geógrafos no final do século XIX e inicio do XX ganharam ênfase afirmando que a cultura de um povo pode ser influenciada pelo espaço, já o autor afirma que não é possível admitir a idéia do determinismo geográfico, pois, diz que a “ação mecânica das forças naturais sobre humanidade puramente receptiva”, portanto, a cultura age seletivamente e não casualmente sobre seu ambiente.
3. Antecedentes históricos do conceito de cultura.
Edward Taylor foi o primeiro autor a definir a cultura humana como o “o complexo que inclui conhecimentos, crenças, artes, moral, leis, costumes e quaisquer outros hábitos adquiridos pelo homem como sociedade”. Admitindo que este conceito seja uma mistura de vários pensamentos com a mesma linha ideológica, o autor mostra ainda que fossem realizados vários estudos como os de Locke, Jacques Turgot, Jean-Jacques Rousseau, tais autores buscavam quebrar a idéia da relação entre o natural e o cultural, como que se interagem diretamente, o que chegou a provocar uma confusão de seu conceito e de sua desconstrução.
4. O desenvolvimento do conceito de cultura.
No inicio deste capítulo, o autor cita a visão de Taylor sobre a antropologia, que define cultura como um fenômeno natural e sofre mudanças ao se desenvolver em sociedade, se objetivando a mostrar a igualdade humana, e suas diversidades culturais. Neste capitulo também o autor expõe a visão de Kroeber e a sua visão do ser humano como único ser capaz de criar seu processo evolutivo, ao superar o orgânico, segundo Kroeber, ao invés de mudar seu aparato biológico, a cultura é que se adapta aos diferentes ambientes ecológicos, desse modo o ser humano foi capaz de transformar todo o planeta em seu habitat. Através da endoculturação, o homem aprende a romper as barreiras dos diferentes ambientes e expandir a criação. Assim cada cultura tem sua maneira capaz de produzir de acordo com suas necessidades. O autor por fim, dá ênfase ao processo de comunicação como fator essencial para o desenvolvimento da cultura.
5. Idéia sobre a origem da cultura.
Neste capítulo Laraia apresenta idéias de diversos autores, explicações de natureza física e social. Diz Claude Lévi-Strauss, considera que a cultura surgiu no momento em que o homem convencionou a primeira regra, primeira norma. Fruto do seu aparato biológico, e de um adequado volume cerebral, a cultura foi originada a partir do homem e evoluiu ao longo do tempo, por tanto somos produtores e reprodutores de cultura.
6. Teorias modernas sobre cultura
Neste capítulo, o autor procura sintetizar os principais esforços da antropologia na reconstrução do conceito de cultura, para isso utiliza o esquema elaborado pelo antropólogo Roger Keesing em seu artigo “Theories of Culture”, qual classifica as tentativas de obter-se uma precisão conceitual.
Keesing inicialmente se refere ás teorias que consideram cultura como um sistema adaptativo, difundida por Leslie White, esta posição foi reformulada por autores como Sahlins, Harris, Carneiro, Rapport, Vayda, dentre outros. Já para W. Goodenough a cultura é um sistema de conhecimento. Claude Lévi-Strauss define a cultura como um sistema simbólico, que é criação acumulativa da mente humana.
Por fim, o autor diz que a discussão não terminou, e provavelmente nunca irá terminar, pois a compreensão do conceito de cultura significa a compreensão da própria natureza humana. Laraira, parafraseando Murdock (1932) Conclui que ”Os antropólogos sabem de fato o que é cultura, mas divergem na maneira de exteriorizar este conhecimento.”
Segunda Parte
1. Acultura condiciona a visão do homem.
No capitulo inicial, o autor cita diversos exemplos de como o homem, em decorrência da cultura tem comportamentos diversos possuindo o mesmo aparato biológico, e que o homem enxerga o mundo através de sua cultura, e considera esta como a mais correta e natural. Tal tendência etnocêntrica que é responsável por diversos conflitos sociais. O autor tenta mostrar como a cultura atua no homem e o molda no convívio em sociedade.
2. A cultura Interfere no plano Biológico
O segundo capítulo explica a grande influencia da cultura em relação a questões biológicas mais complexas, muitas vezes determinante na saúde e sobrevivência de um povo, o autor cita o exemplo da apatia. Perda de referências culturais, crenças e saudades podem interferir no funcionamento de seu sistema biológico, muitas vezes levanto até a morte um individuo. Laraia também diz que a cultura também é capaz de provocar curas de doenças, reais ou imaginárias. Ocorrem quando existe a fé do enfermo na eficácia do remédio ou no poder dos agentes culturais.
3. Os indivíduos Participam diferentemente de sua cultura.
O autor começa por afirmar que o indivíduo tem interação limitada em sua cultura, e não é capaz de participar de todos os elementos de sua cultura. A idade, por sua vez, influencia na participação cultural do homem. Laraia deixa claro que cada pessoa tem um mínimo de participação em seu meio cultural, assim permitindo sua convivência com os demais membros de sua sociedade.
4. A cultura tem uma lógica própria.
Segundo Laraia, todo sistema cultural tem a sua própria lógica e não passa de um ato primário de etnocentrismo tentar transferir a lógica de um sistema para outro. Esta lógica, diz o autor que
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