Curdistão Geografia Política
Por: fagg.professor • 28/10/2018 • Projeto de pesquisa • 5.917 Palavras (24 Páginas) • 215 Visualizações
Curdistão também denominado Grande Curdistão, é uma região geocultural maioritariamente populada pelos curdos. Com cerca de 500.000 km², estende-se pela Turquia, Irão, Síria e Iraque. Em dois destes países, o nome também refere-se a unidades administrativas internas: a província do Curdistão no Irão e a Região Autônoma Curda no Iraque. Seu nome, de origem persa, significa "Terra dos Curdos" e foi cunhado em 1150 pelo sultão seljúcida Sandjar para designar a parte do Irão ocidental povoada pelos curdos. Atualmente, os curdos são cerca de 26 milhões de pessoas, na sua maioria muçulmanos sunitas, que se organizam em clãs e, em sua maior parte, falam a língua curda. Eles constituem a mais numerosa nação sem Estado no mundo. Suas maiores cidades são Erbil e Kirkuk (no Iraque) , Erzurum e Diyarbakır (na Turquia), Kermanshah e Sanandaj (no Irão) e Al-Qamishli (na Síria).
Índice
1 História
1.1 Antiguidade
1.2 Idade Média
1.3 Idade Moderna
1.4 Século XX
2 Conflitos armados
2.1 Curdistão Iraquiano
2.2 Curdistão Turco
2.3 Curdistão Sírio
2.4 Curdistão Iraniano
3 Referências
História
Antiguidade
Segundo arqueólogos, a região do Curdistão possui evidências de uma sucessão de ocupações que inicia-se no Neolítico, cerca de 8.500 anos antes de Cristo. Nesta época, surgiram as primeiras aldeias da Alta Mesopotâmia, normalmente juntas ou próximas do Rio Tigre, devido à necessidade de água para regar e fertilizar os campos. O primeiro povo a estabelecer-se na região foram os Assírios, que fundaram diversas cidades, entre elas sua primeira capital Assur. Posteriormente, chegaram os Hurritas, que formaram um reino vizinho chamado de Mitani. O Antigo Império Assírio foi conquistado pelos Hurritas, mas partir dos séculos XIV e XIII a.C., estes começaram a ser dominados e absorvidos pelos Hititas a noroeste e pelos Assírios a sudeste. Por volta de 1200 a.C., a língua hurrita havia desaparecido dos registros cuneiformes. Há alguns autores que referem a possibilidade de tanto o povo como a língua hurrita serem um dos substratos étnicos, linguísticos e culturais do atual povo curdo, pois habitavam territórios onde atualmente vivem os curdos. Após conquistar Mitami, o Império Assírio durou até cerca de 612 a.C., quando a segunda capital Nínive foi tomada pelos Medos, um povo vindo da Ásia Central, do qual os curdos afirmam-se descendentes. Por volta de 550 a.C., os antigos Medos foram dominados pelos Persas, seu povo vizinho, que fundaram o Império Aquemênida. Após dois séculos, este império foi conquistado por Alexandre, o Grande por volta de 331 a.C., na Batalha de Gaugamela. Após a morte de Alexandre, foi fundado o Império Selêucida, de origem grega. A região montanhosa a sul e sudeste do Lago Van, entre a Pérsia e a Mesopotâmia, estava sob domínio local antes da época do historiador grego Xenofonte (430 a.C.) e era conhecida como o país dos Cardukhi ou Cardyene. Xenofonte se referiu aos curdos no Anábase como "Cardukhi... um povo bárbaro e defensor de sua residência na montanha" que atacou os exércitos gregos em 400 a.C.. Os selêucidas seriam sucedidos pelo Império Parta em 247 a.C. Nesta época, um reino chamado Corduene, situado a sul e sudeste do Lago Van, na atual Turquia, emergiu do declínio selêucida, tornando-se um reino vassalo dos Partos e, posteriormente, do Império Romano (66 d.C.). Ele permaneceu sob controle romano por quatro séculos, até 384. O historiador romano Plínio considerou os Cordueni (habitantes de Corduene) como descendentes dos Cardukhi. Ele afirmou, "vizinhos a Adiabena estão os povos anteriormente chamados Cardukhi e agora Cordueni, acima de quem navega o rio Tigre". Após 384, os persas voltaram à região, incorporando-a ao Império Sassânida. Até que 651, a região foi invadida pelos árabes do Califado Rashidun.
Idade Média
No século VII, os árabes tomam castelos e fortificações dos curdos, como nas cidades de Sharazor e Aradbaz, que foram conquistadas no ano de 643. Os curdos resistiram às invasões das tribos árabes por mais de um século. Em 846, um dos líderes dos curdos em Mosul se revoltou contra o califa Al-Mu'tasim que enviou o notável comandante Aitack para combatê-lo. Nesta guerra, Aitack saiu-se vitorioso e levou muitos dos curdos à morte. Em 903, durante o período de Al-Muqtadir (califa), os curdos novamente se rebelaram. Por fim, os árabes conquistaram os curdos e foram convertendo a maior parte do povo ao Islão. Para converter os curdos, os árabes utilizaram-se de todas as estratégias, inclusive o matrimônio. É sabido que mãe do último califa omíada Marwan Hakam era curda. Devido ao enfraquecimento do poder do Califado Abássida, os curdos passaram, a partir do século IX, a alinhar-se politicamente, estabelecendo principados teoricamente vassalos ao califado, mas na prática autônomos. Na segunda metade do século X, a região curda estava dividida em quatro grandes emirados: no norte ficavam os Xadádidas (951-1174) em partes da atual Armênia e Arran (Azerbaijão); os Rawadidas (955-1221) ficava em Tabriz e Maragha; no leste estavam os Hasanwahidas (959-1015) e os Annazidas (990-1117) em Kermanshah, Dinavar e Khanaqin; e no oeste estavam os Marwanidas (990-1096) de Diyarbakır. No entanto, a partir do século XI, a região passa a sofrer ataques vindos do leste, por turcos seljúcidas, que foram anexando um a um os principados ao seu império. Por volta de 1150, o sultão Sandjar, o último grande monarca seljúcida, nomeia a província de Curdistão. Após a fragmentação do Império Seljúcida, a Dinastia Zengida assume o poder na região, sendo posteriormente substituída pela dinastia curda dos Aiúbidas (1171-1250) da Síria, fundada por Saladino, que emergiu como a grande liderança do mundo mulçumano. Ela permaneceu no poder por quase um século, considerado um rico período na História do Curdistão. Após isto, a região é conquistada pelo Império Mongol de Gengis Khan, sendo incorporada, posteriormente, ao Ilcanato da Pérsia (1256-1335).
Idade Moderna
Na segunda metade do século XVI, com a fragmentação do Ilcanato, o Curdistão divide-se novamente em uma série de principados, mas que ainda mantinham uma identidade cultural em comum. No século seguinte, a região é disputada por Safávidas e Otomanos. Apesar de nunca terem constituído um estado independente, os principados curdos desfrutaram de relativa autonomia até 1639. Neste ano, o Curdistão é repartido entre os Impérios Persa e Otomano, pelo Tratado de Zuhab. A ideia de Estado-nação, nascida com a Revolução Francesa, ecoou no século XIX entre os curdos. Na década de 1830, o príncipe de Rawandiz lutou contra o domínio otomano, com a ideia de unificar o Curdistão. A partir daí, diversas outras revoltas curdas acontecem pelo império ao longo do século, sendo sempre sufocadas pelos turcos.
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