De pai para filho: África, identidade racial e subjetividade nos arquivos privados da família Rebouças (1838 - 1898) - Hebe Mattos
Por: daiat123 • 4/6/2019 • Resenha • 1.110 Palavras (5 Páginas) • 157 Visualizações
Instituto de Ciências Humanas e Filosofia
Departamento de História
Professora: Martha Abreu
Disciplina: História da Cultura no Rio de Janeiro
Alunos: Daiana T.
Registro da oficina
TEXTO: De pai para filho: África, identidade racial e subjetividade nos arquivos privados da família Rebouças (1838 - 1898) - Hebe Mattos
Em seu texto, Hebe trabalha com a análise de cartas e registros autobiográficos de Antônio Rebouças e seu filho, André Rebouças, no século XIX. Tais documentos registram a questão subjetiva da identidade negra de ambos, o lugar da África e a noção de raça.
Na teoria, se dizia, no Brasil, que todos os cidadãos poderiam participar de cargos públicos civis e militares, competindo somente por seus talentos e virtudes. Entretanto, a cor ainda era um estigma, vestígio de uma escravidão. Desde o século XIX, algumas desigualdades raciais foram sendo naturalizadas, por meio de argumentos de cunho biológico, que justificavam a restrição aos direitos políticos e civis. Rebouças pai e filho, intelectuais liberais, seguiram o caminho oposto à essa corrente.
Hebe trabalha, inicialmente, com o texto intitulado “Biografia do advogado conselheiro Antônio Rebouças”, onde a questão da identidade racial é praticamente inexistente. Já na publicação de 1879, o preconceito racial ocupa o lugar de destaque. Em seu texto, a autora dá atenção a algumas situações vividas por Antônio Rebouças, como, por exemplo, o episódio em que conta a experiência de discriminação racial que sofrera durante uma viagem ao Rio de Janeiro, onde conterrâneos baianos negaram convidá-lo à um jantar, com o propósito de não ofender seus convidados nobres e brancos. Rebouças “supera” o acontecido quando é nomeado secretário da província de Sergipe. Entretanto, de acordo com a narrativa, o mesmo não fora bem recebido pelos poderes locais da província. Rebouças afirma ter frustrado um plano para a derrubada do presidente da província, o que o levou a ser acusado de “haitianismo”, tendo que defender-se judicialmente.
Já em 1837, em plena eclosão da Sabinada, liderada pelo liberal mulato Francisco Sabino, Rebouças pai se manteve em oposição ao movimento, desde o início. Com a vitória dos legalistas, Antônio disputou a memória da significação política e se esforçou para desracializá-los.
Rebouças pai fora registrado como “pardo livre” Em seus escritos, sustentavam a igualdade da “raça humana”, bem como a civilização da África e africanos. bebia das mesmas fontes liberais que os revoltosos de 1837, mesmo em momentos opostos no campo político. O horizonte era a noção de direitos, mas, o silêncio edificava o convencimento de “igualdade”.
O Filho (André Rebouças)
O autor deixou diversos materiais autobiográficos nos quais predominavam um grande silencio a respeito de sua condição racial. Tal “desracialização” é notada por meio do não aprofundamento nas questões das mulheres de sua família, como por exemplo, sua avó Bazília, que seria uma escrava liberta e sua mãe Carolina Pinto Rebouças que também era negra.
A hipótese da autora, nessa parte do texto, é baseada nas cartas escritas por André Rebouças no curto período de 1891-1893, quando pretendia viajar para África. A hipótese é que a decisão da viagem está diretamente relacionada ao contexto da pós-abolição no Brasil e mostra uma profunda inflexão na construção de si de André, principalmente no campo da identidade racial.
Resumo de sua trajetória
- Formou-se em engenheiro militar na Escola Politécnica de Aplicação na Praia Vermelha no ano de 1860. Após, terminou seus estudos na Europa. Sua formação foi a de um intelectual branco de sua época, diferente da trajetória da maior parte dos negros.
- Era liberal, abolicionista e monarquista como seu pai. Rebouças foi amigo pessoal do Imperador e acompanhou-o no exílio para a Europa no pós proclamação da república.
- Foi para o continente Africano em missão e após, foi para a Ilha da Madeira onde morreu (por uma causa desconhecida pelos historiadores) no ano de 1898.
André tinha o hábito de transcrever suas cartas. No período em que foi exilado esse material apresenta uma mudança em relação ao sigilo de sua condição racial: Rebouças se
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