Diferenciar a visão histórica de Hegel, Kant e Hanke
Por: David Felício • 2/2/2017 • Trabalho acadêmico • 887 Palavras (4 Páginas) • 279 Visualizações
Fichamento de Teoria e Metodologia da
História I
Diferenciar a visão histórica de Hegel, Kant e Hanke.
Prof.: Regis
Universidade Federal do Ceará
Fortaleza, Maio de 2014.
Hegel e Kant apresentaram diferentes pontos de vista sobre a História, porém foram os primeiros pensadores a introduzirem esta noção numa concepção inteiramente iluminista e ideológica da razão. Pois já é sabido que a História humana se forma ou ergue-se dos fatos construídos cronologicamente, e que ela, para Hegel, não passa de uma galeria de ideias, que amontoam-se uma em cima da outra, baseadas em uma filosofia antecedente.
Saber a relevância ou o valor significativo dessa história, que ora se mostra de maneira factual, ou às vezes como produto do próprio ato filosófico, constitui desde já o ponto culminante dessa diferenciação. Pois, se a verdade é una ou imutável, então como pode haver uma História se cada pensador nos apresenta uma ideia diversa ou até mesmo diferente da verdade, ou como pode ela mesma persistir idêntica a si mesma se ela só pode subsistir num determinado momento do tempo? Como, ou de que maneira essa história, que é a do homem real e universal, pode se afastar da filosofia? Foi com o intuito de resolver este problema, isto é, o da multiplicidade inserido na unidade, que Kant e Hegel não se colocam indiferente ou insensível ao tema da História, querendo antes inseri-la no sistema da razão ou compreendê-la propriamente como ciência do conhecimento.
Kant, primeiramente, não teve a História como interesse central, mas sua excepcional capacidade de apanhar os fios duma discussão filosófica, mesmo sobre um assunto que ele pouco dominava, o possibilitou desenvolver linhas de pensamento que realizaram algo de novo e algo válido. Kant associa a História a relações de efeitos e causas. Já Hegel, propõe um novo tipo de História. Para ele, a filosofia da história não é uma reflexão filosófica acerca da História e sim a própria História, com um poder maior, filosófica e não meramente empírica, ou seja, a História não simplesmente determinada como relações de causa e efeito e com certo número de fatos, mas compreendida.
Segundo o ponto de vista de Kant, é possível falar de um plano da natureza, revelados através dos fenômenos estudados pelo historiador, como falar das leis da natureza reveladas através de fenômenos estudados pelo cientista. Pois para ele a História é um espetáculo, se é um espetáculo, é um fenômeno, se é um fenômeno é natureza. Comprova-se, desde já, que Kant limitou-se a adotar um lugar comum a sua época; todavia, estava equivocado, pois a História não é um espetáculo. Os eventos históricos não passam como um filme diante do historiador. Acabaram de acontecer antes de pensar em descobri-los. O historiador tem o oficio de recriá-los dentro de seu cérebro, reconstituindo para si a experiência dos homens que participaram nesses acontecimentos, que ele almeja compreender.
Hegel, em primeiro lugar, recusa-se a aproximar-se da História por meio da natureza. Diferentemente de Kant, insiste no fato de a natureza e a História coisas diferentes. Pois tanto a História quanto a natureza, para ele, são processos ou conjunto de processos. E os processos da natureza não são históricos porque são cíclicos. Dessa maneira, Hegel nega a teoria evolucionista que consiste na premissa de que os seres superiores desenvolvem-se, no tempo, a partir de seres inferiores. E faz uma diferenciação, de vez, quando conceitua que a História é, pelo contrário, não cíclica, ou seja, nunca repete; os seus movimentos não são circulares; não descrevem círculos, mas espirais com repetições aparentes, afinal diferenciam-se por algo novo que foi adquirido.
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