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Educação e Patrimônio: A capoeira em práticas pedagógicas.

Por:   •  1/12/2019  •  Projeto de pesquisa  •  3.975 Palavras (16 Páginas)  •  222 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Instituto de Ciências Humanas

Departamento de História

Educação Patrimonial I

Profº Viviane Saballa

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Educação e patrimônio: A capoeira em práticas pedagógicas.

Conrado Jacobus Bastos

Matheus Ferreira Pinto

Patrick Kluivert Amaral Corrêa

Pelotas, 2019

JUSTIFICATIVA:        

Ao pronunciarmos a palavra patrimônio nos vem logo à mente a noção de bens, objetos de valor, memória, herança, algo que se constrói e se acumula com o passar do tempo, podendo assumir valores não só econômico ou de uso, mas afetivo e até mesmo simbólico, desde que com eles nos relacionemos pelo vínculo do apoderamento (Albuquerque, 2012, p.05).

Além de nos dar o entendimento de que o patrimônio é tido como algo, material ou imaterial, de valor e de que devemos nos apoderar dele, a Educação Patrimonial também nos ensina que devemos ter a consciência na qual devemos valorizá–lo e não o deixar no esquecimento, pois o patrimônio representa uma parte da sociedade, e de certa forma, de nós mesmos.

Então no ano de 2008, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) culminou na concessão da capoeira como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil, e seis anos mais tarde, a UNESCO transformou a capoeira em Patrimônio Imaterial da Humanidade (Flores, Ivo, 2016, p.01).

Retificamos então que, os professores devem ter uma didática onde consigam despertar em seus alunos o gosto pela aprendizagem histórica, mostrando-os em como a diversidade, identidade, cultura e sociedades realmente importam (Lima, 2019, p.01).

Vale relembrar que, uma instituição básica de ensino deve apresentar aos seus discentes o valor da prática capoeirística, e por isso destacaremos os valores, ressaltando a capoeira como um agente de mudança na vida de milhares de cidadãos. Sendo proposta uma solução que contrapõe a discriminação racista que esta vem sofrendo ao longo dos anos.

Sendo assim, o interesse pelo tema proposto neste projeto parte da consideração de fazer com que as pessoas possam entender e se informar mais a respeito da importância da capoeira, uma prática de grande valor para seus adeptos, e é válido empreender também o valor que a capoeira exerce na cidadania de alguns indivíduos, podendo dar chances de pessoas menos favorecidas a se sentirem pertencentes a algo e alguém, capoeira ajuda a criar cidadãos, pois o indivíduo ao se estabelecer em um movimento que faz desta prática sua principal fonte de identidade cultural é acolhido dentro dela e tratada como se fosse da família, que é o que os capoeiristas prezam ao receber essas pessoas, fazer com que se sintam parte de uma grande família.

E para que isso aconteça, obtivemos o aval do Colégio Estadual Félix da Cunha, para o público-alvo entre 12 e 13 anos, respectivamente 6º série do Ensino Fundamental, no qual iremos apresentar a cultura e historicidade da Capoeira, demonstrando as três categorias com maior apreciação no Brasil, sendo elas Capoeira Angola, Luta Regional Baiana e Capoeira Contemporânea.

REFERENCIAL HISTÓRICO

A história da capoeira começa no século XVI, precisamente na Bahia, na época em que o Brasil ainda era colônia de Portugal, os quais traziam a mão-de-obra africana para os “afazeres” dos senhores do engenho em suas fazendas. Estes escravos vinham de todo o continente Africano, o qual tinha algumas colônias portuguesas (Evandro, 2004, p.01).

Em sua chegada ao Brasil, esses escravos necessitavam de alguma forma de defesa contra os maus tratos que os colonizadores praticavam. Os portugueses proibiram qualquer tipo de luta, e para isso, os escravos juntaram o ritmo, a música e a dança com movimentos de lutas, e assim surgia a capoeira que conhecemos (Evandro, 2004, p.01). A prática da capoeira ocorria em terreiros próximos às senzalas, que eram galpões de porte médio, em que os escravos passavam a noite, muitos deles ficavam acorrentados para evitar fugas, costumavam ser rústicas e abafadas, sendo bastante desconfortáveis. Dormiam no chão duro de terra batida ou sobre palha, e costumava-se haver na frente das senzalas um pelourinho (tronco usado para amarrar o escravo para aplicação de castigos físicos)

Entre o século XVI até o século XVIII, o estilo dessa luta era a Capoeira Angola, no qual se trata da capoeira mais tradicional conhecida como Dança das Zebras, por causa de seus movimentos com as pernas. Essa luta figurava na Angola como uma forma de acasalamento, mostrando pra mulher qual é o homem mais forte. A Capoeira Angola  é caracterizada por ser mais lenta, composta de movimentos furtivos e executados de modo rasteiro. O componente básico desse estilo é a malícia e “malandragem”, que consiste em simular movimentos que sirvam de engodo ao oponente em combate (Evandro, 2004, p.01).

Um mestre bastante famoso por praticar essa arte era o Sr. Vicente Ferreira Pastinha, conhecido como Mestre Pastinha. Ele era praticante da Capoeira Angola, há qual herdou de seus avós, conterrâneos desse país, mestre Pastinha dizia que “A Capoeira Angola, a que aprendi, não deixei mudar aqui na Academia. Os meus discípulos zelam por mim. Os olhos deles agora são os meus.” (Brito, 2010, p.65).

Em meados do século XIX, os três principais centros históricos da capoeira eram as cidades do Rio de Janeiro, Salvador e Recife. Destacava-se a Capoeira carioca em virtude da presença maciça e organizada das maltas de capoeiras, as quais se distribuíam por todas as freguesias da Corte (Adorno, 1999, p.01).

Após algumas décadas, entre 1890 até 1930 a capoeira era proibida no país pois era considerada como vadiagem, contendo práticas de violência por conta dos movimentos feitos, sendo que a polícia recebia ordens de prender qualquer um que estivesse praticando a luta na rua. Na década de 1930, um importante capoeirista brasileiro, Manoel dos Reis Machado conhecido como Mestre Bimba apresentou a Luta Regional Baiana para o então presidente Getúlio Vargas (Evandro, 2004, p.02).

     O presidente aproveitou-se politicamente desta arte para o afeto da comunidade, na qual ele transformou em único esporte verdadeiramente nacional. Assim, acabou por ser excluída da criminalidade com o Código Penal de 1940, e a capoeira passou por um processo de oficialização como uma prática desportiva, da modalidade pugilismo (Azeredo ; Serafim, 1986, p.85).

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