Ensino de Historia na Gestão de Paulo Freire
Por: Maria Luiza Barca Martin • 12/9/2016 • Monografia • 25.605 Palavras (103 Páginas) • 563 Visualizações
Introdução.
A questão do ensino dentro do nosso país é um assunto extremamente debatido e também criticado. A maioria da população o classifica como defasado e acredita que muitas mudanças devem acontecer para modifica-la.
Na cidade de São Paulo a situação acima também ocorreu. Porém nos anos de 1989 a 1992 uma gestão tentou mudar essa situação. Luiza Erundina, a primeira mulher a ser eleita para a prefeitura de São Paulo, escolheu para assumir a Secretaria de Educação, Paulo Freire, educador reconhecido dentro da área, que tinha forte influencia de suas utopias em seus trabalhos.
Juntamente com sua equipe, Freire lança o Movimento de Reorientação Curricular, que como o próprio nome sugere, pretendia através das mudanças dentro dos currículos de todas as disciplinas, modificar o ensino desses e assim realizar a mudança que essa gestão tento almejava para a educação. É necessário frisar que a mudança dentro dos currículos era parte essencial dentro desse projeto, porém não a única etapa a ser aplicada. Mudanças nas relações entre professores e aluno, escola e Secretária, além de conceitos que deveriam ser aplicados no cotidiano também são peças elementares dentro desse projeto.
Esse trabalho pretende em um primeiro momento analisar esse Movimento, mas o objetivo principal é refletir como esse afetou o currículo de história, entendendo primeiramente as criticas feitas ao antigo currículo adotado, quais as propostas para substituí-lo, como se deu a implementação desse e qual a recepção dos docentes em relação ao mesmo.
Para uma melhor compreensão sobre as bases ideológicas desse projeto e qual a sua relevância, no primeiro capitulo o trabalho tratará sobre o cenário no qual esse Movimento foi proposto, ou seja, a cidade de São Paulo no final dos anos 80 e começo dos 90 e mais especificamente como se encontrava o quadro da educação na cidade. No segundo tópico, um breve quadro de como se deu a eleição de Luiza Erundina em 1988, o impacto dessa (pelos motivos já citados acima) e também uma exposição breve da trajetória de Paulo Freire, figura de grande importância dentro do projeto.
No segundo capitulo, o trabalho tratará sobre o Movimento de Reorientação Curricular e analisará a base desse projeto, seus conceitos considerados inovadores por seus idealizadores e que seriam os pontos necessários para a mudança que pretendiam no ensino, como pretendia-se sua implementação e quais as dificuldades encontradas para sua concretização. Nesse capitulo também será tratado o papel do professor dentro desse projeto, pois esse era visto como um personagem de extrema importância para as mudanças pretendidas e por essa razão uma parte desse Movimento foi elaborada para esses profissionais.
Por fim, no ultimo capitulo as questões referentes as mudanças no currículo de história serão analisadas com ênfase nas criticas feitas ao antigo currículo adotado nas escolas e quais ideias deveriam ser implantadas para que essa disciplina pudesse ser mais um mecanismo de mudança. Esse capitulo contém também as análises de dois documentos produzidos pela Secretária de Educação em 1992. São eles História: Visão de Área (versão final) e História: Relatos de Prática, sendo o principal objetivo dessas analises a comparação entre a teoria proposta por essa gestão e como se deu a prática da mesma em salas de aula.
Dentro desse trabalho, o uso de documentos produzidos pela Secretária de Educação foi grande, sendo eles usados como fontes e também como bibliografia sobre a gestão. Abaixo segue a lista dos que foram utilizados, juntamente com o ano de sua produção e um breve resumo sobre cada.
- Documento: Plano de Metas (1989): esse documento apresentava quais eram os objetivos que a gestão pretendia alcança até o final do ano de 1989. As propostas contidas nesse documento são resultados dos planos lançados para a resolução dos problemas mais urgentes (segundo a gestão) nos primeiros 100 dias de governo;
- Documento sem titulo (1989): esse exemplar trás uma série de documentos que dão as primeiras coordenadas do que seria o Movimento de Reorientação Curricular. Dentre esses está incluso a carta escrita pelo então secretário da Educação, Paulo Freire, aos professores, convocando-os a participar desse novo projeto.
- Documento: Construindo a educação Pública Popular (1990): apresenta um resumo das novas propostas que foram colocadas em prática até aquele momento e as experiências e expectativas ligadas a concretização dessas.
- Documento: O Movimento de Reorientação Curricular na Secretaria Municipal de educação de São Paulo – Documento 1 (1990): apresentação resumida do projeto contendo seus pontos norteadores e etapas de implementação desse.
- Documento: O Movimento de Reorientação Curricular na Secretaria Municipal de educação de São Paulo – Documento 2 (1990) : retoma assuntos abordados no documento um e estimula a continuação dos trabalhos iniciados.
- Documento: O Movimento de Reorientação Curricular na Secretaria Municipal de educação de São Paulo – Documento 5- Visões de Área (1992) : discute os pontos de mudança propostos para cada disciplina.
- Documento: Relatório Final de Governo- Gestão: Prefeita Luiza Erundina de Sousa (1992).
Como base para a analise desses documentos citados, o texto de Roger Chartier, Textos, Impressos, Leituras[1] foi usado e três questões foram adotadas como norteadoras nas análises documentais. A primeira está relacionada a materialidade do documento em questão. Essa releva muitas características relativas ao publico que seria o alvo da publicação, pois seu material, sua linguagem, a presença ou não de ilustrações e até mesmo seu formato são intencionais para aproximar-se dos indivíduos alvos. Essa questão ficará um pouco defasada dentro do trabalho, visto que, a exceção do livreto História: Relatos de Prática, os demais são cópias digitalizadas.
O segundo ponto adotado para analise é dos conteúdos desses documentos. Além de refletir sobre os assuntos contidos nesses, esse ponto propõe analisar se os textos impressos estão redigidos da maneira original ou se houve alterações feitas pelos editores. Nesse trabalho, essa questão estará em destaque no capitulo três, na analise do segundo documento.
O ultimo ponto está relacionado a circulação e ao publico ao qual o texto foi dirigido. Sobre a primeira questão, circulação, não será possível nenhuma analise, pois sobre o assunto, não há nada impresso nos documentos. Sobre os leitores, é necessário entender que todo trabalho realizado por trás das publicações são direcionados a esses, e cada obra é adapta para que haja aproximação entre essa e seu publico alvo.
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