O Historiador e as Fontes Digitais
Por: jguereiroj • 13/8/2020 • Resenha • 2.012 Palavras (9 Páginas) • 179 Visualizações
Introdução
A história digital é um elemento constitutivo da história do desenvolvimento das tecnologias
de mídia e de comunicação que tiveram um grande impulso a partir de meados do século XX. Esse
desenvolvimento teria sido impossível sem o barateamento e a difusão dos computadores, até então
dispositivos utilizados por um número bastante restrito de pessoas e limitados a tarefas muito
específicas.
Hoje em dia, dificilmente algum pesquisador ligado às ciências humanas e sociais deixaria
de reconhecer a presença avassaladora que a internet adquiriu na vida pública e particular de parte
considerável das pessoas ao redor do mundo. Presença observada em nosso próprio trabalho de
pesquisadores. No que diz respeito às atividades relacionadas às áreas de educação, ensino e
pesquisa, o uso é constante e diário. Entre as atividades rotineiramente desempenhadas, encontramse: preenchimento online dos diários de classe; comunicação entre docentes e discentes via e-mail;
busca de referências bibliográficas; uso de textos de periódicos acadêmicos (alguns deles de
existência exclusivamente virtual); comprovação de plágios; escrita e leitura em dispositivos
eletrônicos, entre outras. Não obstante, a história da internet e os debates a respeito das relações
entre história e internet têm sido ignorados por muitos historiadores.
Desenvolvimento
Segundo Fábio Chang de Almeida, esse comportamento dos historiadores é um costume de
natureza histórica, já que a historiografia foi canonizada no papel. Desencadeando uma indiferença
pelas “ciências auxiliares” como registro de atividades humanas. Mesmo na era vigente. Contudo, a
partir do ponto de vista histórico propagado pela Escola de Annales, o império do papel foi
diminuindo através da habilidade do historiador na ausência do documento escrito, apesar da
desconfiança de muitos historiadores em agregar novos gêneros documentais, devido à herança
metodológica pragmática que salvaguardam os “papéis” oficiais.
Outro motivo da ausência do emprego das fontes digitais, segundo Fábio Chang é a falta de
um extenso debate com essas ferramentas de pesquisa científica, de forma que os historiadores
possam acolher categoricamente os documentos digitais como fontes primárias e as colocarem em
prática. Fato que será alcançado quando as fontes digitais forem verdadeiramente utilizadas pelos
pesquisadores. Todavia, a carência de referências não pode fundamentar uma omissão com o
método.
Segundo o autor, é de se compreender que a historicidade não consiga acompanhar as
transformações que a tecnologia vem experimentando por conta da velocidade que elas propiciam
às evoluções a aos impactos sociais, fazendo com que as necessidades de historiografia e,
especialmente a História do Tempo Presente busquem uma adaptação, a fim de lograr das
facilidades técnicas que as fontes digitais asseguram. O historiador não deve omitir-se das fontesdigitais, se pretende projetar o presente, pois tal ação significa ignorar toda uma nova agregação de
hábitos, condutas e método de pensamento e de princípios que vem se desenvolvendo junto com o
crescimento da população da rede mundial de computadores, tornando-se uma ferramenta de
comunicação vigorosa, por conta da facilidade de acesso e à proporção que a nova tecnologia
alcançou. Essa difusão em importância global, produziu um novo campo de sociabilidade: o
ciberespaço, em outras palavras, um espaço de comunicação por redes de computação, que eliminou
o território geográfico no terreno das comunicações.
O autor também declara que na história da Internet, a web tornou-se padrão em modelo de
gestão de arquivos e foi construída a partir do princípio de hipertexto, que pode ser considerado
como um documento digital composto por diversos blocos de informações plugadas por meio de
links, que possibilitam redirecionamentos para sites diferentes. Como a Web e´uma teia na qual um
complexo entrecruzamento de informações se articulam, é a própria tecnologia hipertextual que
possibilita as junções entre os pontos diversos; em outras palavras, o hipertexto fomentou o caráter
da internet como uma raiz que origina múltiplos ramos.
Segundo Fábio Chang de Almeida, a criação da web 2.0 em 2004, significou uma mudança
de mentalidade dos desenvolvedores de sites da internet, pois acabou por valorizar a interatividade
entre os usuários e os sites e, a consequência dessa mudança de atitude, foi a criação e
popularização dos diários virtuais ou blogs, e o Twitter; ferramentas que se tornaram um sucesso
mundial entre usuários domésticos e entre as instituições, tais como: a Presidência da república de
Portugal e o Arquivo Público do Estado de São Paulo; a enciclopédia coletiva Wikipédia; os sites de
relacionamento, tais como: Friendster e Facebook; os sites de compartilhamento de imagens, como
o Flickr; e os de vídeos, como o Youtube, que faz muito sucesso.
Podemos observar
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