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Os Escravos e sua cultura na sociedade Latino-Americana

Por:   •  22/2/2018  •  Resenha  •  1.846 Palavras (8 Páginas)  •  527 Visualizações

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KLEIN, Herbert. Comunidades esclavas y cultura. In: La esclavitud africana em America Latina y El Caribe. Versão Espanhola. Albornoz, Graciela Sánches. Madrid: Alianza Editorial, 1986, cap. 8, p. 107-120.

Escravos e sua cultura na sociedade Latino-Americana

Alexandre Leite Rosa

O texto Comunidades esclavas y cultura de autoria de Herbert Klein, tem como objetivo mostrar a inclusão do escravo na sociedade por meios de associações, a formação da cultura afro-americana com fortes influências do Cristianismo dos senhores da classe branca e bem como a influência da cultura africana na América Latina. O texto aborda cada etapa desse processo em suas 14 páginas.

Em sua primeira página, 107, o autor trata de assuntos introdutórios relacionados com todo o capitulo 8, tais como: O alto índice de analfabetismo entre os escravos, a diversidade de idiomas, a multiplicidade de origens e suas muitas culturas, o sincretismo religioso, unindo o credo em deidades africanas com dogmas do cristianismo. Mesmo com as dificuldades de línguas se uniram e criaram uma comunidade no novo mundo, ainda é mencionado que os senhores brancos costumavam misturar os negros de diversas origens e idiomas, obrigando-os ao entendimento, isto acarretou a formação da língua crioula. Além do que, a maioria dos negros foi forçada para trabalharem na agricultura no novo mundo e não a caça e guerra, como era costume na África.

Na página 108, o autor apresenta que os africanos e seus dependentes se adaptaram as práticas agrícolas e utilizavam ferramentas e técnicas dos senhores europeus, já a cultura negra diferenciava da classe branca, vários aspectos culturais forma trazidos da África. A cultura dos escravos forma comum em todas as sociedades, excetuando-se em Cuba, Haiti e Brasil, que durante a escravidão desenvolveram grandes movimentos religiosos sincréticos a partir de práticas religiosas proibidas pela Igreja. E à época havia uma estratificação social entre os escravos, onde os mais sábios, isto é, o que tinha mais conhecimentos da cultura africana e europeia, teria garantido alguns privilégios, a vida dos escravos era voltada totalmente ao trabalho, exceto os mais jovens e os mais velhos.

Klein na página 109 informa que os escravos eram mantidos sob vigilância e controle rigoroso nas plantações entre outras funções exercidas pelos mesmos, contudo aqueles escravos que exerciam funções tais como: cultivadores da terra por conta própria, artesão ou montadores de mula entre outros ofícios, eram lhes concedido o gozo de tempo para si e tidos em alta estima pelos próprios brancos, essa situação elevava o valor comercial desses escravos. Outro fator preponderante para concessão de privilégios era saber ler e escrever a língua europeia, contudo isto não dava preeminência entre os escravos, pois eles repassavam informações de outros escravos. O que elevava a condição social do negro em sua comunidade era caso fosse feiticeiro, curandeiro ou sacerdote, porém não eram reconhecidos pelos senhores brancos.

No primeiro parágrafo da página 110, o autor alerta que na maioria das vezes, quando havia uma rebelião, o seu líder revoltoso, era um dos que gozavam de privilégios e reconhecimento de seus senhores. No decorrer da leitura, verifica-se que inicia a consolidação da cultura afro-americana em pequenos povoados conhecidos como “cinturões negros”, situavam-se ao redor das plantações e abrigavam mais de cem escravos com suas famílias e de origens diversas, ali se misturou as culturas europeias e africanas. A cultura afro-americana abrangia tudo, desde costumes sexuais e vínculos de parentesco até linguagem, religião e arte, sendo difundida através das unidades familiares desde Porto Rico até o sul do Brasil e costa Peruana. É interessante mencionar que entre os livres da América - Latina a taxa de incidência de uniões livres e de nascimentos ilegítimos era mais alta que na Europa, era próximo aos 50%, inclusive entre os brancos da classe alta.

Nas páginas 111 e 112, o autor trata de parâmetros da família latino-americana, os europeus, africanos e indígenas não se constrangeram e nem seguiram a legitimidade moral católica em relação à família, assumindo vários concubinatos, nesta cultura europeia americanizada, o matrimônio e legitimidade adquiriram um sentido diferente em que tinham no continente europeu. Alguns negros se casaram na Igreja Católica, no Brasil, nos idos de 1872 foram registrados 12% de escravos como casados, contudo a maioria dos casamentos entre negros não eram legalizados, mas não quer dizer que não era existente, os negros tentavam manter seus matrimônios estáveis, mesmo havendo tal unidade familiar regularizada, o senhor branco poderia rompê-la no caso de venda de um escravo. Entre os séculos XVIII e XIX, muitos escravos viviam sós ou em unidades domésticas constituídas unicamente por mãe e seus filhos, mesmo alguns escravos favorecidos na poligamia, inclusive a mulher costumava a procriar desde muito jovem. Entre os escravos foram estabelecidas normas para transmissão de propriedades e de nomes ou da residência da nova família, aos filhos nascido dessa união se deram nomes derivados de parentes consanguíneos da linhagem paterna ou materna.

O autor define desde o fim da página 112 e página 113 o termo “compadrazgo”, era um vínculo fictício de parentesco difundido pela classe escrava. Ao nascer um filho, era escolhida uma pessoa para batizar a criança, era sacramento da Igreja para legitimar o nascimento, normalmente eram amigos próximos da família do batizando os escolhidos para ser compadre ou comadre dos pais da criança, estas pessoas tornam-se então padrinhos do rebento tendo a obrigação de na ausência dos pais darem o suporte e aconchego em sua própria casa para o afilhado. O compadrazgo também existia entre os índios e os escravos negros, assim como a classe alta, os compadres eram eleitos entre amigos íntimos da mesma classe, diferentemente, os negros livres e mestiços elegiam como compadres pessoas de condições superiores.

Antes do término da página 113 e em toda página 114 e 115, o assunto é moradia e família dos escravos, entre os séculos XVII e XVIII, os agricultores obrigam os negros a construírem suas próprias residências, ainda no século XVII na Martinica, essas construções eram como cabanas redondas com telhados em forma de cone terminadas em ponta, entre o XVIII e XIX o senhor branco assumiu a construção das moradas para seus escravos, construíram-se grandes engenhos, edificações feitas com ladrilhos, argamassa e casas, as obras melhorariam as condições de higiene e também facilitava a vigilância, ainda no século XIX foram organizados pelos grandes fazendeiros os bateyes que eram área residencial em uma plantação para os seus trabalhadores. No Brasil foram construídas as senzalas, obra retangular formada por várias casas individuais e ligadas umas as outras e também se dividiam em alojamentos para os solteiros. Em Cuba, no século XIX, foram levantados barracões em fazendas açucareiras, eram largos dormitórios com uma única entrada e vigiados diuturnamente, devido à péssima condição de habitabilidade, os barracões foram substituídos por senzalas ao estilo brasileiro. Segundo Herbert Klein os senhores brancos demonstraram que as famílias dos escravos eram importantes, virtude a distribuição terras para cultivos de subsistência entre os escravos, em quase todo o Caribe e América Latina, toda a família trabalhava nas hortas cultivadas nessas terras, não se pode esquecer que os fazendeiros só permitiam aos escravos trabalharem em sua terra durante seu tempo livre, aos domingos e feriados. E para que pudesse consolidar a identidade desta comunidade recém-formada, se fez necessário à criação de uma língua onde todos pudessem se comunicar, surgiu então à linguagem crioula, mistura dos idiomas da África e Europa.

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