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Resenha História da América Latina

Por:   •  7/7/2018  •  Resenha  •  2.057 Palavras (9 Páginas)  •  741 Visualizações

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Quando estamos no ensino básico, percebemos que a América Latina aparece no contraponto e quase como uma “entidade”. Nas discussões que ligam à disciplina de história é sempre trazidas como contraste absoluto ou processo paralelo às experiências brasileiras. Pensar em emancipação, a formação dos estados, as políticas de massas e as ditaduras civil-militares no Brasil, oferece a oportunidade de espiar os vizinhos para classificá-las como dissidentes ou coincidentes. A diversidade de tensões, contradições e impasses, de certa forma, é reduzida, como se a ideia de América Latina pudesse concentrar as diversas histórias e estórias das nações que a compõe.

Assim, para explanar sobre a América Latina e seus demais pontos contundentes de sua formação, será discorrido sobre alguns capítulos da obra “História da América Latina” das autoras: Maria Ligia Prado professora da USP e historiadora, especializada em História da América Latina; e Gabriela Pellegrino Soares professora Livre-Docente de História da América Latina da USP e pesquisadora da história política e cultural da América Latina nos séculos XIX e XX. Nos capítulos indicados pelo docente, grandes temas são trazidos pelas autoras em sua riqueza de conflitos, apresentando as principais questões, ideias políticas e culturais que estavam em voga, sem perder de vista os sujeitos desta história. Além disso, encontraremos aqueles cujos nomes comuns, ainda que saibamos poucos de suas trajetórias, até outros que ficaram à margem das grandes narrativas históricas, ilustrando a diversidade de vozes nos debates.

O primeiro capítulo começa com o deslance trágico da história de um dos personagens mais interessantes e importantes do período colonial: Tupac Amaru II (José Gabriel Concorcanqui), que foi uma figura política importante da América do Sul de fins do século XVIII, época em que a montagem da empresa colonial hispânica estava estabelecida, mas enfrentava rebeliões por parte dos índios locais, que reivindicavam a condição de herdeiros da civilização inca e tentavam, ainda, resistir à estrutura da colonização.

Havia muitos acordos entre os espanhóis e os índios locais, geralmente, o líder local, denominado curaca, era responsável por estabelecer um contrato com o colonizador que garantia a oferta de mão de obra em troca do recebimento de parte dos impostos. Entretanto, em 1781, Tupac Amaru II, que era um desses líderes curacas, rebelou-se contra a estrutura colonial espanhola declarando-se herdeiro direto do líder inca Tupac Amaru (conhecido pela resistência à conquista espanhola do século XVI). Tupac Amaru II, estudou na Universidade de São Marcos, na capital do Peru, no qual obteve uma formação permeada pelas ideias iluministas. Assim, motivado pelas ideias de liberdade e luta por igualdade de direitos contribuíram para que Tupac Amaru projetasse uma rebelião contra a metrópole espanhola. Contudo, esses planos resultaram em sua própria morte no centro da praça central de Cuzco.

A partir deste personagem, o capítulo adentra as tensões públicas e sociais do Vice-Reino do Peru no século XVIII, que se estabeleceu após uma divisão administrativa da Espanha na América do Sul e se estruturou a partir da chegada do conquistador espanhol Francisco Pizarro, que sem demora instituiu a cidade de Cuzco como uma nova colônia espanhola e posteriormente obrigou a população local a trabalhar em seu favor, e em troca disso, os espanhóis forneciam proteção e catequização para os subordinados. Nos anos de Pizarro, a população indígena do Peru também foi obrigada a criar gado, galinhas e a trabalhar na plantação e colheita das culturas agrícolas espanholas, no que deu origem a uma certa escravidão. Ainda assim, Pizarro ajudou no crescimento do Vice-Reino do Peru, com a construção da igreja, das sedes dos poderes políticos, com a fundação da Universidade de São Marcos, etc. Em seguida, o livro se direciona para as discussões referentes ao contexto colonial latino-americano, discorrendo sobre o processo de independência de alguns países da américa latina, no mesmo período em que a Espanha foi invadida pelo exército de Napoleão Bonaparte, o que resultou na emancipação do Peru especialmente por obra de intervenção das tropas de San Martín, vindas da atual Argentina e de Simón Bolívar, vindas das atuais Venezuela e Colômbia.

No capítulo “O horizonte republicano nos Estados nacionais em formação” retrata sobre a constituição das repúblicas nos países latino-americano, nesse sentido dá-se início pela Venezuela, tendo como presidente Simón Bolívar, que em seu governo, era contrário à participação popular na política; mas estava constituindo uma república aperfeiçoada nas instituições políticas, que tinha uma infância democrática e federal para os nascentes dos estados. Além disso, em 1819, Bolívar propôs também que o cargo de senador fosse hereditário, para inibir as investidas do povo e em 1825 ele pôs o cargo de presidente para vitalício.

Na Argentina após a independência a política ficou dividida entre federalistas e unitários. Os unitários, propunha um governo centralizado; e os federalistas, advogavam uma autonomia radical das províncias. Nessa discrepância, surgiu um conflito entre ambas as facções, que resultou em Guerras Civis intermitentes, em razão disso, os caudilhos impediram a formação de um estado centralizado até 1862. Dentre os caudilhos destaca-se Juan Manuel de Rosas, governador da província de Buenos Aires, governou Buenos Aires com mãos de ferro e somente, saiu do poder quando derrotado na Batalha de Caseros, na Guerra do Prata. Rosas, impôs a todos que apoiassem o seu governo deveriam usar emblemas e símbolos nas cores vermelhas, não permitia a contestação do seu governo, os opositores eram degolados, presos ou exilados.

Em 1810, deu-se início aos conflitos no prata, lutas em busca da independência das colônias espanholas, Portugal (posteriormente também o Brasil) e Argentina dispunham o domínio sobre a Banda Oriental. Desse modo, tanto a Banda Oriental, quanto o Paraguai “deveriam” fazer parte das nascentes Províncias Unidas do Rio da Prata. Com a independência brasileira, em 1822, o Imperador D. Pedro I seguiu a política externa já estabelecida. Em 1825, a luta dos uruguaios pela reconquista anulou os compromissos políticos com o Brasil e reintegrou a Banda Oriental ao território das Províncias Unidas do Rio da Prata. Durante os anos 1821 á 1825 o Uruguai esteve junto ao Rio Grande do Sul, na formação da Província Cisplatina, após esse período a Banda Oriental se emancipou, e obteve sua independência.

Por conseguinte, no capítulo “Projetos liberais e populações indígenas no século XIX” discorre sobre os planos liberais nos países latino-americano, ainda abrange também o povo indígena. Como já falado, os plano liberais atingiram quase todos os países do América Sul, particularmente aqueles que durante o período colonial eram densamente povoados por indígenas, regiões que tinham sido importantes centros administrativos e produtores e onde a Igreja fora fundamental na apropriação dos latifúndios. Os partidos liberais eram portadores de um projeto de mudança social que previa a destruição dos elementos de sobrevivência das sociedades coloniais. Em relação, à política fiscal dos países da América Latina, os liberais pensavam em abolir os impostos que obstaculizavam certas atividades mercantis. O dízimo e a alcabala eram tidos como indícios da sobrevivência do mundo colonial e, por isso, deveriam ser abolidos; além disso, eles defendiam o fim da intervenção do governo em certos assuntos econômicos como as tarifas alfandegárias protecionistas e privilégios de empresas públicas, ainda, eles pretendiam terminar com as propriedades comunais indígenas e nacionalizar os bens do clero. O poder e os bens da igreja eram tidos como prejudiciais à modernização econômica e a ideia de igualdade perante a lei. O monopólio que o clero exercia sobre a cultura e a educação era visto como forma de acabar com a liberdade de pensamento e expressão. Mas, sobretudo, os liberais criticavam o do mínio da igreja sobre grandes territórios que, segundo eles, era extremamente injusto dada a penúria dos Estados nacionais. As terras ocupadas pelas comunidades indígenas também eram vistas como sobrevivências do período colonial e tidas como improdutivas o ponto de vista da atividade primário-exportadora. Em alguns países, esses dois últimos aspectos resolveram-se de forma extremamente violenta, chegando ao ponto de resultar em rebeliões indígenas e chamamentos religiosos aos fiéis para contenção dos projetos liberais.

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