Resumo do Livro Cultura um Conceito Antropológico LARAIA
Por: micaela98 • 12/5/2016 • Resenha • 3.407 Palavras (14 Páginas) • 1.443 Visualizações
LARAIA, R. de B. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.
O livro está dividido em duas partes: a primeira, que se refere ao desenvolvimento do conceito de cultura a partir das manifestações iluministas até os autores modernos; a segunda parte procura demonstrar como a cultura influencia o comportamento social e diversifica enormemente a humanidade, apesar de sua comprovada unidade biológica.
Primeira parte
O volume trata-se dessa discussão sobre o seguinte dilema: A conciliação da unidade biológica e a grande diversidade cultural da espécie humana.
O dilema que permanece como o tema central de numerosas polemicas, apesar Confúcio ter, quatro séculos antes de Cristo, enunciado queque “ a natureza dos homens é a mesma, são os seus hábitos que os mantém separados”
Desde a antiguidade foram comuns as tentativas de explicar as diferenças de comportamento entre os homens, a partir das variações dos ambientes físicos exemplo:
Marcus V. Polio, arquitetos romanos, afirmou enfaticamente os povos do Sul tem uma inteligência aguda, devido a raridade (a atmosfera e o calor, enquanto os das nações do Norte, tendo se desenvolvido numa atmosfera densa e esfriados pelos vapores dos ares carregados, tem uma inteligência, preguiçosa) o filosofo Ibn Khaldun tinha uma opinião semelhante e entre outros.
Em algumas regiões do norte do Brasil é considerado como uma enfermidade, e o ato de parir é denominado “descansar” essa palavra também é utilizada no sul do país para se referir a morte (exemplo: fulano descansou, isto é, ele morreu)
Esse exemplo serve para mostrar que as diferenças entre o comportamento entre os homens. Não pode ser explicada pelo determinismo biológico e geográfico como afirmavam alguns estudiosos.
São antigos e persistentes as teorias que atribuem capacidades especificas á determinada raça ou outros grupos humanos. Exemplos: Ainda há muitas pessoas que acreditam que os nórdicos são mais inteligentes que os negros, que os alemães têm mais habilidade para a mecânica, que os nortes americanos são empreendedores e interesseiros, que os Brasileiros herdaram a preguiça dos negros, a imprevidência dos índios e a luxuria dos portugueses...
Os antropólogos estão totalmente convencidos de que as diferenças genéticas não são determinantes das diferenças culturais. Segundo Felix Keesing não existe correlação significativa entre a distribuição dos caráteres genéricos e a distribuição dos comportamentos culturais. Qualquer criança humana normal pode ser educada em qualquer cultura, se for colocada desde o início em situação conveniente de aprendizado. Se retirarmos uma criança Xinguana de seu meio e educarmos como filha de uma família alta classe média de Ipanema ela terá as mesmas oportunidades de desenvolvimento que os seus irmãos
O comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado, de um processo que chamamos de enculturação. Um menino e uma menina agem diferentemente não em função de seus hormônios, mas em decorrência de uma educação diferenciada.
O determinismo geográfico considera que as diferenças do ambiente físico
Condicionam a diversidade cultural são explicações existentes desde a antiguidade, do tipo das formuladas por Pollio, Ibn Khaldun, Bodin e outros
A partir de 1920, de antropólogos como Boas, Wissler Kroeber, entre outros, refutaram este tipo de determinismo e demonstram que existe uma limitação na influência geográfica sobre os fatores culturais e que é possível e comum existir uma grande diversidade cultural localizada em um mesmo tipo de ambiente físico.
Como o primeiro exemplo os lapões e esquimós, ambos habitam a calota polar norte da américa vivem em ambientes geográficos muito semelhante, caracterizados por um longo e rigoroso inverno. Ambos possuem ao seu dispor flora e fauna semelhantes. Era de se esperar, portanto, que encontrassem as mesmas respostas culturais para a sobrevivência em um ambiente hostil, mas isto não ocorre, pois, os esquimós constroem suas casas (iglus) cortando bloco de neve e amontoando nuns formatos de colmeia, por dentro a casa é forrada com peles de animais e com o auxílio do fogo conseguem manter o seu interior suficientemente quente para poder tirar as pesadas roupas.
Quando o esquimó deseja abandona a casa tendo que carregar somente os seus pertences e vai construir um novo (iglu)
Já os lapões vivem em tendas de pele de rena. E quando desejam mudar para os acampamentos necessitam realizar um duro trabalho que se inicia pelo desmonte, pela retirada do gelo que acumulou sobre as peles, pela secagem das mesmas e o seu transporte para um novo sitio.
Este exemplo mostra que não é possível admitir a ideia do determinismo geográfico pois as diferenças existentes entre os homens, não podem ser explicadas em termos das limitações que lhes são impostas pelo seu aparato biológico ou pelo seu meio ambiente. A grande qualidade da espécie humana foi a de romper com suas próprias limitações: um animal frágil, provido de insignificante força física, dominou toda a natureza e se transformou no mais temível dos predadores. Sem asas, dominou os ares; sem guelras ou membranas próprias, conquistou os mares. Tudo isto porque difere dos outros animais por ser o único que possui cultura.
Edward Taylor (1.832-1.971) definiu por cultura todo o conhecimento e habilidade adquiridos pelo homem, inserindo a palavra Culture no vocábulo inglês.
Com essa definição de conceito de cultura ele formaliza o que John Locke (1.632-1.704), já havia defendido em 1.690 quando escreveu Ensaio acerca do entretenimento humano, defendendo a ideia de que a mente humana nascia sem nenhum tipo de conhecimento, mas com ampla e ilimitada capacidade de aprendizado.
Em 1.696 o antropólogo Marvin Harris defende a ideia de que “uma mudança no ambiente resulta numa mudança no comportamento”.
Jacques Turgot (1.727-1781) ao escrever Plano para dois discursos sobre a história universal, afirma que todo homem é capaz de guardar suas ideias e passá-las adiante criando uma herança sempre crescente.
Jean Jacques Rousseau (1.712-1.778) em seu discurso sobre a origem e o estabelecimento da desigualdade entre os homens, seguindo das afirmações de Turgot e Locke ele acredita na transição entre o macaco e o homem.
Após as definições de Taylor surgiram muitas outras que causavam mais confusão do que esclarecimentos, notando isso Geertz em 1.973 declarou ser muito importante contrair a definição do conceito de cultura para que pudesse fazer parte de uma perspectiva antropológica.
Em 1.871 Taylor desvincula Cultura de Transmissão Genética.
Kroeber em 1.917 separa Natural e Biológico em seu artigo “O Superorgânico”.
Completando assim o processo de Lineu, retirando o homem da posição de sobrenatural e classificando como ordem de natureza, afastando o cultural e o natural.
Quando as definições seguintes a de Taylor surgiram acabando com a simplicidade de sua definição de cultura a reconstrução dessa definição foi uma das tarefas mais importantes da antropologia moderna.
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