Sobre a tarefa do historiador – Wilhelm Von Humboldt

Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia -  UESB

Discente: Karine Magalhães dos Anjos

Docente: Ricardo Alexandre

Disciplina: Introdução aos estudos históricos

IV Semestre / Noturno

Sobre a tarefa do historiador – Wilhelm Von Humboldt

A primeira exigência do oficio de um historiador, consiste em expor acontecimentos, seu sucesso dependerá do quão puro e completo for esta exposição. Um historiador é responsável por receber os fatos e transmiti-los em forma de informações. Para Humboldt o trabalho do historiador compreendia duas atitudes: uma metódica e empírica e outra criativa e artística. É necessária a utilização da intuição e dedução para a conclusão de um fato, pois no mundo dos sentidos um acontecimento nunca será captado completamente com precisão de detalhes, ou seja, este só será visível parcialmente, o restante terá que ser investigado cautelosamente para se chegar a uma conclusão mais próxima possível do que realmente aconteceu.

     A verdade de um acontecimento baseia – se na complementação do fato, preencher as lacunas que ficaram a partir da triagem do ocorrido. Só se atinge a verdade do acontecimento, se houver mais do que só observação imediata. Como um poeta, o historiador precisa utilizar um pouco de fantasia para conseguir atingir seu objetivo de transmitir uma informação clara e precisa. A investigação do objeto, o fato histórico, abrangia a dimensão científica do ofício: a coleta de fontes e sua crítica. Já a organização dos dados coletados e a interpretação de seu significado exigiam do historiador mais do que uma postura objetiva: para compreender a história ele deveria agir como um artista, utilizando-se de sua imaginação para iluminar aquilo que não está dito nos documentos e que somente um sujeito histórico poderia reconstruir. Todavia, a história não poderia ser confundida com a arte, pois o seu ideal é sempre a verdade.

Para Humboldt, fazer história pressupõe um trabalho que vai além da simples descrição dos fatos baseados na pesquisa documental, este seria apenas o primeiro momento da escrita da história, uma fase descritiva, reprodutiva e não criativa. Após esta primeira etapa o historiador deverá o buscar o que Humboldt definiu como “verdade interna”, ou seja, contemplar as demais exigências para um processo completo de uma escrita da historia através de uma etapa criativa, na qual o historiador é comparado a um poeta, pois faz uso de uma capacidade imaginativa, até mesmo de intuição, sem que, entretanto, isso constitua um “achismo”. A perspectiva de Humboldt permite uma nova percepção de realidade, através da subjetividade, a emergência da individualidade na produção historiográfica.

A exposição histórica é basicamente a imitação da natureza. Seu fundamento é o conhecimento da forma verdadeira, descobrir o necessário e eliminar o que é incerto e duvidoso.  Se um historiador não buscar articular os fatos presentes com os acontecimentos passados, ele produzirá somente uma sombra do real acontecimento, ou como Humboldt diz no texto, ele não produz mais que caricaturas.

“[...] O oficio do historiador, sua resposta definitiva, mas também a mais simples é a exposição da aspiração de uma ideia, a conquista de sua existência na realidade. Mas deve ser dito que a ideia nem sempre obtém o que pretende em sua primeira tentativa, antes mesmo chega a degenera-la sempre quando não consegue dominar com clareza a matéria que se lhe opõe.” (HUMBOLDT, 2001, pg. 99)