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TUCURUÍ - PA

Por:   •  30/4/2016  •  Relatório de pesquisa  •  1.055 Palavras (5 Páginas)  •  471 Visualizações

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PARA UMA HISTÓRIA DE AUSÊNCIAS E ESQUECIMENTOS

Se Tucuruí é o rio das formigas, quem são as formigas desse rio? Foram os indígenas massacrados pelas conquistas, colonização e ocupações mais recentes desses espaços? São os ribeirinhos enfileirados ao longo das suas águas? Ou serão os migrantes pobres que trabalharam feito formigas para construir esse lugar e o monstruoso formigueiro da Hidrelétrica? Talvez Tocantins não seja um rio de formigas e nem Tucuruí um formigueiro, como a tornou a Hidrelétrica nos anos 1980.

Esse, não é um texto sobre formigas e cigarras, é sobre os anônimos construtores de Tucuruí, que estará completando 60 anos de autonomia em relação a Baião. É difícil falar desses anônimos, não só porque não constam na historio oficial, também porque as marcas que deixaram são materialmente subestimas, quase apagadas. Mas é preciso falarmos deles, não com o idealismo e o romantismo de certos discursos, nem com a carga de preconceitos e estereótipos de outros. Falaremos deles como protagonistas históricos, envolvidos nas relações de cooperação e solidariedade, nas relações de dominação e exploração, nas lutas e resistências de seu tempo.

1. Indígenas

Quase não se fala, porque pouco se percebe hoje, a importância indígena na construção de Tucuruí. Não é só o nome do município – que substitui o imposto pelo colonizador: Alcobaça. E não está apenas no sangue de algum ribeirinho remanescente ou descendente da antiga povoação. A participação indígena na construção de Tucuruí, infelizmente, é no papel de vítimas. Vítimas em primeiro lugar do processo colonizador, que os destribalizou, aculturalizou, escravizou e dizimou matando-os com suas armas ou com suas doenças.

Mas, fora a economia de borracha e depois a exploração dos castanhais e a construção da Estada de Ferro Tocantins que aos que sobreviveram as brutalidades do processo colonizador, mais tarde os submete as mais terríveis violências, expropria-os de seus territórios, caça-os feito animais. A história de Tucuruí também se escreve em suas origens com sangue: e este foi principalmente dos indígenas, cuja memória é quase pagada da história do lugar. A história das tribos indígenas desse território em que se firmará Tucuruí é a historio do esquecimento dos massacres e de todas as formas de violências que se praticaram contra os indígenas.

2. Os negros

Hoje o movimento de remanescente de quilombolas têm crescido no Brasil e em especial no Pará. Nessa região do Tocantins são muitos os quilombos: desde Cametá, Mocajuba e Baião. Ainda que Tucuruí não tenha quilombolas em seu território atual. Não significa que estes não tenham importância na sua história. Uma das preocupações dos portugueses ao construir o forte da Faxina, nessa área, era evitar ou conter a fuga de escravos de Cametá. A origem de Tucuruí está no combate a resistência do negro o Pará à escravidão, como posto militar. É igualmente a cor de um sujeito social e histórico que pouco ou nunca se ver figurar na história de Tucuruí. Como os indígenas, que sofreram terrivelmente, lutaram e resistiram aos séculos de colonização e ocupação dos espaços Amazônicos, os negros também ocupam um lugar de ausência. Tucuruí também tem sangue, cor e trabalho negro em sua história.

3. Os ribeirinhos

Geralmente mestiços, principalmente do português e das índias, os ribeirinhos são denominados de caboclos. Dedicados as atividades extrativistas, em particular a pesca. A participação desse grupo social na história de Tucuruí é inquestionável. E  não constituíam um grupo homogêneo ou indiferenciado, como alguns fazem crer. Falo dos ribeirinhos que não exerciam função político, religiosa ou cargos administrativos; nem dos grandes comerciantes ou donos de castanhais.

Quero falar de ribeirinhos, muitos originários da velha Alcobaça mesmo, outros vindos dos mais diversos lugares, principalmente das localidades do baixo Tocantins, e que não voltaram para suas terras, mas fizeram de Tucuruí a sua terra e o lugar que é hoje, através de seus trabalhos e lutas, através de suas festas e cultos, de seus amores e sonhos, muitos esquecidos. A vida não era fácil, estavam sujeitos a diversas formas de exploração – na coleta e transporte do caucho, da castanha, da madeira ou outros produtos florestais – nas diversas atividades a que se dedicavam. Viviam uma vida sofrida nessas margens. Mas, suas vidas são a substância de tudo o que foi e ainda é a história e a cultura de Tucuruí. Porque sem esses homens e mulheres sem nome sem rosto, nossos pais e avós, Tucuruí teria desaparecido. Um lugar é feito por sujeitos sociais concretos, e não por determinada constelação de objetos e fatos.

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