A Civilização Romana
Por: Mariana Leão Vasconcelos • 22/8/2022 • Dissertação • 3.955 Palavras (16 Páginas) • 81 Visualizações
A civilização romana
A Itália se localiza em uma estreita península, próxima da Grécia, ligada ao continente europeu pela cadeia de montanhas conhecidas como Montes Apeninos. Seu extenso litoral é banhado pelo Mar Mediterrâneo (de acordo com a área próxima da Itália o mar recebe outros nomes regionais - Mar Tirreno, entre a Itália e as ilhas de Córsega e Sardenha; Mar Jônico, no extremo sul da península e Mar Adriático, entre a Itália e a Grécia e demais países da península Balcânica). O solo da Itália era ligeiramente mais fértil do que o da Grécia, permitindo o plantio do trigo e a criação de alguns rebanhos.
Por volta de 2200 a.C. povos denominados italiotas ocuparam o centro-sul da península e a ilha da Sicília. Os dois principais subgrupos desse povo eram os latinos e os samnitas. Os italiotas viviam em comunidades tribais que tinham como principal atividade econômica o pastoreio. Entre os séculos VIII a.C. e VI a.C. os Samnitas conseguiram derrotar os demais povos da península conquistando-a quase que por completo, apenas as regiões do sul, onde os gregos organizaram um conjunto de colônias batizado de Magna Grécia, não foram ocupadas por esse povo. Um dos povos subjugados pelos samnitas foi o etrusco, que criara vários vilarejos ao longo dos rios Arno e Tibre. Uma dessas cidades próxima do rio Tibre foi Roma.
O povo etrusco, assim como o grego, explorou o comércio marítimo com os povos vizinhos. Os gauleses chegariam a região do vale do rio Pó, no norte da península por volta do século IV a.C., criando a chamada Gália Cisalpina.
Roma se tornaria um importante porto comercial da península e a partir do século IV a.C. seus exércitos foram conquistando os reinos vizinhos até ocuparem totalmente a península, iniciando um imenso império.
Mitologicamente os romanos acreditavam que haviam surgido de uma forma muito diferente. Contam que Amúlio destronara seu irmão Numitor, rei de Alba Longa e o prendera em um calabouço. A filha de Numitor, Réa Sílvia foi forçada pelo tio a tornar-se uma sacerdotisa do templo da deusa Vesta, para que nunca tivesse filhos, já que as sacerdotisas desse templo deveriam ser virgens. Com essas providências Amúlio acreditava estar seguro. No entanto, alguns anos depois o deus Marte (deus da guerra - Ares para os gregos) avistou do Olimpo Réa Sílvia e se apaixonou por ela. Depois do primeiro encontro com a moça passou a visitá-la freqüentemente no templo de Vesta disfarçado de fumaça. Réa Sílvia engravidou fazendo nascer os gêmeos Rômulo e Remo. Quando Amúlio soube do nascimento das crianças ficou furioso. Mandou executar Réa Sílvia e lançar as crianças no rio Tibre. Os recém-nascidos foram colocados em um pequeno cesto e arremessados nas águas do rio. O cesto não afundou. As crianças foram transportadas em seu barco improvisado até encalharem quilômetros abaixo em uma das margens. Lá seriam encontrados e adotados por uma loba, enviada por Marte, (um dos animais símbolos do exército romano) que os amamentaria e cuidaria deles nos primeiros anos de vida. Seriam encontrados mais tarde por pastores da região. Viveriam com eles até se tornarem adultos. Marte aguardou que seus filhos se tornassem homens para revelar-lhes o segredo de sua origem. Os dois com a ajuda do pai destronariam Amúlio e devolveriam o trono de Alba Longa a Numitor. Os irmãos resolveram construir uma cidade para celebrarem a vitória alcançada. O projeto de construção, no entanto, gerou desavença entre eles. Os dois desejavam construir a cidade no local onde haviam sido resgatados pela loba. Rômulo queria que a cidade tivesse muralhas, Remo por sua vez acreditava que isso era dispensável. Um tentava convencer o outro, sem sucesso. Rômulo tentou mostrar ao irmão como seria a sua cidade, fazendo no chão um desenho. Remo pisou na figura, tentando dizer com isso que as muralhas poderiam ser ultrapassadas. Irado Rômulo desembainhou sua espada e matou seu irmão. Rômulo construiria sozinho a cidade de Roma. Para povoar a cidade o futuro rei decretou que todos os foragidos dos reinos vizinhos teriam asilo em sua cidade. Para lá centenas de pessoas perseguidas por diversos motivos fugiram, mas na sua imensa maioria eram homens. Para aumentar a população feminina de Roma, os romanos organizaram um plano engenhoso. Convidaram os sabinos, povo vizinho para uma grande festa. Durante os festejos, os sabinos se embriagaram com o vinho oferecido pelos “bons vizinhos romanos” e aos poucos eram transportados para fora da muralha. No fim da festa as sabinas (filhas e esposas dos sabinos) seriam convidadas pelos romanos a permanecerem. Os sabinos organizariam mais tarde um grande exército para reaver as mulheres perdidas. Antes que o combate ocorresse as sabinas deram-se as mãos e cercaram com seus corpos as muralhas da cidade.
Elas fariam opção por ficar em Roma, frustrando os sabinos (caso raríssimo na História Antiga: um registro cultural onde as mulheres tomaram uma decisão por conta própria). Rômulo,
segundo os romanos antigos, seria o primeiro rei de Roma, mas ainda hoje não existem provas de que ele tenha existido.
A sociedade romana
Desde a sua origem a sociedade romana foi patriarcal e escravista, apesar de sofrer mudanças durante a sua existência. Era formada basicamente por quatro classes sociais: os Patrícios: grandes proprietários de terras, classe formada pelas famílias mais antigas da cidade; os Plebeus: classe numerosa formada por homens livres que poderiam ser artesãos, comerciantes, funcionários públicos, pequenos proprietários, etc; os Clientes: homens livres que recebiam um pedaço de terra dos patrícios em troca de um pagamento e de trabalhos prestados e os Escravos: inicialmente prisioneiros de guerra e mais tarde preciosa mercadoria vendida em todo o império.
Os patrícios conseguiram durante a maior parte da história do Império Romano fazerem prevalecer suas vontades. Foram eles os maiores favorecidos pelo governo. Os plebeus e clientes, ao contrário dos patrícios, eram obrigados a pagar impostos, eram recrutados como soldados em caso de guerra e tinham poucos direitos políticos. Os escravos não possuíam direito algum. Quando os romanos passaram a conquistar territórios fora da Itália, os escravos se tornaram a classe que mais trabalhava fisicamente, produzindo o sustento dos demais grupos da sociedade romana. Para se ter uma idéia disso podemos observar que por volta do século I a.C. mais da metade da população de Roma eram escravos.
A organização política de Roma
Roma teve três sistemas de governo ao longo de sua história na antigüidade: Monarquia, República e Império.
Monarquia
Entre os três tipos de governo foi o mais curto. Roma teve oito reis se considerarmos que Rômulo e outros três reis lendários tenham realmente existido. O que se pode afirmar corretamente é que essa fase foi marcada pela luta entre o rei e os patrícios pelo governo de Roma. Os monarcas desse período desejavam ser absolutos e os patrícios através do Senado e da Assembléia Curiata desejavam limitar o poder real para que pudessem de fato governar o país. Depois de várias tentativas, os patrícios conseguiram derrubar o último rei romano Tarquínio, o soberbo, iniciando a República Romana, no século VI a.C.
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