A Cultura Para Terry Eagleton
Seminário: A Cultura Para Terry Eagleton. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: chocolatede • 11/11/2013 • Seminário • 955 Palavras (4 Páginas) • 413 Visualizações
Uma das palavras mais inflacionadas dos últimos tempos, “cultura” tornou-se um conceito que pode definir as mais diferentes e até contraditórias idéias. Partindo desse pressuposto, Terry Eagleton, em A idéia de
cultura, procura não só classificar os diferentes usos do conceito, mas também mostrar que, apesar de seu uso indiscriminado, cultura é uma idéia
extremamente importante para a interpretação do mundo atual, sempre salientando sua relação com a política.
Depois de uma descrição do desenvolvimento histórico da palavra,
Eagleton coloca-a em três categorias: cultura como civilidade, como identidade
e como algo comercial ou pós-moderno. Ou ainda: como excelência, ethose
economia (p. 96). No geral, essas categorias correspondem a outros termos já
bem conhecidos: alta cultura (ou Cultura), cultura popular e cultura de massa.
A novidade está na maneira como esses conceitos se inter-relacionam. Na verdade, Eagleton se refere a essa relação como “guerras culturais”.
Para ele, a cultura como civilidade não é apenas um assunto estético. A importância do cânone não se deve a um mérito inerente, mas porque ele é “a pedra de toque da civilidade em geral” (p. 96). É a arte indicando um refinamento de vida a ser alcançado pela sociedade. Esse sentido de
cultura vem sendo bastante desafiado pelo de cultura como identidade. A
relação entre esses dois sentidos prenuncia o conflito entre estética e antropologia, “agora não apenas uma rixa acadêmica mas um eixo geopolítico”
(p. 97). Não se trata aqui de diferenças relativas ao Sul e o Norte, ou a
regiões desenvolvidas e subdesenvolvidas, mas principalmente ao Ocidente
e seus Outros. De modo mais geral, as diferenças entre civilização e formas
mais corporativas: “nacionalismo, nativismo, política de identidade, neofascismo, fundamentalismo religioso, valores da família, tradições comunitárias, o mundo dos combatentes ecológicos e dos adeptos da New Age”
(p. 97). Embora essa classificação possa parecer maniqueísta, o autor lembra que a batalha travada por esses dois sentidos de cultura tornou-se agora uma questão global. Por outro lado, os princípios liberais e emancipatórios que marcam as políticas de identidade estão incluídos também na cultura como civilidade. Para Eagleton, qualquer emancipação política na época atual estará de alguma forma em dívida com o iluminismo, “não importa
o quão indignada possa estar a respeito dessa origem” (p. 98).
A cultura pós-moderna ou cosmopolita constitui-se também como
outra ameaça à cultura como civilidade, pois as fronteiras entre a arte de
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minoria e seus correlatos de massa ou popular foram progressivamente
erodidas. Paradoxalmente, ocorre cada vez mais uma fusão entre a alta
cultura e a pós-moderna “para proporcionar o ‘dominante’ cultural das sociedades ocidentais” (p. 105), o que pode ser ilustrado pelo fato de que a
alta cultura é hoje extremamente moldada pelas prioridades capitalistas. Se
a cultura pós-moderna é antielitista, ela também endossa valores conservadores. Tutelada pelo mercado, a sociedade pode ser tanto liberada quanto
reacionária. A cultura comercial preserva portanto muitos dos valores da
alta cultura, embora os despreze como elitistas. A diferença é que ela consegue embrulhar esses valores em uma atraente embalagem antielitista enquanto a alta cultura não.
Eagleton salienta que a disputa entre os três conceitos de cultura
não se restringe ao conflito cosmopolita versuslocal, ou entre “alta” e “baixa” cultura ou ainda entre diferentes regiões geográficas, pois esses conceitos se combinam de diferentes maneiras. No mundo pós-moderno, a cultura
e a vida social voltam a estar estreitamente aliadas na forma da estética da
mercadoria, da espetacularização da política e da centralidade da imagem,
entre outros aspectos. Inicialmente um termo aplicado à percepção cotidiana, a estética, após haver se tornado especializada para a arte, volta assim
à sua origem mundana.
Mas o principal conflito político entre Cultura e cultura é, como
discutido anteriormente, entre a civilidade ocidental e tudo aquilo com que
ela se defronta, tanto em outros lugares como
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