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A Détente Americano-soviética

Por:   •  4/2/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.315 Palavras (6 Páginas)  •  601 Visualizações

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O texto trata de um período extremamente importante da história da guerra fria e é visto pelo autor sob a ótica de quatro grandes fenômenos presentes nas relações internacionais na década de 1970, listados a seguir:

A détente americano-soviética

Caracterizada pelo próprio presidente Nixon como uma era de negociação, a détente americano-soviética se solidifica com uma mudança radical da postura dos governos norte americano e soviético sobre a forma como esses dois Estados podiam e deveriam relacionar-se no sistema internacional. Ou seja, um processo de relaxamento de tensões entre EUA-URSS. Trata-se de um processo de reconhecimento da legitimidade do outro e consequentemente um processo gradual de cooperação entre as duas superpotências. A crescente interação entre Moscou e Washington percebida em 1962 a ponto deste ano ser classificado por Maurice Vaisse como o marco entre a coexistência pacífica e a détente, uma vez que é a partir deste ano que, diferentemente do que ocorria até então, as relações bilaterais passam a gerar tradados, acordos e convenções, ou seja, resultados institucionais claros de cooperação entre essas duas superpotências, o que demonstrava a clara determinação dos dois países de autoproclamarem-se capazes de reger a ordem internacional em bases diferentes daquelas que haviam animado a Guerra Fria e a coexistência pacífica.

Nesse período ocorre um número recorde de conferencias de alto escalão entre autoridades dos EUA e URSS. São quatro conferências de alto escalão em seis anos. São também criadas inúmeras comissões de trabalho. Comitê de cooperação econômica, cooperação cultural, cooperação aero-espacial, cooperação técnico-científica em várias áreas.

O primeiro marco desse novo tempo foi o Tratado de não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), concluído em julho de 1968.

O segundo marco dá-se com a assinatura de dois acordos importantes durante a détente:  o SALT – acordo de limitação de armas estratégicas e o acordo antimíssil. Estabelecem que cada uma das superpotências só poderia instalar dois sistemas de defesa antimíssil em seu país.

Alguns fatores contribuíram para o fortalecimento da détente:

A crise entre EUA-URSS no início dos anos 60 e a crise de Cuba em 1962 trouxeram implicações que contribuíram para uma aproximação bilateral entre Moscou e Washington uma vez que demonstraram o perigo da escalada nuclear.

A decisão do governo Brejnev de evitar que em crises futuras a URSS esteja em uma situação de inferioridade tal como ela estava na crise de Berlim e Cuba, levando os dois países a paridade nuclear.

O processo de aproximação diplomática entre a Europa Ocidental e o bloco URSS.

Aprofundamento do conflito sino-soviético.

Contudo, no final dos anos 70 há uma reversão importante da relação entre EUA e URSS. Críticas domesticas crescentes à détente tanto nos EUA como na URSS. Americanos começam a considerar a detente como um instrumento soviético para congelar o status quo militar e econômico entre as duas potencias, mas permitir um aumento de influência de Moscou no terceiro mundo.  Crises no terceiro mundo nas quais as duas superpotências se envolveram também reverberam na sua relação entre si.

A diversidade de interesses

Outro viés de relaxamento do poder bipolar na década de 7º foi a diversidade de interesses. Os acordos de Helsinki sobre a Segurança e a Cooperação da Europa (CSCE) trazem a Europa à condição de reivindicar seu próprio Espaço de poder antes perdido, uma vez que, através do acordo seus territórios passam a ser legítimos, há uma expansão enorme entre a Europa Oriental e Europa Ocidental e a questão da segurança humana aos países signatários. Dessa forma, nesse período vê-se a construção da Comunidade Europeia que reconquistava influencia. A chamada Europa dos Nove, passou a ser, a partir do início de 1973, o segundo poder econômico mundial.

A América Latina passa por um período de tentativa de autoafirmação, uma vez que o ambiente de détente beneficiou sua reinserção internacional. Apesar das tensões ideológicas criadas pela Revolução Cubana e movimentos revolucionários, as relações internacionais foram desideologizadas em alguns de seus países mais importantes como o Brasil. Contudo, a dimensão pacífica da reinserção internacional da América Latina foi utilizada pelos Estado Unidos para alimentar a dependência histórica de vários países da região. Exemplo disso é a adesão ao Tratado de Tlateloco. Contudo a crise de liderança norte-americana fez-se sentir com o governo de Fidel Castro. Países como o México, a Argentina e o Brasil mantiveram uma linha de conduta própria nos negócios internacionais, apesar das diferenças de regimes políticos. Houve ainda uma diversificação de parceiros internacionais que atenuou o peso relativo dos Estados Unidos como eixo econômico e político das vinculações externas. O México esteve dividido entre a dependência norte americana e seu apelo discursivo a favor do Terceiro mundo.

A Argentina não teve seus movimentos de inserção internacional profundamente alterados.

O Brasil foi o país da América Latina que teve o melhor desempenho em busca de autonomia na década de 70. O projeto nacional-desenvolvimentismo dos anos 30 se manteve nos anos 70 e o país chegou a ser qualificado como potência média ou poder ascendente e essa ideologia do “Brasil Grande” o levou à bisca de maior autonomia na ordem internacional vigente. Mas essa euforia também engendrou ilusões que levaram a vulnerabilidade econômica na década seguinte embalada por altos níveis inflacionários, desigualdades sociais internas o que acabou por reduzir sua ação internacional.

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