A FORMAÇÃO DO MUNDO ATLÂNTICO O TRÁFICO AFRICANO NA DIÁSPORA
Por: preta_flor • 13/6/2017 • Trabalho acadêmico • 1.918 Palavras (8 Páginas) • 361 Visualizações
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA
HISTÓRIA DA ÁFRICA
DOCENTE: EUCIENE RIZZATO
PERÍODO: 2016.1
A FORMAÇÃO DO MUNDO ATLÂNTICO
O TRÁFICO AFRICANO NA DIÁSPORA
Juliana Souza da Silva
Feira de Santana, 2017
Para entender como ocorreu a formação do mundo atlântico, é preciso entender como ocorreu a escravidão na história da África antes do tráfico negreiro. Na maioria das regiões africanas já existia a escravidão interna.
Como a África é um continente formado por muitas tribos, eram comuns as guerras entre elas e aquela tribo que era derrotada tornavam servos da vencedora. Muitas guerras ocorriam com o objetivo de ter maior quantidade de escravos. Os principais reinos que mais escravizavam eram os reinos: Daomé, Iorubas, Sego e o Ashanti. Esses reinos atacavam outros territórios capturavam, sequestravam ou como aconteceu mais tarde com a introdução do comércio transatlântico vendiam essas pessoas para os europeus. É possível observar que os próprios africanos contribuíram para o tráfico dos mesmos para outras regiões do mundo. Em relação a essa contribuição Paul Lovejoyº e Jhon Thornton¹ levantam um debate em torno da escravidão africana e a sua relação com o tráfico atlântico. Lovejoy em seu livro ‘’ A escravidão na África: uma história de suas transformações’’ defende a ideia que os africanos foram agentes passivos no processo de escravidão e no comércio atlântico. Os argumentos de Lovejoy utilizados para defender sua ideia é que, a escravidão que existia na África antes da chegada dos europeus era doméstica ou classificada pelo modo de parentesco e que a mesma não sendo institucionalizada, não era considerada escravidão. Para Lovejoy só é considerada escravidão quando o servo passa ter mais caráter econômico do que social, que para ele isso acontece a partir do momento que é introduzido o comércio europeu na África. Não concordo com Lovejoy quando ele diz que o africano é um agente passivo na introdução do comércio atlântico, pelo contrário, a partir do momento em que se está em condição de escravo, existe a escravidão não é necessário institucionaliza-la para se tornar como tal.
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º Professor da Universidade York, Ontário, Canadá. Historiador muito reconhecido nos estudos sobre a escravidão africana e a formação do mundo atlântico.
¹ Professor de história da Universidade de Boston, consultor de história africana da Enciclopédia Britânica.
Concordo com o historiador Jhon Thornton quando ele afirma em seu livro ‘’ A África e os africanos na formação do mundo Atlântico (1400-1800)’’ que:
(...) a escravidão era disseminada e inata na sociedade africana, como era, naturalmente, o comércio de escravos. Os europeus simplesmente entraram nesse mercado já existente, e os africanos responderam ao aumento da demanda durante séculos fornecendo mais escravos. (THORNTON, 2004, P. 123).
A partir da citação acima, percebe-se que Thornton acredita que os africanos foram agentes ativos no processo de escravidão e totalmente contribuintes no crescimento do comércio atlântico. Os mesmos também tinham uma escravidão institucionalizada antes dos europeus. A instituição da escravidão africana era diferente da europeia, pelo fato que, enquanto a Europa tinha como maiores bens lucrativos as poses de terras, na África a mão-de-obra era o que mais gerava lucros para as sociedades. Logo, quantos mais escravos, mais ricos seriam os proprietários dos mesmos. Então já que a África possuíam muitos escravos e os africanos que tinham cativos, permitiu que os europeus ingressassem no comércio escravista, esse comércio deixou de ser interno, tornando-se através da Costa atlântica da África, o maior comércio de mão-de-obra escrava da história.
Antes do tráfico atlântico escravos os europeus e os africanos já tinham um comércio bastante ativo, comercializavam entre ouro, armas dentre outros produtos. Quando os europeus começaram a traficar mão-de-obra escrava perceberam que poderiam lucrar bastante com esse comércio de carne humana. A expansão marítima europeia no século XV já era uma realidade, os europeus tomaram o comando do comércio atlântico. Umas dos países europeus que mais lucrou com esse comércio foi Portugal. Os portugueses inicialmente ofereciam aos africanos produtos como: ferro, tecidos a fim de ganhar mais prestígio e cada vez mais ganhava e espaço para comercializar e extrair da África o que mais lhe interessavam naquele momento, mão-de-obra escrava. As posições amigáveis que os portugueses tiveram com os africanos, permitiam que eles angariassem mais escravos. Os portugueses tomaram conta da África se instalando nos principais pontos de comercialização de escravos, como o que foi criado no Cabo de Guiné. Para que isso acontecesse Portugal tinha seus mercadores de escravos, os quais faziam o serviço sujo para a coroa portuguesa, dentre esses mercadores destaco Francisco Felix de Souza. O historiador Robin Law² em seu artigo ‘’ A carreira de Francisco Felix de Souza na África Ocidental (1800-1849)’’, relata a carreira de Francisco Felix explorando alguns aspectos que para law são cruciais. Como a relação dele com o Brasil, que segundo as fontes mostra que Felix depois que saiu do Brasil nunca mais retornou ao mesmo. Um dos pontos principais no texto de law é destacar a importância do mercador para o tráfico transatlântico de escravos e também para a comunidade de Ajudá, onde ele se instalou por longos anos. O que Law destaca em relação a sua carreira é a facilidade que Francisco Felix tinha em fazer a intermediação no comércio escravo com os vários chefes africanos e com os traficantes de escravos. Percebe-se no texto a dificuldades em utilizar as fontes sobre Felix, já que a mesma está fragmentada. Law utilizou os documentos dos arquivos da Marinha britânica e as tradições orais de Ajudá, não dá pra seguir corretamente uma ordem cronológica dos fatos baseados nessas fontes, já que as mesmas são dispares.
Farei um breve resumo de sua vida e carreira. Nascido em Salvador Bahia em 1754, filho de pai branco e mãe mestiça. No Brasil participou da conjuração baiana (1798), foi a favor dos malês e dos ex-escravos, os protegendo. Depois não se sabe ao certo quais motivos levou Francisco Felix ir embora do Brasil, indo para a África tornando-se um dos mais conhecidos mercador de escravos do comércio atlântico escravo. Fez grandes riquezas quando ao se instalar em Popô Pequeno (ou Anexô), atual Togo, casou-se com a filha do chefe de Popô Pequeno, daí com as relações de parentesco e com a ajuda do sogro Felix começou a sua carreira no tráfico de escravos. Mias tarde indo para Ajudá, chegando lá foi nomeado Chachá ( um chefe daomeano) pelo rei Guezo, com quem tinha uma relação comercial, o Chachá tinha total controle sobre o comércio de escravos. O reino Daomé tinha um comércio de escravos muito ativo, pois gerava grandes lucros para o reino.
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