A Família Escrava Africana Na América Portuguesa
Por: VITORIA FERREIRA ARRUDA DO NASCIMENTO • 26/6/2023 • Trabalho acadêmico • 1.348 Palavras (6 Páginas) • 53 Visualizações
- UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
- CAMPUS DE TRÊS LAGOAS
- A FAMÍLIA ESCRAVA AFRICANA NA AMÉRICA PORTUGUESA¹
- Vitória Ferreira Arruda do Nascimento²
- vitoria_arruda@ufms.br
RESUMO: Este Paper analisa a estrutura familiar da população escrava na América portuguesa, destacando a dinâmica e os desafios enfrentados por essas famílias. Examina como a escravidão afetou a formação e manutenção das relações familiares e as estratégias de resistência empregadas pelos escravos para manter suas identidades e coesão familiar. O estudo utiliza fontes bibliográficas para compreender a realidade e o legado das famílias escravas neste contexto histórico.
I . INTRODUÇÃO
Chegar ao Brasil colonial significou a separação brutal das famílias escravas. O comércio de escravos realizado por portugueses nos navios negreiros com fins lucrativos procurou desmantelar essas estruturas, vendendo indivíduos em todas as regiões. A dor da separação forçada deixou marcas profundas na vida dos escravizados, que perderam entes, bagagem cultural e redes de apoio.
Como é observado do século XVIII e inicio do século XIX, a história da escravidão no Brasil está intrinsecamente ligada à trajetória das famílias escravas na África. Ao longo dos séculos, milhões de africanos foram desenraizados e forçados a cruzar o Atlântico para desembarcar em solo brasileiro e se tornar propriedade de seus senhores. Apesar das adversidades que enfrentaram, as famílias escravas africanas conseguiram manter uma ligação afetiva e resistir à opressão imposta pela escravidão de acordo com a historiadora SIlvia Hunold Lara em sua obra “Campos da violência”.
O processo de resistência na África deve ser destacado neste artigo porque tudo aconteceu de forma brutal e a comunidade africana resistiu e resiste até hoje, com o intuito de terem sua cultura e seus direitos garantidos, mas atualmente ainda existe uma grande dificuldade de assegurar igualdade social à todas as classes.
II . A DISSOLUÇÃO DA FAMÍLIA DURANTE O PROJETO COLONIAL
Assinalam os autores Wlamyra R. de Albuquerque e Walter Fraga Filho no ano de 2006 que os escravizados trazidos da África eram capturados em suas terras de origem até a chegada ao Brasil, as famílias africanas eram frequentemente separadas, pois os traficantes de escravos buscavam somente homens africanos jovens a fim de lucrar mais e assim dividir os indivíduos e vendê-los para diferentes regiões. Essa separação forçada resultou em menos casais, pois a quantidade de homens era ridiculamente maior que a quantidade de mulheres, como ressalta a obra “Uma história do negro no Brasil.” .
“É evidente que a vida sob cativeiro criava sérios entraves à formação de famílias. A tendência do tráfico de importar mais homens do que mulheres dificultou a formação de casais. Ou seja, havia muito homem para pouca mulher nas senzalas. A condição escrava dificultou também a consolidação de famílias e comunidades, já que amigos e parentes podiam ser separados pela venda ou decisão dos senhores de alocá-los em propriedades diferentes e distantes.” (2006, Pág 98)
Apesar das tentativas de separação, as famílias escravas encontraram maneiras de resistir e manter seus vínculos. Dentro das senzalas, eles estabeleceram novos arranjos familiares baseados não apenas em laços de sangue, mas na união e na amizade. Unida pelo parentesco, por afinidade, amizade e padrinhos. A comunidade escrava formou um conjunto de pessoas que se ajudavam a fim de compensar a ausência de família criada pela escravidão.
III . FAMÍLIA ESCRAVA E COMPADRIO
De acordo com Stuart B. Schwartz em seu texto “Escravos, roceiros e rebeldes” o compadrio ocorria quando um escravo batizava o filho de outro escravo, ele se tornava o "padrinho" da criança. Essa relação é considerada importante e pode se estender por gerações. Os padrinhos são chamados de “companheiros” que, além de dar apoio emocional e material à família, também assumem a responsabilidade de ajudar na criação e educação dos filhos.
A prática era uma forma de criar laços familiares alternativos dentro das comunidades escravizadas, já que muitas famílias africanas foram separadas pela escravidão. Além disso, o compadrio permitia que os escravos africanos mantivessem suas tradições culturais e religiosas, como a prática do batismo.
Compadrillo também teve influência social e política na comunidade escrava. Os camaradas podem apoiar uns aos outros em momentos de necessidade, compartilhando recursos, informações e apoiando uns aos outros. Esses laços entre pares facilitaram a formação de redes sociais e movimentos de resistência entre os africanos escravizados.
“Tais laços também tinham uma dimensão social fora da estrutura da igreja. Podiam ser usados para reforçar laços de parentesco já existentes, ou solidificar relações com pessoas de classe social semelhante, ou estabelecer laços verticais entre indivíduos socialmente desiguais. Podiam-se estabelecer relações de compadrio de diversas maneiras: por intermédio de casamento, crisma, ou mesmo em certas festivi-dades, como a do dia de São João, quando, ao dar as mãos e pular a fogueira juntos, os indivíduos podiam tornar-se "compadres da fogueira.".. A igreja não aprovava essas criações populares de compadrio, mas o costume continuou.” (Pág 266, 2001)
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