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A HISTÓRIA DA VIDA PRIVADA NO BRASIL

Por:   •  15/11/2017  •  Trabalho acadêmico  •  856 Palavras (4 Páginas)  •  337 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA

HALEF VOTAN MARTINS

FICHAMENTO DO LIVRO

HISTÓRIA DA VIDA PRIVADA NO BRASIL

RONDONÓPOLIS

2017

HALEF VOTAN MARTINS

FICHAMENTO DO LIVRO

HISTÓRIA DA VIDA PRIVADA NO BRASIL

Atividade apresentada ao Departamento de História, Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário de Rondonópolis, como requisito parcial para a disciplina de Brasil República I, ministrada sob a supervisão da professora Drª. Beatriz dos Santos de Oliveira Feitosa.

 

RONDONÓPOLIS

2017

Autor (es):

GOMES, Angela de Castro

Organizador (es):

Coordenador (es):

Editor (es):

Tradutor:

Título e subtítulo da obra:

HISTÓRIA DA VIDA PRIVADA NO BRASIL

Título e subtítulo do capítulo:

A política brasileira em busca da modernidade: na fronteira entre o público e o privado

Autor (es) do capítulo:

Edição:

Local de publicação:

São Paulo

Editora:

Editora Swarcz, LTDA

Data da publicação:

1998

Coleção:

Páginas:

Intervalo de páginas do capítulo:

489-510

Volume:

(para livros na internet) Disponível em:

(para livros na internet) Acesso em:

Rui Barbosa, foi no início do século XX uma das inteligências mais respeitadas do Brasil. Foi candidato derrotado por duas vezes na corrida à presidência da República. Podemos considera-lo uma espécie de anticandidato que lutava por uma utopia em que acreditava. Destacava-se pela sua cultura, considerada excepcional, embora justamente por isso, mal adaptada ao país. Era muitas vezes criticado pela sua distância da realidade social sobre a qual teorizava.

O início do século XX foi marcado por uma convulsão social generalizada. Primeira Guerra Mundial, Revolução Russa, foram fatores determinantes na época para termos a certeza que o mundo havia mudado radicalmente e não seria mais o mesmo.

No Brasil também se sentiam os ventos da mudança. Cresciam as demandas pela extensão dos direitos políticos e sociais, greves e outras agitações. Havia uma crise generalizada.

Com a aproximação do centenário da independência, que seria celebrado em 1922 os políticos queriam aproveitar esse acontecimento para fazer um balanço do estado da nação e explicar as causas do “atraso” e apresentarem novas ideias sobre as possibilidades de “modernização”.

Para Rui Barbosa, o Brasil não era e não deveria ser o espetáculo do poder público corrompido pelas fraudes eleitorais e pela ambição de políticos que dele se apropriavam de maneira violenta e egoísta.

A par de Rui Barbosa, surgiu uma outra grande figura: Pinheiro Machado. Senador e gaúcho da fronteira, estava sempre ladeado de parlamentares de diferentes estados e ambições. Era um homem que “fazia presidentes”, sendo conhecido por suas habilidades de articulador.

Apesar de serem provenientes de direções inversas, encontravam-se os dois e por isso mesmo foram endeusados pela população. Defendiam o poder descentralizado para fazer face a uma ameaça de “anarquia”, que era um sinônimo de ruptura da unidade territorial e dos controles federais que garantiam os códigos sociais mais amplos.

O drama da República era que se situava na fronteira entre o público e o privado, sendo essa a sua principal marca e também o seu dilema.

O grande desafio a ser enfrentado pelas nações coloniais e “atrasadas” como o Brasil, envolvia duas premissas. De um lado, o reconhecimento de um certo paradigma de política moderna, entendida como o mundo dos cidadãos racionais e dos procedimentos públicos impessoais, mundo existente de fato nos países desenvolvidos. De outro lado, a necessidade de compreensão de uma realidade social que com ele se confrontava, pois se fundava em padrões de autoridade tradicionais que não podiam ser ignorados e menosprezados, sob pena de total insucesso.

Rui Barbosa é uma das versões da face moderna da política, identificada com o poder público e radicada no Estado e no direito, enquanto Pinheiro Machado representa a face tradicional.

Existia na época uma dicotomia no Brasil que se podia traduzir pela expressão “Brasil real X Brasil legal”, onde o lado real era representado por uma sociedade rural e exportadora na qual dominava a descentralização e o poder patriarcal, enquanto que o lado legal era visto como o lado artificial e emergia de uma sociedade urbano-industrial na qual o poder centralizado e concentrado do Estado tinha bases impessoais e racionais, sendo exercido por uma burocracia técnica.

Podemos destacar dois pontos originados nessa dicotomia. Em primeiro lugar, essa tradição clássica no pensamento social brasileiro, a qual produz uma avaliação dualista da formação, em que as causas dos males advêm de um desajuste em que “falta poder público e sobra poder privado”. Em segundo lugar, que, exatamente por essa razão, tal avaliação se esforça por produzir fórmulas combinatórias ente o público e o privado, o “legal” e o “real”, reinventando suas fronteiras, mas trabalhando na direção de sua manutenção, quer porque qualquer outro resultado fosse impossível, quer porque também fosse indesejável.

Rui Barbosa queria um Brasil liberal, onde o povo fosse a grande majestade. Queria uma modernidade política em que dominasse o espaço público e o poder do Estado, impessoal e racional-legal, mas fundado em uma arquitetura institucional com partidos e parlamentos, na qual o indivíduo-cidadão participasse do poder e o limitasse por meio do voto.

A ideia de igualdade liberal, fundada na equidade política do indivíduo-cidadão portador de opinião-voto, era contestada pela desigualdade natural dos seres humanos que, justamente por isso, não podiam ser tratados da mesma maneira pela lei. Esse cidadão liberal, definido como possível, mas no caso do Brasil, inexistente, era de fato uma ficção, como o eram os procedimentos a ele associados: eleições, partidos políticos, etc.

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