A Historia Moderna
Por: geizianemaran • 5/5/2016 • Resenha • 2.320 Palavras (10 Páginas) • 321 Visualizações
Historia moderna
Geiziane P.M. R. Nascimento
Wood, Ellen Meikins. A origem do capitalismo Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 200 Capitulo 4 A origem agraria do capitalismo pg 75-100
A emergência do capitalismo certamente pressupôs o feudalismo ocidental, para não falar do desenvolvimento de algumas formas de propriedades da Antiguidade greco- romana. Mas, uma coisa é dizer que o feudalismo foi uma condição necessária do surgimento do capitalismo, e outra bem diversa é dizer que ele foi suficiente. O feudalismo na Europa, mesmo na Europa Ocidental, era internamente variado e produziu diversos resultados diferentes, apenas um dos quais foi o capitalismo. As cidades-estados autônomas que emergiam na Itália renascentista, por exemplo, ou o estado absolutista na França, foram formações distintas, cada qual com sua logica interna de funcionamento, que não precisariam ter dado origem ao capitalismo. (pg 75)
A tendência a presumir que o capitalismo foi um produto inevitável do feudalismo europeu, ainda que antagônico a ele, enraíza-se, como vimos, na convicção de que as cidades autônomas que cresceram nos interstícios das “soberanias fracionadas” do feudalismo foram não apenas o inimigo natural que viria a destruir o sistema feudal, mas a semente dentro dele que daria vida ao capitalismo. Desligarmo-nos dessa pressuposição implica, em primeiro lugar, separarmos capitalista de burguês e capitalismo de cidade. (pg 76)
Capitalismo Agrário
A associação do capitalismo com as cidades é uma das convenções mais firmemente estabelecidas na cultura ocidental. Supõe-se que o capitalismo tenha nascido e se criado na cidade. Mais do que isso, entretanto, a implicação é que qualquer cidade –com suas praticas características de intercambio e comercio – era, por sua própria natureza, capitalista desde sempre, e que somente obstáculos externos impedem que qualquer civilização urbana desse origem ao capitalismo. (pg 76)
Segundo essa visão, o que explica o desenvolvimento do capitalismo no Ocidente é a das praticas econômicas autonomia singular de suas cidades e de sua classe quintessencial – os burgueses. Em outras palavras, o capitalismo surgiu no Ocidente menos pelo que estava presente do que pelo que estava ausente: o cerceamento das praticas econômicas urbanas. Nessas condições, foi preciso apenas que houvesse uma expansão mais ou menos natural do comercio para desencadear o desenvolvimento do capitalismo até sua plena maturidade. (pg 76)
Talvez o corretivo mais salutar desses pressupostos e de suas implicações ideológicas seja o reconhecimento de que o capitalismo, com todos os seus impulsos sumamente específicos de acumulação e maximização do lucro, não nasceu na cidade, mas no campo, num lugar muito especifico e em época muito recente da historia humana. (pg77)
Durante milênios, os seres humanos proveram suas necessidades materiais trabalhando a terra. E, provavelmente por quase tanto tempo quanto se dedicaram a agricultura, dividiram-se em classes, entre os que trabalhavam a terra e os que se apropriavam do trabalho alheio. Esses camponeses produtores permaneciam de posse dos meios de produção, particularmente da terra. Como em todas as sociedades pré-capitalistas, esses produtores tinham acesso direto aos meios de sua reprodução. Somente no capitalismo é que o modo de apropriação dominante baseia-se na desapropriação dos produtores diretos legalmente livres, cujo o trabalho excedente é apropriado por meios puramente “econômicos”. Como os produtores diretos, no capitalismo plenamente desenvolvido, são desprovidos de propriedade, e como seu único acesso aos meios de produção, aos requisitos de seu próprio trabalho é a verdade sua capacidade de trabalho em troca de um salario, os capitalistas podem apropriar-se do trabalho excedente dos trabalhadores sem uma coação direta. (pg 77,78)
No capitalismo, entretanto, o mercado tem uma função distintiva e sem precedentes. Praticamente tudo, numa sociedade capitalista, é mercadoria produzida para o mercado. E, o que é ainda mais fundamental, o capital e o trabalho são profundamente dependentes do mercado para obter as condições mais elementares de sua reprodução. Assim como os trabalhadores dependem do mercado para vender sua mão-de-obra como mercadoria, os capitalistas dependem dele para comprar a força de trabalho e os meios de produção, bem como para realizar seus lucros, vendendo os produtos ou serviços produzidos pelos trabalhadores. (pg 78)
O comercio ainda tendia a ser de mercadorias de luxo, ou, pelo menos, de mercadorias destinadas às famílias mais prosperas, ou que atendessem às necessidades e aos padrões de consumo das classes dominantes. Não havia um mercado de massa para produtos de consumo baratos e cotidianos. Tipicamente, os produtores camponeses produziam não apenas seus alimentos, mas outros produtos, como o vestuário. Podiam levar seus excedentes para o mercado local, onde a renda obtida era trocada por outras mercadorias. ( pg 80)
A base material que se fundamentava essa economia nacional emergente era a agricultura inglesa, que se singularizava de diversas maneiras. Primeiro, a classe dominante inglesa distinguia-se por dois aspectos correlatos. Por um lado, havendo-se desmilitarizado antes de qualquer outra aristocracia da Europa, ela fazia parte de um Estado cada vez mais centralizado, em aliança com uma monarquia centralizadora, sem a fragmentação da soberania que era característica do feudalismo e seus estados sucessores. ( pg 82)
Por outro lado, havia o que se poderia chamar de uma troca entre a centralização do poder estatal e o controle da terra pela aristocracia. (pg 83)
Essa combinação singular teve consequências significativas. Por um lado, a concentração da propriedade inglesa da terra significou que uma imensa extensão dela não era trabalhada por proprietários camponeses, mas por arrendatários. ( pg 83)
Por outro lado, os poderes extra - econômicos relativamente reduzidos dos grandes proprietários significava que eles dependiam menos de sua capacidade de arrancar uma renda maior de seus arrendatários, através de meios coercitivos diretos, do que da produtividade destes. (pg 83)
Na Inglaterra, os arrendamentos assumiram varias formas e houve muitas variações regionais, mas um numero crescente ficou sujeito a alugueis pagos em dinheiro – alugueis fixados não por padrões legais ou consuetudinários, mas pelas condições do mercado. (pg 84)
O desenvolvimento dessas rendas monetárias ilustradas a diferença entre o mercado como oportunidade e o mercado como imperativo. Expõe também as deficiências das descrições do desenvolvimento capitalista baseadas nos pressupostos convencionais. (pg 84)
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