A História da América Filme
Por: ursula graf • 10/10/2022 • Resenha • 1.490 Palavras (6 Páginas) • 120 Visualizações
O filme 1492: A Conquista do Paraíso foi dirigido pelo diretor britânico Ridley Scott e lançado em 1992 no aniversário de 500 anos da chegada de Cristóvão Colombo no continente que viria a ser chamado de América. Além do renomado diretor europeu, o filme também possui em sua produção a roteirista francesa Roselyne Bosch e o ator francês Gérard Depardieu, no papel principal de Cristóvão Colombo.
O longa-metragem de 2 horas e 34 minutos perpassa 20 anos da vida do navegador Cristóvão Colombo, que tinha a vontade de provar a esfericidade da terra realizando uma viagem à procura de caminhos alternativos que levassem à Ásia. Assim, durante a primeira meia hora de filme, Colombo tenta convencer a nobreza Espanhola a financiar a viagem em busca de especiarias e ouro que trariam benefícios aos comerciantes espanhóis e também com a promessa de “levar a palavra de Deus” aos nativos.
A necessidade de buscar caminhos que não passassem pelo mar mediterrâneo, como é mostrado no filme, advém da dificuldade dos espanhóis de realizar o comércio marítimo naquela área devido aos turcos otomanos que os impediam. Apesar da distância até a Ásia ser desconhecida, Colombo acaba conseguindo o apoio do Rei Fernando e da Rainha Isabel, que acreditam que o investimento será vantajoso para a coroa.
No dia 3 de agosto de 1492, Cristóvão Colombo começa sua viagem em busca do Oriente Médio, através do Ocidente. O filme mostra com veemência as dificuldades enfrentadas pelos navegadores, principalmente devido ao fato de que a viagem durou mais do que o estipulado e os mantimentos tornaram-se escassos.
Quase três meses após a saída dos navios do porto espanhol, em 21 de outubro de 1492, Colombo encontra terra firme. Entretanto, não era, como ele esperava, as chamadas “Índias”, e sim, o continente que futuramente viria a ser denominado de América.
Logo, Colombo e a tripulação europeia deparam-se com os povos indígenas que, apesar de um estranhamento inicial, abaixam suas armas e passam a analisar os homens europeus com curiosidade. Segundo o historiador Nathan Wachtel (apud VIANA, 2014), os indígenas foram receptivos aos espanhóis devido a um mito cultivado entre eles muito antes da conquista, em que os deuses civilizadores retornariam pelo mar. Sendo assim, os indígenas acreditaram que a chegada dos europeus era a concretização do mito e os receberam como deuses.
No filme, essa recepção amistosa por parte dos indígenas é explicada devido a “aparência” dos europeus, que são rapidamente levados à aldeia, onde há uma boa confraternização entre ambos os povos, com cenas em que os indígenas realizam cortes de cabelos e pinturas tradicionais nos espanhóis.
Entretanto, o filme, para manter a estrutura do gênero cinematográfico, romantiza Cristóvão Colombo, o herói injustiçado da narrativa, que é retratado como bondoso, pacífico, pai de família e fiel a sua mulher, e centraliza todo o preconceito, racismo e violência sofrido pelos indígenas durante e após o período da conquista, em um personagem vilanizado, chamado Don Adrian de Moxica, interpretado pelo ator canadense Michael Wincott.
No longa-metragem, Colombo, apesar de ter intenções de evangelizar os indígenas, afirma que deve ser por meio da persuasão e não pela força, pregando a paz e declarando que estes não são selvagens. Entretanto, segundo a historiografia, sabemos que foi um período em que os povos indígenas sofreram extrema violência e opressão, sendo dizimados pelos europeus, e essa responsabilidade não deve ser atribuída a apenas um personagem.
Segundo a autora do caderno didático História da América I, Larissa Viana (2014), a grande queda demográfica e derrota dos indígenas frente a colonização dos europeus pode ser explicada a partir dos fatos de que, apesar de serem maiores em números e possuírem vantagens por estar em território conhecido, os indígenas deixaram os europeus se aproximarem facilmente com a crença de que eram deuses, como já foi dito.
Além disso, os nativos não possuíam defesas contra as doenças que os europeus traziam, sendo uma das principais causas da grande taxa de mortalidade no período e, também, estavam em desvantagem em relação ao poder bélico.
Segundo o autor do texto “Nobreza indígena da Nova Espanha. Alianças e conquistas”, Ronald Raminelli (2010), uma estratégia vital que assegurou o avanço e a manutenção da conquista, junto com os outros motivos previamente citados, foram as alianças forjadas entre os espanhóis e as chefias indígenas. De acordo com o autor, antes de recorrer ao poder bélico, os espanhóis utilizavam a palavra, por meio de intérpretes.
A inimizade entre os povos indígenas ainda favorecia os europeus que viam na rivalidade entre os nativos a oportunidade de avançar mais facilmente com a conquista, visto que formavam alianças com uns povos, em benefício de unir-se contra outros.
No filme, essa aliança é demonstrada em diversas conversas que ocorrem com o líder indígena por meio de um intérprete nativo que aprendeu a língua utilizada pelos europeus. Em uma cena emocionante próximo ao fim do filme, Colombo pede ao intérprete chamado Utapán, interpretado por Bercelio Moya, em meio a uma tempestade que está destruindo toda a cidade que os europeus estavam construindo, para que Utapán fale com ele, para qual o intérprete responde “você nunca aprendeu a falar a minha língua”, deixando Colombo à sua própria sorte.
Outro momento em que pode-se perceber a aliança entre os europeus e os povos indígenas contra outros nativos é quando há o surgimento de um conflito iniciado por Don Adrian de Moxica, ao cortar a mão de um indígena que não encontrou metais preciosos. A partir disso, as lealdades são divididas entre Don Adrian e Colombo, havendo um conflito armado em que podemos perceber indígenas lutando junto aos europeus de ambos os lados.
Além disso, a superioridade
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