A Idade dos Torneios
Por: Geverson Luis • 26/9/2021 • Artigo • 1.631 Palavras (7 Páginas) • 75 Visualizações
Idade dos torneios, caçadas e jogatinas
Por muito tempo, a Idade Média foi considerada a Idade das Trevas. Com isso, era comum se pensar que aproximadamente um milênio da história da humanidade fora perdida. No entanto, nos últimos anos, os historiadores têm trabalhado para desmistificar esta afirmação, que tem se demonstrado cada vez mais falsa.
Quando estudado em sala de aula, quando se assiste um filme ou documentário, é fácil de imaginar que a vida de um camponês, era de trabalho árduo e sem descanso, e mesmo o nobre vivia apenas para fazer banquetes, tratar de política e cobrar sua corveia. Mas na verdade, as condições de trabalho não eram exatamente assim, em um tempo onde não havia os nossos relógios modernos, a vida era regrada pelas condições climáticas e estações do ano, isto é, pela natureza. Portanto um camponês podia ter em média, três meses ao ano de descanso.
O que se fazia nestes períodos de descanso? A diversão na Idade Média incluía grandes banquetes, celebrações que duravam vários dias, regadas com muita bebida, música e danças, e também os torneios, que aglomeravam multidões, e jogos dos mais diversos, sendo que alguns desses jogos continuam a fazer parte do nosso cotidiano. Então Atentando-se mais especificamente aos torneios e jogos, vamos fazer um breve relato sobre esse mundo onde a nobreza se divertia e ocupava um pouco de seu tempo ocioso dentro de seus castelos e fortalezas.
Muitos desses torneios além de servir de pura diversão a seus participantes e ao público que assistia, também servia de um excelente treinamento de guerra, já que alguns desses torneios eram extremamente violentos e em muitos casos levava até a morte de seus participantes.
E um dos esportes que divertia e servia de treino era a justa, modalidade reservada à elite da cavalaria. Esse embate era travado entre dois cavaleiros que portavam uma longa lança e cavalgavam um em direção ao outro com objetivo de quebrá-la contra a armadura de seu oponente. O ato de quebrar a lança, significava a veracidade da disputa, mostrava que a competição não era encenada. Havia dois tipos de disputa, a justa cortês que a lança tinha uma proteção em sua ponta, sendo assim não havia ferimentos graves, e as justas até a morte, que como o nome já diz, e foi muito utilizado para resolver disputas durante a Guerra dos Cem Anos onde muitos franceses e ingleses vieram a falecer em decorrência dos ferimentos. Um trágico evento conhecido como o Combate dos Trinta, na cidade de Ploermel, na Bretanha, levou a morte de 30 franceses e 30 ingleses.
As justas tiveram início de seus torneios por volta do século XII e teve o começo de seu fim no século XVI com a morte do rei Henrique II da França, que ficou gravemente ferido em uma disputa de justa e veio a falecer 10 dias depois. O episódio deu início ao fim dos duelos e a justa como esporte nobre, sendo substituído por um exercício chamado de quintana. Este esporte consistia em o cavaleiro acertar um escudo que ficava preso ao corpo de um boneco de madeira que também possuía um braço articulado com uma corrente, o mesmo ficava estático a um poste giratório. O objetivo do cavaleiro era golpear o escudo fazendo-o girar sem ser atingido pela corrente do braço articulado do boneco.
Mas outras distrações esportivas também caíram no gosto do medievo, entre elas, o arco e flecha e a besta. Com o advento do tiro com a flecha a figura do arqueiro tornou-se um elemento primordial nos exércitos. Logo após a missa aos domingos, a prática do arco e flecha se tornou obrigatória entre os ingleses sob o reinado de Eduardo III, sendo assim, os torneios e concursos se espalharam por todo o continente.
Já a besta era uma arma mais complexa para se armar, além de ser muito mais cara, mas seu poder era mais cirúrgico e devastador do que a do arco e flecha. Sua periculosidade era imensa, podendo estraçalhar a proteção de malha usada pelos cavaleiros, por isso a besta passou a ser considerada uma arma desleal. Tanto o arco e flecha como a besta eram uma diversão para a nobreza, mas para as pessoas comuns que sabiam usar com maestria uma dessas armas significava algo a mais, elas conseguiam algumas regalias com os príncipes como à venda de seus serviços ou o privilégio de não pagar impostos.
Hoje o rúgbi e o tênis são esportes que levam multidões a estádios e quadras para torcerem por seus ídolos, mas quase ninguém sabe que esses jogos remetem a idade média, onde nobres e plebeus jogavam para passar o tempo. Os esportes chamados na época de soule e pela são ancestrais respectivamente do rúgbi e do tênis.
O Soule era muito violento, o jogo era composto de duas equipes que deviam levar uma bola até o campo adversário, e para alcançar esse objetivo valia tudo, podia ser usado tanto os pés como as mãos ou até mesmo um bastão. Não era raro existirem vítimas fatais entre seus participantes ao final de cada disputa. O soule era apreciado pelas camadas mais baixas da população.
A pela era um torneio da nobreza, onde aproveitavam para exibir sua forma física e habilidades. As quadras onde se realizavam as disputas ficavam entre as residências castelares, e ter a oportunidade de jogar contra o príncipe, mostrava o quanto se diferenciava das outras classes sociais, ao mesmo tempo que se ganhava prestigio junto a corte.
Quando um senhor não estava participando de justas e outros jogos, ou em meio a uma guerra, o momento era de administrar suas propriedades. A atividade de distração mais comum nestes momentos de sossego era a caça. Ela era dividida em duas formas, com montaria e a falcoaria.
A caçada com montaria, assim como a falcoaria, eram um momento de sociabilidade. A escolha do local era algo de extrema importância, necessitava de muitas arvores para prender os cavalos, água para beber, e grama para os momentos de convivência entre os participantes. Durante as noites a celebração das caçadas era feita com banquetes onde os homens contavam as peripécias do dia de caça.
Para a caçada com montaria, eram utilizados os cães, geralmente das raças: alanos, dogues dinamarqueses, dogues alemães (utilizados pela força que possuem, mas de temperamento difícil), galgos (cães rápidos para a caça de lebres), sabujos (rastreadores) e outros cães de guarda como os Martins (para todos os tipos de presas), porém, o mais importante, não era a raça e sim a obediência que este tinha ao seu treinador.
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