A SEGUNDA AVALIAÇÃO A DISTÂNCIA
Por: Amanda_Ferreira • 29/8/2020 • Trabalho acadêmico • 2.645 Palavras (11 Páginas) • 132 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO FUNDAÇÃO CECIERJ – CONSÓRCIO CEDERJ HISTÓRIA ANTIGA SEGUNDA AVALIAÇÃO A DISTÂNCIA AMANDA SILVA FERREIRA – 17116090185 POLO CANTAGALO
Marc Ferro, em seu livro “Cinema e História” (1992), dispõe sobre a necessidade de se ter cautela no que se refere ao audiovisual, pois entende que é difícil ponderar e/ou medir qual o papel desempenhado pelo cinema, pois este se mostra responsável por uma espécie de tomada de consciência social, o que se agrava mais com o avanço exacerbado dos recursos tecnológicos. De acordo com Ferro:
“Assim como toda produção cultural, toda a ação política, toda indústria, todo filme tem uma história que é História, com sua rede de relações pessoais, seu estatuto dos objetos e dos homens, onde privilégios e trabalho pesados, hierarquias e honras, encontram-se regulamentados [...]” (FERRO, 1992).
Contudo, a autonomia do cinema não é inexistente, ele deve servir como ferramenta eficaz, se tomado as precauções devidas. Dessa forma, antes de ser exibido em sala de aula, o professor deve analisar não só a execução da produção cinematográfica, bem como todo seu processo de elaboração, com o objetivo de entender as intenções da obra e para que a analise desta seja mais sucinta, tanto pelo docente quanto pelos discentes.
O professor Pierre Sorlin, por sua vez, acredita que a imagem, mais especificamente o filme, coopera não só para o entendimento, mas para a elaboração da própria história. Desde sua obra, “Sociologia do Cinema” (1977), Sorlin despreza a visão da produção artística simplesmente como resultado inevitável entre superestrutura e infra-estrutura, a chamada teoria dos reflexos. Dessa forma, o professor tenta desvincular o cinema de seu caráter artístico, utilizando-o como forma de perceber e entender as mudanças históricas e sociais.
Diferente de Marc Ferro que afirma que “o filme não faz parte do instrumento mental do historiador”, Sorlin acredita que os filmes são documentos essenciais e indispensáveis para o trabalho do historiador e dos cientistas sociais, apesar de reconhecer seu potencial caráter enganoso, portanto, vale lembrar que as obras devem sempre passar por uma rigorosa análise que envolva seu conteúdo, linguagem, estética, temporalidade, aspectos teóricos, ideológicos e sociológicos, obtendo melhor usufruto.
O filme pode ser usado em sala de aula não só de forma didática, mas, também, como documento histórico que retrata determinada visão de determinado grupo sobre um recorte temporal, por isso, uma comparação entre obras de visões diferentes é interessante para promover o debate entre os alunos, aguçando assim o senso crítico.
Além disso, a escassez de filmes que retratem a Antiguidade, utilizá-los como recurso em sala é, estrategicamente, uma forma de tornar as aulas mais atrativas. Contudo, é claro que, isto não deve substituir, de forma alguma, a explicação do professor, nem ser tomado como mais relevante pelos alunos, devendo servir como um complemento, que essencialmente deve fomentar o debate e promover a consciência crítica do aluno.
A exemplo do filme “300” (USA, 2007, 117 min), que pode ser usado para retratar a Grécia Antiga, especialmente Esparta na Batalha de Termópilas, visto que é possível aproveitar a proximidade do aluno com o audiovisual para tratar de assuntos cotidianos e de conteúdos das disciplinas, com foco no ensino da História.
Sendo assim, algumas questões podem ser abordadas a partir da observação do referido filme, como, por exemplo, o Etnocentrismo, já que os espartanos não viam virtude no estrangeiro e tinham sua cultura como a melhor, subjugando as demais; ainda, os persas se portavam da mesma forma, com o entendimento de superioridade, que pode ser exemplificado pela condição de Xerxes como rei-deus.
Não obstante, a questão dos papéis de gênero também pode ser analisada, visto que os homens espartanos eram guerreiros, contudo, suas mulheres eram valorizadas, o que se mostra curioso a seu tempo, pois, os persas revogavam a fala de mulheres entre homens, o que não acontecia em Esparta, pois tinha-se a crença de que só as mulheres espartanas davam a luz a verdadeiros homens e isto era efetivamente respeitado naquela sociedade.
Acerca da educação, pode-se colocar a forte característica militar de Esparta, na qual o grupo social objetivava educar fortes guerreiros, submetidos a adversidades desde os sete anos de idade, a fim de serem preparados para qualquer combate, claro, se conseguissem sobreviver diante destas situações. Cabe lembrar que, ao nascer deformada ou fraca, a criança seria sacrificada, por não atender aos requisitos de Esparta.
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