A VIRGEM, A DAMA E A BURGUESA: Representações e modelos femininos
Por: Hélita Igrez • 16/10/2019 • Resenha • 2.525 Palavras (11 Páginas) • 325 Visualizações
Acadêmicos: Daniele Machado, Hélita Igrez, Mabel Saldanha, Marcelo Daniel
História 4º Semestre
Livro: A Mulher na Idade Média
Capitulo 3 – A VIRGEM, A DAMA E A BURGUESA: Representações e modelos femininos
A introdução do texto vem nos posicionando sobre qual a imagem da mulher na Idade Média e como que essa imagem é descrita. Segundo o autor podemos ver a imagem da mulher nas literaturas e na iconografia que é uma fonte muito rica, geralmente trás a mulher na vida cotidiana, trabalhando no campo, ao lado do homem, dos santos, de joelhos orando, gravida e entre outras mais. A literatura também nos trás essas ricas informações, porem a partir da visão do homem, normalmente religiosos. Nesse capitulo vamos retratar três imagens femininas: VIRGEM, DAMA, BURGUESA.
EVA E O ESTIGMA DO PECADO
Na literatura podemos ver alguns conceitos que o clero tinha sobre a imagem da mulher. O texto nos fornece dois pontos – primeiro da mulher má, o que seria a imagem de Eva, e o segundo a mulher perfeita.
Muitos pensadores não acreditam que Adão e Eva tinham sido criados a partir da imagem e semelhança de Deus, e até nesse ponto vemos uma divergência, o homem é dotado da projeção da criação e a mulher apenas a semelhança divina.
Eva esta ligada ao pecado, e Adão a frequência de Eva que é seduzida por satã, enquanto Eva é a imagem fraca e sensível e o homem visto como inteligente. O homem poderia ser governando apenas pela sabedoria divina, a mulher deveria ser governada pelo homem (corpo deve ser governada pela alma).
Em 1150 e 1170 em uma peça de teatro escrita pela corte de Plantagenetas (corte de uma dinastia) chamada Jeu d’Adam, provavelmente voltado para os nobres da Inglaterra do século XII. A peça é voltada a partir de uma influencia religiosa aristocrática, onde Adão é vassalo de Deus e Eva vassalo de Adão (segunda criação). Na peça satã tenta corromper primeiramente a Adão, sem sucesso então seduz Eva(fraca)e consecutivamente influencia Adão ao pecado o que ocasionou a expulsão do paraíso.
Com sentimento da magoa, rancor Adão culpa Eva, que foi influenciada por satã. Ao final como moral da história Eva se declara culpada, a imagem do homem é de bom vassalo, aquele que resistiu ao mal. Segundo teólogos e moralistas as mulheres levavam os homens para a danação, é a imagem do perigo, da fraqueza, do ser infiel, fútil.
São Jerônimo a mulher é para o uso do prazer não para virtude, isso era conhecido como antifeminina, era uma tradição que surgiu durante a idade Média. Podemos ver essa imagem sendo confirmada na obra “De contemptu feminae” onde o monge que escreve inúmeros vícios da mulher .Toda mulher se alegra ao pensar no pecado e ao pratica-lo.
“Nenhuma é boa, se alguém assim acha
Porque mulher boa é coisa ruim
E quase nada de bom existe nela”
A luxuria era um pecado que sé existe no corpo da mulher (uma mulher bela). Esse tipo de imagem pode ser vista em uma igreja na região de Autum, onde um homem é levado para medir os pecados sendo acompanhada por uma grande imagem de satã, logo mais a frente há imagem de uma mulher abraçada por um segundo satã. Essa cena pode ser vista também no capitel de Vézelay. Em detalhe é que em ambas imagens a mulher esta enrolada em uma serpente. Tais obras procura esclarecer a anciã pelo apetite sexual para a salvação da alma. Na “Obra do diabo” temos a imagem do homem destruída. A mulher é a imagem do mal, da morte, do pecado e a responsável de levar a homem a cometer o pecado.
A VIRGEM MARIA E A REDUÇÃO DO PECADO
Outro ponto de vista dos religiosos, o da mulher-perfeição, esteve intimamente relacionado ao culto da Virgem Maria. A projeção da imagem da Virgem Maria sobre a cristandade foi lenta. No Concílio de Éfeso, em 431, foi proclamada “Mãe de Deus”, em vez da consideração anterior de “Mãe de Cristo”. Ao longo da Alta Idade Média a popularidade de Maria se firmou entre os cristãos. Depois do século XI houve um desenvolvimento assombroso do culto marial.
No século XII celebrou-se o sexo feminino com a “nova Eva”, a mulher símbolo de pureza, da grandeza, da santidade. Foi proposta uma nova posição para a mulher, assim como Eva havia sido responsável pelo pecado original, a Virgem Maria, a “nova Eva”, era a fonte da redenção.
A popularidade do culto marial, depois do século XII, é atestada nos sermões, tratados e poemas escritos em louvor a Virgem. Em meio a profusão de textos relacionados ao seu culto, um tipo merece destaque: as narrativas de milagres.
Trata-se de um tipo de literatura de inspiração religiosa de sentido moral edificante, são textos escritos, na maioria das vezes em língua vulgar e não em latim, com estrutura narrativa simples, mais invariavelmente com final onde reside uma lição de vida, uma mensagem pra quem lia ou ouvia.
A estrutura narrativa desses textos é composta quase que sempre pela ação de três personagens: o sujeito ou beneficiado pelo milagre, o agente do milagre, no caso, a Virgem Maria, e o incitador do milagre, isto é, o diabo. A seqüência narrativa compreende cinco partes:
- Apresenta uma situação inicial, um pacto entre o sujeito e o agente.
- Depois é apresentada uma performance do sujeito, uma descrição de seus hábitos cotidianos.
- O centro da narrativa apresenta uma ruptura da normalidade, um fato extraordinário ocorrido para justificar a intervenção da Virgem.
- A penúltima parte corresponde à intervenção miraculosa.
- Na última parte, o pós-milagre, o narrador apresenta a consequência do milagre, salvação para uns e punição para outros.
A agente do milagre é descrita como a dama por excelência, uma moça bela, pura e grandiosa, cabelos soltos, rosto e corpo adoráveis. Os sujeitos dos milagres são considerados seus servos, e beneficiários da sua proteção, alguns são ricos, um comerciante ou um nobre. Mais em geral, são pobres ou humildes, sendo um peregrino ou um menino. Algumas vezes o narrador indica apenas o sexo, são mulheres ou homens.
Nos textos o núcleo da narrativa compõe-se de transgressões, pecados e calunias envolvendo os protegidos da virgem. O sentido moral proporcionado pela narração dos milagres é relacionado à castidade e a continência sexual, o sentido é bastante moralizante.
Nas narrativas de milagres, o ideal de perfeição é composto pela castidade e virgindade. Mas para alcançar o ideal era necessário que o voto fosse sincero, essa é a grande lição dos milagres, mais do quem puras os religiosos esperavam que as mulheres fossem sinceras. A recusa do prazer não deveria ser encarada como obrigação e sim como um ato de purificação voluntário.
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