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A crise do século XIV

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Por:   •  20/3/2014  •  Artigo  •  425 Palavras (2 Páginas)  •  284 Visualizações

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A Crise do Século XIV

O longo processo de mudanças que a Europa ocidental atravessou entre os séculos XI e XIII encontrou, ao mesmo tempo, um freio e um acelerador na chamada crise do século XIV. Por mais que as técnicas agrícolas se tivessem aperfeiçoado nesse período, permaneciam ainda muito rudimentares para superar o desequilíbrio entre o crescimento geométrico dos habitantes e o crescimento aritmético dos alimentos. Mal nutrida, a população tornava-se vulnerável aos flagelos naturais e as pressões sociais. Uma colheita prejudicada por motivos climáticos, uma epidemia, uma guerra - cada um desses fatores podia desencadear o súbito aumento da mortalidade, que restabelecia o equilíbrio entre o número de habitantes e o volume de alimentos que se podia produzir.

No século XIV, todos esses fatores se fizeram presentes. Entre 1313 e 1317, uma série de más colheitas serviu de estopim. A partir de 1328, disputas dinásticas deram início à Guerra dos Cem Anos. Após inúmeras outras, de caráter local, a Grande Peste Negra (1348) dizimou algo entre um terço e metade da população europeia. Como consequência, a produção diminuiu e desorganizou-se o comércio.

No entanto, essa sucessão de tragédias também criou as condições para novas transformações. A fome conduziu muitos habitantes dos campos para as cidades. Os senhores sem camponeses tiveram de recorrer à contratação de trabalhadores avulsos. Os camponeses sem senhor experimentaram uma liberdade que até então lhes era desconhecida. Os grandes mercadores, enriquecidos com o comércio a longa distância, viram a oportunidade de adquirir terras e, com elas, o prestígio que proporcionava a condição de proprietário. E procuraram aplicar à produção agrícola os mesmos critérios de lucratividade a que se tinham habituado em sua faina mercantil diária.

Grosso modo, a crise do século XIV tornou alguns ricos ainda mais ricos e a maioria dos pobres ainda mais pobres. De um lado, muitas vezes, o desespero conduziu estes últimos às revoltas (as jacqueries, ou seja, o movimento de um jacques, um joão-ninguém). De outro, a concentração da riqueza em um número menor de mãos propiciou novos investimentos. Os requintados tecidos de lã das cidades italianas, por exemplo, foram suplantados por outros mais baratos, como a lã da Inglaterra e o fustão e o linho da Holanda. Novas rotas comerciais foram abertas. Adotaram-se práticas comerciais mais simples e rápidas. As monarquias, em virtude da guerra e das inquietações sociais, fortaleceram-se.

Essa intensificação das atividades econômicas, porém, ficaria tolhida enquanto a Europa não encontrasse novas fontes de suprimento de metais preciosos para servirem de meios de troca que representassem a maior quantidade de riqueza comercializada. Preparou-se, assim, a expansão marítima.

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