A história da América Latina de Edwin Williamson
Por: Lorranny Andrade • 6/12/2016 • Resenha • 4.151 Palavras (17 Páginas) • 1.237 Visualizações
Resenha do capítulo 7 e 8 do Livro A história da América Latina de Edwin Williamson
Lorranny Araújo de Andrade
3º ano, História
A Demanda pela Ordem: Conservadores e Liberais no Século XIX.
O fim da autoridade Real
No século XIX, a monarquia católica hispânica foi substituída pelo republicanismo liberal, sendo adotado em toda parte da América Latina, exceto no Brasil, onde a monarquia foi contida por restrições constitucionais.
Porém, a independência foi instável até meados do século XIX, pois a ideologia política liberalista entrava em contradição, já que pregavam a liberdade, igualdade e fraternidade e a maioria das sociedades era senhoriais, hierárquicas, racialmente divididas e muitas vezes dependente do trabalho escravo.
Uma Classe Dirigente Dividida: Liberais, Conservadores e Caudilhos
Os conservadores da América hispânica lamentavam o fim da monarquia católica e tinham interesse em defender as instituições que haviam sobrevivido à queda do império, queriam preservar a riqueza e a influência da igreja, e todos os aspectos de uma sociedade hierárquica.
Os liberais acreditavam na soberania do povo e no direito individual à propriedade à segurança pessoal e às liberdades de expressão, pensamento, associação e religião. Os poderes do Estado teriam de ser limitados e o governo passaria pela consulta dos cidadãos através de eleições periódicas para instituições representativas. Na esfera econômica, os liberais repudiavam condições para gerar recursos e subscrever as liberdades políticas do indivíduo.
Com o pessimismo de que os políticos liberais usados na França e nos EUA, muitos liberais se afastavam do igualitarismo, e da doutrina do Estado mínimo. Em vez disso, seguiram os reformadores da monarquia Bourbon e defenderam a mudança a partir de cima, através da ação do Estado como vista a promover a educação secular, a abolir os privilégios corporativos e a encorajar o crescimento econômico por meio de subsídios, impostos e incentivos fiscais.
O liberalismo não obteve avanços significativos nesta cultura tradicional de patronos e clientes. Como seria de esperar, a adoção de uma ideologia política resumia-se frequentemente a questões de lealdade familiar ou regional. Em traços gerais, indivíduos e famílias que antes tinham ocupado cargos de influência nos capitais do vice-reino e em cidades onde se estabelecera uma audiência no século XIX, pendiam para o conservadorismo.
O caudilhismo não podia ser considerado um fenômeno, visto que os caudilhos simplesmente encarnavam a cultura política de patronos e clientes no seu estado primitivo. O próprio termo tivera sua origem no tempo da Reconquista da península Ibérica aos mouros, quando um caudilho era o chefe de um grupo de guerreiros que organizava ataques contra o inimigo e que construía para si uma base a partir da qual podia negociar com o rei para obter títulos e terras. O aparecimento dos caudilhos no século XIX, sugere um retorno a condições políticas análogas do século XV. Com efeito, tal como nas décadas que se seguiram à Conquista, a política na América Latina, após a Independência, tornou-se violenta e extremamente fluída, e a razão para que assim fosse era a mesma - a ausência de um Estado sólido com autoridade para regular disputas entre grupos de interesse.
Era uma ideologia que postulava uma visão do destino humano muito diferente da que oferece a monarquia católica; introduzia novos conceitos e valores na arena política e, por isso razão, era capaz de transformar as estruturas da sociedade latino-americana.
Nos anos 40 e 50 do século XIX, a geração que não conheceu a monarquia, adotou um liberalismo mais radical, levando muitos dos patrícios liberais à se juntarem aos conservadores.
Regionalismo e Centralismo
O problema de submeter diferentes regiões a uma autoridade central foi uma preocupação crucial par ao Estado hispânico. Essas tendências centrífugas só se tornaram fortes porque conservadores e liberais não conseguiam chegar a um consenso relativamente à fonte suprema de autoridade legítima nos Estados. O velho problema hispânico de separatismo regional ressurgiu no problema de construir novos Estado-nações e, dentro desses Estados que afetivamente emergiram, na questão do federalismo, por oposição ao centralismo. Uma vez que as regiões eram, na prática, controladas por redes de famílias influentes, a criação de uma autoridade nacional era endemoninhada por inúmeros interesses regionais e invejas oligárquicas.
As disputas mais amargas relativamente a fronteiras nacionais, depois da independência, ocorreram precisamente nas áreas referidas - como os antigos vice-reinos de Nova Granadas e Río de la Plata e do Reino da Guatemala – onde as jurisdições do século XVI haviam sido redesenhadas ou substituídas, em meados e finais do século XVIII, pelos reformadores da monarquia Bourbon, num processo que gerara conflitos de lealdade entre os centros mais recentes e os antigos focos de autoridade.
A desintegração do império Espanhol em Estados-nações ocorreu, assim, onde as jurisdições coloniais tinham sido enfraquecidas pelas reformas da monarquia Bourbon. Mesmo onde os Estados-nações se organizaram facilmente em torno de um capital aceite - como aconteceu no Peru, no México e no Chile – a questão da autonomia regional tornou-se um pomo de discórdia entre federalistas e centralistas. No Federalismo, as elites regionais procuraram, na medida do possível, disfarçar o seu poder oligárquico sob uma forma republicana, sem irem ao ponto de se separar da nação.
Igreja e Estado
Para os liberais, o problema era claro: a Igreja devia ser inteiramente dissociada do Estado, para que todos os cidadãos pudessem aproveitar a igualdade perante a lei, independentemente da sua raça, do seu estatuto ou da sua religião. A enorme riqueza da Igreja, na forma de terras, propriedades e capital provenientes do dízimo e de donativos, era vista pelos liberais como um obstáculo à formação de uma economia moderna de mercado livre. O fato de a Igreja controlar escolar e universidades impedia o Estado de difundir a educação racional, científica e utilitária que os liberais consideravam necessária ao progresso.
A posição dos conservadores, independentemente da questão intrínseca da é, considerava que o valor da Igreja residia no fato de garantir a coesão social – a base sobre a qual se poderia construir uma ordem política estável; a Igreja era, além disso, uma abundante fonte de identidade cultural para um povo heterogêneo e ameaçado de espoliação por parte dos Estados Unidos.
O conflito Igreja-Estado intensificou-se, então, a partir da década de 50, e se os governos republicanos deixaram de reclamar os direitos do Padroado, era porque tencionavam completar a expulsão da Igreja dos assuntos públicos. Na maioria dos países latino-americanos, os liberais empenharam-se em longas e complexas batalhas para despojar o clero dos seus privilégios legais, para arrancar a educação do controle clerical e para expropriar a riqueza da elite eclesiástica. Nessas lutas, a hierarquia da Igreja uniu-se aos conservadores, identificando-se desse modo com as forças da reação e com o passado colonial.
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