AS MEMÓRIAS DE MARC BLOCH
Por: Antonio Costa Silva • 6/10/2018 • Resenha • 783 Palavras (4 Páginas) • 261 Visualizações
AS MEMÓRIAS DE MARC BLOCH SOBRE A GRANDE GUERRA (1914-1918).
YAMASHITA, Jougi Guimarães.
1 - Tema
A construção da memória em situações limite, analisada a partir das memórias de Marc Bloch sobre a Primeira Guerra Mundial.
2 - Tese central
O autor analisa a narrativa pessoal e subjetiva de Marc Bloch sobre a Primeira Guerra Mundial, onde destaca a onda nacionalista que se fez presente em cada nação envolvida, notadamente na França, sua pátria.
Além dos eventos pessoais de M. Bloch (promoções, ferimento e doença), o texto relata em um plano mais amplo a violência do primeiro conflito de massa da história, a dicotomia entre o passado e o presente (uso de novas tecnologias), o código cavalheiresco da guerra (por exemplo, o uso de submarinos). Relata ainda os sentimentos envolvidos, como a necessidade pessoal de se expressar, de se individualizar diante da impessoalidade dos combatentes, de construir uma identidade, a solidariedade que manteve os resquícios de humanidade no front e o ressentimento que restou ao final pela falta de reconhecimento e de gratidão aos combatentes.
Conclui o autor apontando a importância da publicação dos registros de Marc Bloch na recuperação do orgulho nacional ferido após a Segunda Guerra Mundial.
3 - Lógica interna
O autor aborda no texto o caráter subjetivo de sua escrita da escrita de M. Bloch, ao mesmo tempo em que reconhece a importância histórica de suas memórias, uma vez que oferece um panorama da época por alguém que vivenciou os eventos narrados.
É um registro não apenas das angústias pela sobrevivência, mas também da nova mentalidade que surgia na Europa, impulsionadas pelas novidades tecnológicas que feriam o código da guerra e que impunham a modernidade.
O texto destaca a metodologia empregada por Bloch, pois mesmo sendo um trabalho de cunho pessoal nota-se a preocupação de seleção e controle da memória por parte deste, além de seu cuidado em preservar as fontes e delimitar os “buracos” documentais. E atende ainda a dois princípios observados por um historiador: o de não desvincular o documento de seu contexto de produção (apesar da narrativa de sua experiência, única e pessoal, o texto situa Bloch em seu tempo); e o de analisar o passado a partir do presente, o que é, segundo Yerushalmi, “a essência da memória coletiva, um movimento dual de recepção e transmissão”, o que se comprova pela trajetória de Bloch, uma pessoa que transcendeu seu tempo ao entrar para a memória nacional.
4 - Interlocução
O autor cita no texto, em evidente concordância, vários historiadores, como Hobsbawm, Mayer e Eksteins quanto ao novo mundo surgido após a 1ª Guerra; Ferro e Fink sobre a guerra em si, com seu o ineditismo, o patriotismo, o despreparo dos combatentes e as consequências do conflito; Lejeune e Pollak sobre a explosão autobiográfica e a necessidade vivenciada de criar uma identidade; Ginzburg sobre o impacto da guerra na produção literária de Bloch; Yerushalmi quanto a metodologia utilizada por Bloch, que é elemento formador da memória coletiva.
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